No exílio

No exílio Elisa Lispector




Resenhas - No Exílio


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Ingrid_mayara 12/08/2022

Literatura judaica-brasileira
Publicado pela primeira vez em 1948, o romance inicia com a protagonista Lizza saindo de um sanatório, no qual esteve por dezoito meses. No decorrer da narrativa, há um flashback dando início a apresentação dos rumos empreendidos pela família composta de mãe, pai e três filhas. Nesse ínterim, o narrador conta como foi a saída da família Lispector de onde moravam, tentando fugir da violência dos Pogroms (movimento de pessoas que atacavam os judeus).

Após percorrer diversos vilarejos da Europa, Lizza e sua família conseguem chegar ao Brasil, porém, a protagonista continua lembrando-se do trauma vivido em seu local de origem. Chegando ao Brasil, a família escolheu Maceió para fixar-se. Assim, Lizza vai estudar português e frequentava outros cursos para se ambientar à realidade brasileira. Embora a família tivesse mantido alguns costumes judaicos, Lizza não se sente pertencente nem à cultura judaica, nem como uma menina brasileira. Na escola, sofria bullying por ser estrangeira.

A mãe manifesta uma doença progressiva desde que morava na Europa, desse modo, Lizza, que é a irmã mais velha, fica responsável por cuidar da casa e da família. Em sua vida adulta, vivendo no Brasil, a protagonista se vê atormentada por uma depressão. O trauma vivido por Lizza permanece em seus pensamentos, paralisando-a, impedindo que siga sua vida. Consequentemente, ela passa a ter crises de febre à noite, assombrada por lembranças perturbadoras. E assim ela decide ser internada no sanatório.

Trechos favoritos:
“Em meio a tudo isso, a vida dos judeus é que se torna cada vez mais impossível, fazendo-o pagar pelos erros de todos os homens. E o mundo inteiro participa do crime da opressão e da selvageria, com o crime da abstenção e do silêncio.” p. 170.

“Não temos reino, nem poder. Só nos resta clamar para a consciência do mundo, gritar bem alto a nossa dor, para que não nos esqueçam.” p. 194.

site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
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Solange Sólon Borges 31/12/2021

Expatriados: os caminhos da solitária família Lispector
Elisa Lispector, escritora e irmã mais velha de Clarice, narra, em forma de romance, a trajetória e as agruras vividas por sua família, a saída da Ucrânia, a viagem rumo ao desconhecido, o sofrimento. O texto traz as imagens da terra dos Lispector, destruída pela guerrilha, a perseguição anti-semita, a chegada a Maceió e, depois, a mudança para Recife. Segue um trecho: "A caravana investia na noite profunda e imensa. Não havia luar e as trevas pareciam ter a densidade do breu. O silêncio, pesado, impregnado de expectativa e de palavras reprimidas. Não se ouvia, sequer, o coaxar de rã nem espanto de pássaro. Cercados adentro, no morno aconchego dos lares, os homens repousavam da labuta do dia, e a terra, aparentemente inerte, na letargia das energias latentes, continuava a realizar, nas profundezas de suas entranhas, o fecundo milagre da seiva e da vida". Para quem ama a profundidade da linguagem de Clarice Lispector, recomendo a leitura. Elisa indica de onde vem essa sensação de estranhamento e desterro frente à vida. A história dos Lispector traz dicas e os pilares de construção da linguagem literária de uma das nossas maiores escritoras brasileiras, muito traduzida e até hoje uma das mais lidas. Confira a leitura de trecho do livro no link abaixo, do YouTube.

site: https://www.youtube.com/watch?v=DybX4BjB9S0&t=49s
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Pedro Matias 13/05/2021

Um ótimo livro
O livro retrata os acontecimentos da vida de uma criança quando sua família decide emigrar da Ucrânia até sua vida adulta. É escrito pela irmã de Clarice Lispector, uma escritora menos conhecida. Vale a pena a leitura, sobretudo no que tange compreender a perspectiva de vida judaica.
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Vinícius 28/05/2022

AS DORES DO EXÍLIO
? ? Todas as manhãs, o orvalho cai sobre a terra. Todos os dias nasce o sol. As folhas se renovam, as flores vicejam, os frutos amadurecem. Em todas as suas manifestações, a vida se renova constantemente, milagrosamente. E tudo isto ocorre à margem das leis dos homens. Apesar da maldade dos homens.?
(p. 15)
?
Era uma vez, uma família ucraniana que precisou viver o horror do desterro para poder sobreviver. Primeiro, por não fazerem parte da Revolução Russa. Segundo, por serem judeus.

Depois de peregrinarem por povoados em busca de uma terra que lhes concedessem abrigo, um casal e suas três filhas conseguiram encontrar uma terra para chamar de sua. No caso, o Brasil. À princípio, ficaram por Maceió. Anos depois, mudaram-se para o Recife.

Ao chegar no Brasil, todos foram obrigados a mudar seus primeiros nomes. O pai, Pinkhas, passou a se chamar Pedro. Mania, a mãe, Marieta. Leah, Elisa. Ethel, Tânia. E a caçula, Chaya (em hebraico: vida), Clarice. Poderia ser uma família de imigrantes comuns se não fosse por um detalhe fundamental: estamos nos referindo à família de Clarice Lispector.

Poucos sabem que Pedro Lispector não era pai apenas de uma das escritoras mais importantes da Literatura Brasileira, mas, na verdade, é responsável pela vida de TRÊS ESCRITORAS. Tânia Kaufmann foi autora de livros técnicos e até se aventurou pelas searas das narrativas breves, vulgo contos - arte que sua irmã mais nova dominava com brilhantismo. No entanto, os críticos e especialistas PRECISAM discutir a obra de Elisa Lispector, apesar de reconhecida, ainda pouco discutida entre nós - por conta da irmã célebre, provavelmente.

Se Clarice conseguiu fazer de sua Literatura uma das nossas melhores Artes, Elisa também o fez - porém, seguindo uma trilha bem mais tortuosa: a da MEMÓRIA. É resgatando os anseios, os sofrimentos e os relatos de um povo que fazem de ?No Exílio? (1948), um dos livros mais impactantes sobre o assunto. É por meio das ações, das palavras e da fé de Pinkhas e pelo sofrimento da doença de Marim que conseguimos sentir um pouco do que era sobreviver em tempos de ódio e intolerância.

Enquanto assistimos a Ucrânia ser esfacelada todo dia pelos noticiários, vale bastante a leitura do romance mais conhecido de Elisa Lispector. Não só para exercitarmos a tal da empatia por meio de suas palavras autobiográficas, como também para entender a gravidade de certos tipos de conflito que não devem jamais ser repetidos.

Vale a pena conhecer o trabalho de Elisa Lispector, uma escritora completamente diferente da irmã, e com um talento digno de discussões acadêmicas que saiam do óbvio?

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