spoiler visualizarMoreno 22/12/2022
56 cicatrizes.
Talvez essa resenha seja mais difícil, pois na exasperação, terminei a saga antes de escrever algo sobre esse livro.
TRÊS ANOS. Eu não gosto e não funciono muito bem com passagens temporais tão grandes. Três anos sem Thorn. Três anos que ele não mandou uma mensagem, não se comunicou com ninguém depois de ter atravessado o ouro da cela. Três anos desde que o bendito passa-espelhos não veio ver a mulher, presa em Anima por conta das benditas Decanas. O livro começa tão desprovido de vida, com Ophelie simplesmente trabalhando em algo sem graça, depois de sair do Polo. Até seu tio-avô aparecer com o postal. Babel. Thorn estava em Babel. Perseguindo Deus. Como Ophelie iria também? Archibald.
Archibald é bisneto da Madre Hildegarde! Descobriu o poder dos Arcadianos que o mesmo tinha e foi salvar Ophelie nas palavras ''eu disse que se não voltasse o Polo viria até você''. Ele leva Ophelie e Roseline de volta, mas antes conhecemos as Rosas dos Ventos. Gaelle e Raposa estavam lá também, com Pamonha, claro, e Victoire. Ophelie conta a eles sobre o encontro com Deus, responsável pela morte da Madre e, quando Archibald pergunta para onde quer ir, Ophelie pede para ser deixada sozinha em Babel. Ela iria atrás de Thorn.
Na cidade, onde muitas coisas são proibidas e a cultura parece asiatica, Ophelie conhece Ambroise, um adolescente cadeirante invertido, disposto a ajuda-la. Também filho de Lazarus. É com Ambroise que ela visita o Memorial de Babel, a torre dividida entre a metade pelo Rasgo, onde coabitam o mundo antigo e o novo. Uma biblioteca centenária, vítima de censura. Lá dentro, ela esbarra em Blasius, o Olfativo azarado. No velho faxineiro também, mas sem contato com ele. E nos livros infantis de E.D., em seguida do encontro, queimados todos. Ou quase?
Após a visita ao Memorial, onde Ophelie, agora sob o nome de Eulalie, descobre o Secretarium, um globo no centro do memorial que contem ''o segredo'', ela decide q quer entrar lá, mas só existe uma forma: ser da Boa Família, escola de arautos dos espíritos familiares. E é lá que ela entra. Conhece Hélène pessoalmente, a espírito familiar inteligente que, mesmo sem memória, parece a mais esclarecida. Em seguida vem os colegas, Elizabeth, a ruiva indiferente, Octavio, filho de Lady Septima, professora e Lorde de LUX - equivalente babeliano as Decanas de anima - e Mediuna, a advinha que invade o corpo de Ophelie. No Boa Família, sozinha e sem pistas sobre Thorn, Ophelie/Eulalie faz a própria investigação sempre que pode, com um mistério de mortes estranhas acontecendo. Mediuna, a Advinha do passado, usa as memórias de Ophelie - como sua própria identidade e a vontade de encontrar Thorn - para chantagea-la e faze-la diminuir na escala de aprendizado para que se torne arauto. Mediuna a faz ir a um bar clandestino dos rebeldes de Babel, comandados pelo Sem-medo-nem-muita-culpa, um homem que descobrimos conhecer a Mdre Hildegard que já esteve naquela cidade, onde leva Blasius junto, após te-lo investigado sobre a morte que aconteceu no Memorial. Ali ela não sabia, mas eles fariam uma amizade tão bonita. No bar, Ophelie diz que tem um homem em sua vida e Blasius, chocado, diz que também tem! Mais tarde, bem mais tarde, descobrimos se tratar do Professor Wolf. Outra vítima das tentativas de assassinato. Wolf era pesquisador e animista em Memorial, estudava sobre as guerras antes do Rasgo, mas começou a ser censurado devido ao Index, uma lei q proibe falar de quaisquer violencias, como guerras, armas e drogas. Wolf estudava - tentava - no Memorial antes do incidente em que algo apareceu a ele em sua pesquisa e o derrubou da escada, fazendo-o machucar o pescoço e se isolar na casa repleta de armas e móveis animados pelo animismo. Ophelie vai nessa casa, encontra esse homem e depois retorna com Octavio junto, agora um garoto de mente aberta as mentiras de Babel. Wolf conta sua versão. Os livros de ED. Pessoas que se aproximam deles, acabam morrendo. Por que? Quem os mata?
Muitas coisas acontecem até Mediuna ser encontrada no banheiro numa crise epilética. Ataque nos nervos pelo que disseram. Ophelie sabia que não era isso. Apesar disso, sua ausencia a coloca dentro do Secretarium, onde ela conhece o autômato Sir. Henry, um lorde de LUX. Ou como a gente conhece, o Thorn. Minha cabeça revirou de tantas formas quando Ophelie disse ter percebido que era ele, buscou seu olhar, qualquer coisa, qualquer reação, mas não houve, nada, nenhuma palavra direta a ela. E quando ele pediu para ve-la sozinha, nada, apenas frustração por Ophelie E MINHA TAMBÉM, depois de três anos nada nada, nenhuma coisa emotiva, nenhuma bronca, nada, só a Ophelie com uma vontade enorme de chorar e Thorn dizendo ''não tem nada a me dizer?''. Foi assim nos outros encontros. Até Thorn cansar e se despedir de Ophelie, a deixando sozinha no Memorial, mas quando ela tenta alcança-lo, ele usa as garras nela. Eu chorei nessa cena com tanta raiva, tanto desprezo. Até eu entender o que aconteceu.
