A estrangeira

A estrangeira Claudia Durastanti
Claudia Durastanti
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Resenhas -


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Duda Mesquita 12/01/2022

A Estrangeira: se apaixonar por se perder
Esse não é um livro em que grandes coisas acontecem. Não é um livro que você lê esperando a grande descoberta no fim. É um livro que você vai lendo, e segue lendo, e vive, e sente. No começo, é uma sensação de estar perdido, desconectado, tentando acompanhar o que acontece sem nunca conseguir. E então percebi que a narrativa tem esse ritmo justamente porque esse é o ritmo da vida da personagem principal: filha ouvinte de pais surdos oralizados, que se mudou inúmeras vezes, estrangeira dentro e fora de casa.
megerabovary 27/02/2022minha estante
Bem isso que estou sentindo. Ótima resenha! ?




Luana 30/01/2021

Um passeio incrível entre a ficção e a autobiografia. Claudia Durastanti faz uma análise profunda da sua vida de uma forma cativante e profunda, buscando entender todo o impacto das mudanças e diferenças da sua família na sua formação como pessoa.

A primeira impressão ao pegar a obra é que vamos querer descobrir o que é real e o que é ficção, mas no fim isso é o que menos importa. Esse livro é uma viagem em cada aspecto que impacta uma vida, com todas as críticas, injustiças e culpas.

Claudia é filha de pais surdos que nunca tiveram uma família que soubesse lidar com esse fato e passa a vida tentando encontrar sua identidade em meio às emigrações da família italiana, sem entender onde encaixar suas raízes. Prepare-se para encontrar memórias intensas e um texto fluido onde a autora transita por diversos mundo, trazendo reflexões que muitas vezes são difíceis de engolir.

Essa é uma leitura que na verdade é um processo de observação.
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Elane.Medeiross 09/02/2023

Obra interessantíssima, senti muita nostalgia. Trouxe uma narrativa de acontecimentos que prendeu do começo ao fim e gerou reflexões.
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Pri 22/08/2021

Pertencimento
Este livro de Claudia Durastanti me fez questionar muito o que envolve “pertencer”. O que será que significa? Clarice, na crônica intitulada “Pertencer”, fala que:
“Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de modo algum devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei essa fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
[…]
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte.”
(LISPECTOR, Clarice. Pertencer. In: Todas as Crônicas, p. 115)
Acredito que nesta crônica Clarice desvela o que é querer ser de alguém e não estar em solidão, além de escancarar que tal desejo é primitivo e natural. O desejo de pertencimento faz parte da vida e não é fraqueza senti-lo. Pertencimento é o principal tema deste livro de memórias da Claudia Durastanti, um livro de autoficção — apesar de ser chamado de romance italiano — pois há uma tênue linha entre autobiografia e ficção. Ele foi dividido em 6 capítulos que abordam a história de sua família italiana que vivia entre a Itália e os EUA desde a década de 60, suas mudanças e deslocamentos, viagens anuais para o Brooklyn, questões de saúde principalmente de seus pais, trabalho e a relação com o dinheiro, e, por fim, o amor. Como enxergar-se integrante de uma comunidade?
A protagonista é filha de pais surdos, o que tornou a sua vida permeada de silêncios e ruídos que a marcaram profundamente.
“Não sei que substância existe nos meus pais: só sei que eu não a tenho em mim. Conquistei e perdi toda a vantagem com a linguagem, trocando uma palavra por outra, persuadindo o interlocutor com a retórica dos meus sentimentos, e meu silêncio jamais é funesto. Não possuo a inspiração demoníaca deles.”
Ela aborda o que é sentir-se estrangeira na própria família (pela questão da linguagem, da língua e da comunicação, sempre prejudicada), em diferentes países que morou e também em relacionamentos amorosos. Aquela sensação incômoda de nunca se adequar. Nos EUA, ela era italiana, no seu bairro da Itália (Basilicata) ela era vista como americana e em Londres ela tinha dupla nacionalidade e nem sabia explicar direito quem era (Na Inglaterra após o Brexit ela também se tornou uma estrangeira).
Mas o livro explora mais do que o entender-se estrangeiro pela mudança física de territórios, pois alcança um sentimento de desencaixe e de inadaptação como sintoma psicológico também… Aliás, a narradora explora bem todos os problemas mentais dos personagens, que ultrapassam a deficiência, inclusive os próprios problemas psicológicos que foram diagnosticados em sua vida adulta.
“Em treze anos de terapia, sempre estive na zona ambígua entre uma possível morte e uma vida não completamente plena, como tantos, talvez como todos. Houve um período em que, dos dez traços de personalidade borderline, eu tinha oito.”
Com pais artistas, anarquistas, punks, selvagens, que não entendiam metáforas nem ficções e que viviam um relacionamento deveras complicado e abusivo, às vezes ela só se sentia acolhida pelo irmão, e tentava se reconhecer nele, apesar de as percepções de um e outro serem diferentes. Ele teria sido o seu primeiro espelho. Só ele conseguia compreender a delicada relação que tinham com os pais, que, apesar de surdos, não tinham nada de coitadinhos! Ela deixa isso muito claro.Inclusive, questiona as representações de pessoas com deficiências na literatura. Talvez a história dos pais no início do livro seja o ponto alto do livro, no capítulo Família:
“[…] qualquer coisa que seja tocada por meus pais se adequa à sua decadência, são um rei e uma rainha taumaturgos que, em vez de curar os feridos ou fazer milagres, convencem qualquer criatura na presença deles a se desarticular e abandonar-se à própria possível loucura.”
[…]
“Eu sentia falta da minha mãe quando ela desaparecia, mas ela era uma nebulosa, e meu pai uma galáxia negra que neutralizava qualquer teoria física: meu irmão foi a primeira matéria ao redor da qual pude me adensar.”
Há muito conteúdo da cultura pop, muitas referências dos anos 80, 90 e 2000, como músicas, filmes e livros que a marcaram. Ela também aborda temas espinhosos, como o capacitismo, a aids, diferenças de classes sociais e meritocracia, por exemplo.
Em determinado capítulo, a narradora chama a atenção para algo que eu nunca havia pensado: o problema com as legendas de filmes. Por que elas não podem ser mais claras, específicas? Algumas pessoas perdem muito pela falta de descrição da intensidade da fala, sotaques, por exemplo. Ela se pergunta “como é possível sussurrar com letras maiúculas? E como explico isso para a minha mãe?”. São questóes que ela observa ao levar a mãe surda ao cinema.
Durante a leitura eu me perguntei o tempo todo o porquê da minha identificação com a protagonista, quando minha história não envolve deslocamento, mas sim raízes fortes, tendo em vista que nunca saí de onde nasci, nem do casulo e da proteção da família.
“A história de uma família se parece mais com um mapa topográfico do que com um romance, e uma biografia é a soma de todas as eras geológicas que você atravessou.
Escrever-se a si mesma significa lembrar que você nasceu com raiva e que foi um despejo de lava denso e contínuo, antes que sua crosta endurecesse e rachasse para deixar aflorar uma espécie de amor, ou que a força inútil do perdão viesse polir e achatar qualquer formação de um vale em você. Reler-se a si mesma significa inventar aquilo pelo que você passou, detectar cada estrato de que está composta: os cristais de júbilo ou de solidão no fundo, as consequências de uma lembrança que evaporou, tudo o que foi escavado e depois inundado, apenas para se dar conta de que não é verdade que o tempo cura — há uma fratura que jamais será preenchida.”
Ao final da leitura compreendi que a minha conexão com essa narradora veio do modo de narrar, da escrita fluida, das referências culturais (talvez por termos pouca diferença de idade). Também porque ela parece escrever para não se esquecer e para se salvar, mesmo que eu saiba que é impossível alguém se salvar pela escrita. Eu sempre me envolvo com quem se inscreve por meio de suas reminiscências, escrevendo-se e aos seus. Autoficção deve ser meu gênero favorito, apesar do fadado fracasso da linguagem, tendo em vista a “dupla falta” que nasce com a obra literária, como bem explica Leyla Perrone-Moisés, pois há uma “falta sentida no mundo, que se pretende suprir pela linguagem”, mas ela própria é sentida em seguida com a falta. Ler “A estrangeira” é sentir no âmago essas duas faltas, a experimentada no mundo real e a no mundo representado por meio das palavras. Quem não se sente um pouco estranho na própria pele?

