Ley 20/02/2021Artemis seria um irmão distante de Sheldon young só que mais diabólico?Fiquei curiosa sobre essa história por ter visto, em algum lugar, que havia um filme baseado neste livro. O que eu não sabia, era que esse é apenas o primeiro livro de uma série protagonizada por Artemis Fowl. A série contém oito volumes, e mais dois livros extras (um de arquivo, outro sendo uma graphic novel). Todos eles foram lançados pela editora Record, e agora este primeiro volume está sendo relançado pelo selo da Galera com uma nova arte de capa.
Artemis Fowl é apenas um garoto de doze anos mas também é o vilão da própria história. Ele pode ser melhor classificado como um anti-herói, por ter uma índole questionável e não ser como vilões totalmente maldosos. O personagem tem uma ambição nata, provavelmente herdada de seus antepassados: os Fowls. Sendo uma família rica, toda essa riqueza foi adquirida por meio de negócios a margem da lei, tendo bastante destaque por esses empreendimentos.
O livro é irlandês, sendo destinado ao público juvenil, com uma ótima premissa, o que diferencia das leituras convencionais onde o herói é totalmente bom. Artemis passa uma imagem autoritária, mesmo tendo apenas doze anos. No início compreendemos que ele está no "comando" dos empreendimentos da família devido ao desaparecimento de seu pai e também pela impotência da mãe devido a situação de seu marido.
Para conseguir realizar seu mais novo plano, ele precisará mexer com algo mais inusitado: o Povo das Fadas. Sendo algo fora do comum em livros de ficção científica, foi uma surpresa me deparar personagens de fantasia. As fadas tem um papel riquíssimo na obra e são bem desenvolvidas conforme a história avança.
Para começar, a fada Holly, é uma das mais presentes na história. Ela trabalha como uma agente especial ao que é equivalente para nós com uma polícia especializada em casos específicos. Ela é uma Leprechaun, algo que me encantou ainda mais por trazer uma parte do folclore da Irlanda para o leitor. Nas participações de Holly e outras fadas, pude notar que com a evolução da história, eles também terão papéis relevantes em outros livros.
As Fadas mostram o subterrâneo como seu lar, explicando o motivo para não conviver com humanos. É interessante lermos seus pontos de vista, porque sempre há algo importante a aprender, e constantemente há críticas destinadas à humanidade. Como um povo subterrâneo, é de se imaginar que eles seriam mais mágicos que qualquer outra coisa, mas as Fadas não ficam para trás quando o assunto é tecnologia, tendo um conhecimento superior ao do ser humano, e ainda mesclando seus dons mágicos a favor dos aparatos tecnológicos.
Creio que a fantasia e ficção científica ficarão ainda mais entrelaçadas conforme eles ganham mais espaço na trama. Essa junção me impressionou (como já devem ter notado haha), assim como a inteligência de Artemis. Sua perspicácia para mirabolar planos é admirável. Artemis me surpreendeu por usar sua inteligência para abrir novos horizontes, crendo também no Povo das Fadas, em seguida provando seu argumento.
É comum vermos personagens ditos como inteligentes acreditando somente numa realidade existente, mas Artemis foge desse comum em sua procura pelas fadas, quando quase ninguém conhece sobre elas. O personagem também amadurece ao longo desse livro, e podemos notar isso pelas suas escolhas. Seu apego emocional por seu mordomo e parceiro, é uma espécie de amizade que ajuda o protagonista a melhorar mais.
Para uma introdução aos personagens e ao enredo, esse foi um livro que me cativou e me deixou interessada em continuar a ler. Não foi possível escolher um lado durante a leitura, mas às vezes eu torcia bem mais para Artemis, e em outros momentos, também torcia para Holly e seu Povo. A leitura me deixou dividida, bem como me fez gostar dos personagens.
A forma de narração é em terceira pessoa, com capítulos mais longos, e o narrador conta a história como se fosse uma transcrição de arquivo detalhando as atitudes de Artemis. No final, o epílogo me deixou com uma pulga atrás da orelha sobre por que ele estaria transcrevendo aquilo tudo e o motivo dele não tratar de Artemis com adjetivos melhores, mas isso serviu para eu ficar cheia de suposições.
Artemis se mostra um ótimo protagonista, atraindo seus leitores para dentro de sua mente prodigiosa e ambiciosa. Espero mesmo continuar esses livros. Este primeiro volume tem uma história que termina com um final fechado, mas também deixa vários ganchos para outros livros. Acredito que as próximas obras serão sobre outras aventuras do personagem, colocando seus planos em ação.
site:
https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/12/resenha-artemis-fowl-o-menino-prodigio.html