Mika 22/08/2020INSTIGANTE!Pedro Gilga é um arqueólogo que após passar por um evento traumático em seu trabalho, é transferido para uma nova escavação em uma ilha. A Ilha, desconhecida para muitos e interessante para seus habitantes, é envolta em vários mistérios. Um deles é a Floresta da Morte, que compõe boa parte do território da ilha e insiste em matar várias pessoas com suas Explosões. Ninguém sabe ao certo o motivo dessas explosões, e os poucos que se atreveram a entrar na floresta para investigar, nunca voltaram, ou se voltaram, tiveram seus corpos mutilados.
Outro mistério que permeia o lugar é o desaparecimento constante de mulheres. Alguns dizem que elas escaparam de seus maridos agressivos, deixando suas crias, mas nada se pode provar.
Em meio as escavações, Pedro e Eugênia, uma colega de trabalho, irão tentar solucionar esses mistérios. Mas quanto mais tentam descobrir a respeito, menos tempo eles tem. E se eles não tomarem cuidado, suas vidas estarão em jogo.
Solo Raso tem uma narrativa bastante marcante. Em terceira pessoa somos apresentados a todos os personagens que permeiam essa obra. Pedro é um protagonista carismático, mas um pouco mole pro meu gosto. Eugênia é mais audaciosa, mas não tem tanto destaque na trama. Ceolfrido parece mais um velho lunático a princípio e Padre Lucius é quem vai conduzir toda a história da Ilha.
Se tem uma coisa que me chamou atenção foi a narrativa. Sandro escreve maravilhosamente bem. Os capítulos são bastante curtos, apesar de muitos, e mesmo assim somos imersos em suas poucas páginas. Você se sente dentro da ilha, imaginando a história de seus moradores, passeando pelas vilas, tentando entender todo o mistério da trama. A narrativa e o cenário são tão interessantes que eu achava que fosse um lugar real, e fiquei bem surpresa (e um pouco decepcionada) por ser fictício. Mas mesmo assim, é um livro que te prende desde o primeiro capítulo, e que nos instiga a continuar a leitura.
A história é bem corrida e o autor nos entrega toda uma história que incorpora o mistério da ilha. Temos muitas referências a Igreja Católica, à Segunda Guerra Mundial, às Expedições... apesar de vários detalhes, nada é ao acaso e serve justamente para contextualizar toda a trama. Inicialmente parece que nada casa entre si. O que os mistérios tem a ver com o nazismo?? E as explosões que ocorrem no solo? Mas o autor cria uma teia separada, que vai caminhando e se encontra no final.
Mesmo com todas as explicações, que eu achei bem condizente com a trama que o autor criou, não existe nenhuma ponta solta, eu queria que fosse um pouco mais lento, para o leitor poder absorver melhor toda a resolução do mistério. Mas mesmo assim, foi bastante interessante ver aonde essa história iria dar.
Os personagens são legais e como são em terceira pessoa, não nos aprofundamos muito em suas histórias, exceto o Pedro. Mas também não me envolvi tanto com o protagonista, talvez porque eu achei que algumas atitudes não condiziam com o personagem. Mas nem tudo é o que parece, e é por isso que algumas reviravoltas e surpresas irão nos encontrar ao longo do caminho. Alguns detalhes que foram colocados me pareceram pouco trabalhados ou não casaram com o resto da trama, fiquei meio sem entender o que o autor queria fazer com aquilo, e no fim, não teve muita explicação.
A leitura foi super gostosa! Os capítulos curtos e a narrativa fazem a história fluir rapidamente, você termina o livro que nem percebe. Então é uma história bem interessante, com uma riqueza de detalhes impressionante. O livro está disponível no KU. Super recomendo!
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https://www.capitulotreze.com.br/2020/08/solo-raso-sandro-muniz-resenha.html