Ophelie e Octavio vão atrás de Wolf num dia e são emboscados pelo Sem-medo-nem-muita-culpa que agride Octavio e tenta humilhar a Ophelie, mas antes que aconteça, Wolf da tiros pra faze-los ganharem tempo, mas um grito no meio da tempestade de areia chama atenção. Sem-medo está morto, com uma expressão de puro horror. Como todas as outras vítimas. É ai que Wolf conta a eles sua versão em que encontrou os livros de E.D. e como último recurso, tem a ideia de ler eles, ler de animista, ler ler. Os livros eram de antes do Rasgo. Impressionados, os jovens vão embora, sabendo que levariam bronca já que passaram a noite fora e estavam em um local onde o líder rebelde morreu. Nesse caminho, Octavio diz que acha que ama Ophelie, mas que mesmo que ela retribuisse, não daria certo, pois ele a acha muito confusa. Octavio não recebe bronca alguma, é dispensado, mas é notável como ele fica contrariado com essa passassão de pano pro que ele fez, já que é obviamente contra as leis de Babel qualquer envolvimento em violencia. Já Ophelie não. Ela é sentenciada a solitária. Na solitária ela não consegue se enxergar no espelho, e concorda com Octavio, ela esta mesmo muito confusa. E ai ela entende: Thorn tentou dar a ela inúmeras chances de dizer o que sentia, o sentimento nunca veio dela, ela nunca demonstrou nada pra ele. E é ai que as visões começam. Visões de Eulalie Deos, ou como conhecemos, Deus. A autora dos livros infantis que falam sobre os espíritos familiares. Autora de um espantalho que protege o orfanato onde Eulalie criou os espiritos familiares. As visões de Ophelie viraram memórias de Eulalie dentro dela, memórias dos espíritos, de um homem mutilado pela guerra e claro, no trabalho de leitora dentro da Boa Familia, ela lia os documentos desse homem que era amigo de Deos e amava os espíritos familiares como seus. É também dentro dessa solitária que Ophelie descobre o segredo do Secretarium. Dentro dele, havia outro globo terrestre do antigo mundo. Dentro desse globo, havia um espelho suspenso no meio. O quarto de Eulalie Deos. É assim que ela descobre quem é aquela mulher e também nota sua semelhança. Eulalie viveu ali, os espíritos foram criados ali.
Quando Ophelie volta ao Boa Família, após a cerimônia de arautos, ao qual ela perde, Ophelie se encontra com Sir Henry com ajuda de Octavio. Ela encontra ele perdido em meio a muitas coisas, procurando as cópias dos livros infantis de E.D., mas antes de qualquer comentário, qualquer menção, Ophelie diz a ele que também o ama. Mas ela vem por trás. Ele se assusta e os derruba no chão e diz que Ophelie deveria dizer aquilo de novo, pois ele não tinha intenção de deixa-la voltar atrás. Ela amava ele e confirmou isso. Ele beijou ela, mais uma vez. Ela não bateu nele. E ai ele explica que não pode chegar no ponto cego dele, pois dps da união de casamento, as garras estão sem controle. Ele nunca quis atacar a Ophelie, ele não sabia que tinha o feito. Ela decidiu nunca contar pra ele.
Depois disso, Ophelie conta a ele sobre as lembranças, sobre o espelho escondido bem ali no segundo globo, e sobre quem é E.D. e também que não precisariam de arquivos, pois Ophelie tinha um exemplar bem ali com ela. Na casa de Ambroise. Onde havia deixado suas coisas que, no dia que conheceu Blasius, no carrinho de livros derrubados, Ophelie pegou sem imaginar um dos livros, o exemplar que faltava que ela foi procurar e ficou presa na caldeira onde queimavam-se os livros, pelos primos de Mediuna que a agrediam de diversas formas. Mas alguém abriu a porta.
Naquela mesma noite, depois da confissão, eles foram a casa de Ambroise e encontraram a bolsa e também, o cachecol, que Ophelie havia perdido no começo do livro e que agora, ela fiel apenas a Ambroise, se negando a ir com Ophelie. Eles encontram o livro, mas também Ambroise e Lazarus. Lazarus trabalha pra Deus, ou Deos, mas não tem intenção de atrapalhar a pesquisa deles e oferece a casa para que eles possam ficar, mas Ophelie diz que vai pegar o lazaruscoptero e Thorn diz algo que Ophelie responde com ''não me subestime'' ''nunca subestimei''. Eu amo eles e a dinâmica que aos poucos se instala. Quando Thorn pega o livro e vai leva-los aos genealogistas, os responsáveis por asilar Thorn e dar a ele a identidade de Sir Henry pra que ajude eles a descobrirem os segredos de Deus, Ophelie decide ficar na casa. Ela decide por ver o assassino. O velho faxineiro do memorial. O espantalho de Eulalie Deos. Era ele quem estava matando as pessoas de horror, para proteger os livros de E.D., como foi criado pra isso e confundiu Ophelie com ela, ela se passa por Eulalie, mas Ambroise a distrai e é o suficiente, ele mataria Ophelie, mas antes que aconteça, ele morre com um tiro na testa, onde ficava a placa de metal com seu código; um tiro do filho de sem-medo.
Ophelie aguarda Thorn na casa e quando ele chega, eles vão para o quarto, onde Thorn completamente sem jeito, diz saber que não é agradável, nem tão bonito. É ai que Ophelie beija as cicatrizes de seu rosto e ele diz ''56. Eu tenho 56 cicatrizes pelo corpo'' ''Me mostre''. Nos bastidores, um desmoronamento.