z..... 17/11/2016
Não gostei da Helena representada no cordel. Está apática e apagada, sem o carisma que conquista e transforma com sua simpática presença. Foi seu brilho que impressionou positivamente ao Conselheiro Vale, Estácio, Dona Úrsula, Eugênia, Mendonça e o leitor. O cordelista, porém, não deu maiores atenção à essa individualidade e enfatizou sobretudo o mistério e drama da história, que ficou com ares soturnos e lúgubres, onde Helena é passiva, sem voz e objeto de disputa entre o ciúme de Estácio e paixão de Mendonça.
Acredito que algumas estrofes falando de seu jeito singular e espirituoso, como no episódio em que surpreendeu Estácio por ser uma experiente amazona ou quando conquistou Dona Úrsula por sua dedicação quando a mesma estava doente, vivificariam esse caráter lúgubre no cordel. Nenhuma coisa nem outra foi abordada...
Enfim, na minha visão privilegiou-se o dramalhão com um quê de machismo e conservadorismo e, se foi o aspecto que a obra quis exaltar, não poderia deixar de citar o único e derradeiro beijo do malfadado casal, que se encontra e se despede na morte. Realmente não poderia faltar...