Claire Scorzi 11/07/2011
Fantasias de um Mestre da Sutileza
Henry James explorando o universo fantástico. Aqui, fantasmas e ambientes oníricos são tratados com a sutileza e a elusão habituais do autor.
Em "Os amigos dos amigos", a história de um amor que permanece no plano do ideal - um homem e uma mulher que jamais se encontram, só ouvem falar um do outro por terceiros - temos uma das mais curiosas tramas românticas que vai gerando perguntas mal acabamos sua leitura (é possível amar alguém que não se conhece? será este afinal o único 'amor' perfeito, aquele que não se concretiza? E, e...?). O conto também é uma amostra da forma enviesada como James decide mostrar algumas coisas; no caso, a paixão, mostrada obliquamente de modo a não comprometer o estilo contido do escritor.
Em "O bom e velho lugar" mostra outro tema no gênero, o do artista cuja fama o está exaurindo; ele atingiu o sucesso, mas, e então? Poderá o artista sobreviver a ele? (tragicomico, na verdade). O aspecto de fantasia advém da 'solução' apresentada por James.
Já "A Bela Esquina" explora várias possibilidades: ecos (possíveis) de "O Médico e o Monstro", de pesadelo e sonho, numa prosa densa, pesada, que carrega na descrição narrativa enquanto vai preparando - sugestões, quase sustos, demoras, esperas, terrores que mal podem ser articulados; o conto desafia até hoje especialistas, que opinam de um extremo a outro sobre o que teria visto o protagonista- e o que teria acontecido realmente a ele.