Em um relato incrível, envolvente e extremamente humano, Schweitzer conta detalhes que vão desde a conturbada viagem para chegar às suas novas instalações na África até o desejo latente de retomar seus serviços quando, após quatro anos e meio exercendo a medicina no continente africano, viu seus recursos acabarem por ocasião da guerra e passou por problemas de saúde.
O cenário local é retratado com o cuidado de quem não só observa, mas vive o contexto. O relato de histórias de pessoas e costumes contornam a narrativa que se constrói a partir das experiências do novo médico em um ambiente tão diferente e precário para o exercício da medicina. Com a ajuda de sua esposa e do enfermeiro Joseph, nativo da região, Schweitzer conseguiu ajudar inúmeros nativos que padeciam de doenças locais ou levadas pelos europeus, realizou operações com sucesso e deu vida nova aos doentes mentais que eram frequentemente tratados como animais, como frisa o próprio autor.
Apesar da falta de recursos e de ajuda que lhe permitissem ampliar o conforto aos pacientes e a si próprio, Schweitzer continuou com seu projeto e pela excelência de seu trabalho foi recompensado com o Prêmio Nobel da Paz em 1952, com a gratidão e confiança dos nativos e com conterrâneos que se tornaram entusiastas de suas inciativas. “O socorro que devemos prodigalizar aos homens da África não nos deve seduzir como uma ‘obra de bem’, e sim como um imperioso dever”, ressalta o autor.
Biografia, Autobiografia, Memórias / Não-ficção