Lígia Colares 30/01/2017Resenha de O guardião de memóriasO Dr. David Henry é um médico exemplar. Esforçado, sempre atende muito bem seus clientes, humano e sincero, chega a trabalhar muito depois do horário para atender pacientes que não podem pagar a consulta. Também possui uma mulher linda e carinhosa, Norah, com quem tenta construir uma vida simples e feliz. Tudo parece perfeito, principalmente quando ela engravida.
Quando Norah entra em trabalho de parto, David se vê na situação de fazer o parto do próprio filho, uma situação tensa que ele consegue enfrentar com solidez, até perceber que o parto era de gêmeos!
O primeiro menino nasceu saudável, forte e corado, mas a menina nasceu com características de Síndrome de Down… David, traumatizado por uma irmã que morreu jovem por uma doença genética, acaba pedindo para que a enfermeira Caroline leve a criança para um tipo de orfanato, e mente para a esposa dizendo que a menina morreu…
É ai que tudo começa. Caroline não sente coragem de se desfazer tão cruelmente de uma criança tão linda, e decide fugir com a menina e criá-la sem que os verdadeiros pais saibam.
Sim, a história é um drama, e bem diferente do que eu normalmente resenho aqui… Comprei esse livro numa promoção da submarino, pensando em emprestar para minha mãe e minha sogra, já que a história era tão parecida com as novelas da globo… Haha! Se elas gostam da novela, por que nao gostariam do livro? Mas claro, não ia indicar um livro sem lê-lo, não é? E só posso dizer uma coisa: chorei! E se chorei! Haha!
A história, ao contrário do que eu imaginava, não segue os mesmos clichês globais. Não tem intriga entre famílias diferentes, não possui o vilão e o mocinho, não há planos malignos para dominar o mundo nem nada parecido. A história é sobre personagens que fazem escolhas de acordo com o que a vida lhes dá, tentando fazer o melhor possível com as opções que tem, e sofrendo as consequências dos seus atos.
Por conta disso, eu não consegui odiar nenhum personagem! E ao fim da leitura – e muitas lágrimas depois, eu simplesmente admirei todas elas! A força com que enfrentaram as adversidades, as escolhas difíceis que são obrigados a tomar… E como, ao final, se você dá chance à felicidade, ela tende a vir a passos lentos, se instalando aonde você menos imaginava que ela estaria!
Esses três, Norah, David e Caroline são, teoricamente, os personagens principais. O narrador, onisciente, acompanha cada passo da vida dessas três pessoas e como um momento tão curto pôde mudar tanto suas vidas. Mas, com o decorrer dos anos, dois outros personagens aparecem aos poucos, e vão criando personalidade e força: Phoebe e Paul, os irmãos gêmeos. Eles crescem e começam a aparecer na história, e o leitor tem o privilégio de acompanhar esse crescimento, e poder perceber as sutis semelhanças entre esses dois irmãos!
Além disso, todas as barreiras enfrentadas por Caroline e Phoebe em uma sociedade preconceituosa, fazem refletir… Até onde julgamos sem entender o que alguns chamam de doença, e outros chamam de diferença?
Me fez refletir, me fez rir e chorar, e está na minha lista de livros que indicarei para muitas pessoas! Sem erros de português, com uma leitura fluida e fácil, você entra na vida dessas pessoas com grande facilidade, e sai da vida delas com a certeza de que é impossível julgar sem conhecer cada história!