Dri Ornellas 28/07/2010O livro Amores incertos, de Roberta Polito, é um livro maduro, um vislumbre de delicadeza. O livro traz Marina como protagonista, intercalando sua narração com a de uma namorada antiga de seu marido. Marina é uma psicóloga especializada em arteterapia, é casada com Eduardo com quem tem uma boa relação, porém com algumas questões abertas do passado. Ela vai à Itália fazer um curso de artes, onde seu professor Luca, acaba se mostrando interessado por ela.
Ao misturar a história de Marina com a da antiga namorada de seu marido, surge um emaranhado de situações que parecem estranhas no primeiro momento, mas aos poucos vamos entendendo os acontecimentos e, quando a história chega ao seu desenrolar, percebemos o caminho que foi traçado para que os personagens chegassem aos seus sentimentos e tomassem suas decisões finais.
Marina é uma mulher madura, com uma profissão definida, na qual tem perspectivas de crescimento, um casamento feliz mas que tem suas escaras, um filho perfeito mas que tem seus momentos difíceis, ou seja, Marina é uma mulher normal, completamente normal. Quando um fato do passado ressurge, acompanhamos suas reflexões, tentando entender os acontecimentos, seus próprios sentimentos e sobre qual decisão tomar. Mas apesar das pequenas decisões que estão ao seu alcance, Marina não é capaz de determinar seu caminho, pois eventos que ela não pode escolher influem em seus relacionamentos. Acredito que essa seja a grande questão que o livro apresenta: apesar de tudo, não podemos controlar o que nos acontece, estamos sempre à merce da interligação dos fatos das nossas vidas com a de outras pessoas.
O livro também traz um outro lado, um lado menos compreensível e cheio de loucura, mostrando que uma pessoa pode ficar totalmente sem domínio de si e, como uma espécie de fuga, construir um mundo perfeito e fazer o que for possível para tornar o mundo real igual ao seu mundo imaginário.
A leitura me fez lembrar de dois filmes que se assemelham em alguns pontos com a história contada: Paixão à flor da pele (um dos meus preferidos) e Bem me quer, mal me quer.
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