Sueli 04/05/2014
Amores e Mentiras
A corte do rei Eduardo III, em Westminster, era receptiva e calorosa com os membros da nobreza durante a época de seu reinado. Especialmente, a rainha consorte Filipa de Hainault que sempre foi compreensiva e acolhedora, sendo reconhecida como “A Boa Rainha Filipa”. Eduardo e Filipa, segundo me informei casaram-se por amor, um acontecimento raro nesse período e tiveram 11 filhos! Eles não tinham banda larga! rsrsrsrsr
Contudo, eu já soube de um livro que relata o romance havido entre Eduardo e uma mulher chamada Alice. Esse povo adora uma fofoca, e claro que já comprei o livro para saber todos os detalhes sórdidos desse babado forte.
Portanto é nesse cenário que iremos encontrar nossos protagonistas – Lady Christiana Fitzwaryn e o rico mercador David de Abyndon.
David de Abyndon faz um acordo comercial com Eduardo e, para que o mesmo possa ser mantido em segredo, ambos, Eduardo e David, combinam que o jovem, rico e belo mercador está pagando pelo dote da linda Lady Christiana.
Porém, Christiana está apaixonada pelo jovem Stephen, um nobre da pior qualidade, mas que a ingênua mocinha acredita ser a melhor bolacha do pacote.
Como Christiana e seu irmão Morvan estão sob a proteção de Eduardo III desde que a família Fitzwaryn foi espoliada de seus bens e, de suas terras, que estão localizadas na fronteira com a Escócia, a bela menina não tem outra alternativa que recorrer a David para que este retire o seu pedido de casamento. Já que ela mesma não poderia pedir ao rei que a protegia, pois poderia parecer uma afronta. Lembre-se que aquela gente era toda cheia de lero-lero e não tolerava mi, mi, mi de seus súditos.
É claro que o pedido não é retirado. Não apenas por causa do acordo comercial entre o mercador e o rei, mas principalmente porque David fica maravilhado com Christiana. Grande novidade, não é mesmo? Rsrsrsr
Mas, nada é como parece ser, e como conversa de mercador é assunto muito perigoso, esse jogo tem tudo para não acabar no zero a zero, para encanto e deleite de todos nós.
O conflito inicial é bem clichê, mas o que me fez ficar encantada com esse livro foi a técnica encontrada por Hunter para inserir personagens históricos nesta trama intensa e bem elaborada. Mas, não pense que ela dá mole, viu? Você terá que pesquisar bastante, caso você seja como eu – absolutamente ignorante em história medieval.
Pois é, felizmente eu percebi bem rapidamente que reconhecia alguns nomes da corte de Eduardo III e Filipa, e partir para o ataque. Sabe, eu gosto de ter a noção exata do vestuário, dos acontecimentos principais, enfim, quero saber tudo sobre o lugar e a época onde os personagens estão inseridos. E, a menos que eu esteja muito enganada, os acontecimentos relatados nesse romance foram em torno de 1347. Estamos nós, os leitores, e todos os personagens, atravessando a Baixa Idade Média, mais precisamente, a chamada Idade das Trevas. Dá um medinho....
Em 1347 foi o começo da Guerra dos Cem Anos, que na verdade durou até mais que isso. Mas que gente para gostar de guerrear, não é mesmo? Credo! E, grande parte da ação do livro está relacionada com a movimentação de tropas e a manutenção do comércio entre estes dois países – Inglaterra e França.
Sem contar que um terço da população europeia morreu da chamada Peste Negra, entre os anos 1347 e 1350. Acho que vocês entenderão que apesar de adorar ler livros históricos, em momento nenhum eu gostaria de ter vivido em outra época que a atual, mesmo com todos os perrengues...
Eu li sobre um cenário rico e aterrorizante em que nossos protagonistas vivem, e sobre os fatos históricos em que ambos estão mergulhados, e essa leitura rica e interessante se tornou possível porque Hunter vai jogando pequenas iscas que me foram impossíveis de ser ignoradas. Tomara que você goste tanto quanto eu.
Como sempre uma capa belíssima e uma revisão meia-boca dessa edição portuguesa, traduzida por Ana Nereu, que não trocou nenhuma vez o título dos nobres desse romance.