site: instagram.com/pri_calado
Thais645 22/08/2021minha estante
Excelente resenha. Eu já estava de olho nesse livro por conta da capa, agora a história é que me chama a atenção. Parece ser um livro muito bom, de fato.




@buenos_livros 07/09/2021

A Estrangeira - Claudia Durastanti ??/ ??
?Não herdei um pensamento político da minha família: o que herdei, ao contrário, foi uma mistura de aspirações, vitimismo, cabala, acídia e raiva, que podem assumir qualquer orientação ideológica conveniente e à disposição.?
-
. A Estrangeira (2019)
. Claudia Durastanti ??/ ??
. Tradução: Francesca Cricelli
. Autobiografia | 256p.
@todavialivros
-
. Uma leitura muito esquisita. A vida da autora, sua família disfuncional e histórias aleatórias, são permeadas de reflexões e digressões sobre temas diversos, porém invariavelmente retornaram à questões mal resolvidas e traumas familiares. Achei confuso e sinceramente ainda não entendi o que a história propõe, me pareceu um grande desabafo que não valeu o tempo investido.
. ????
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@wesleisalgado 19/11/2023

O mais interessante da narrativa é enxurrada de referências a livros, filmes, músicas e sérias que a escritora coloca em sua história. Pareciam inseridas por mim em alguns momentos.

De Twin Peaks a Stephen King, álbuns do REM, o Podereso Chefão, River Phoexie e Conta Comigo (filme da vida), a história mesclando ficção e realidade é contada em quatro partes e não segue necessariamente uma linha temporal , indo e voltando a todo momento no tempo e te fazendo pensar o que ali era real e o que foi inventado. Até ouvi um podcast sobre mas tirando os pais surdo a autora não diz mais o que foi real ou não.

Vai ser o livro que eu vou lembrar pra sempre como tento referenciado a TRILOGIA DO DEPOIS, filmes da minha vida.
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annikav.a 25/08/2023

Não há cura para o amor
A frase-título dessa resenha, dita por um amigo de Claudia num contexto horrível - por ele se tratar de um stalker que não larga do pé da ex - resume abstratamente esse livro, que, em si próprio, é desconfortável de ler, todavia é bem escrito, rico em analogias e odes. Na minha opinião, a melhor forma de aproveitá-lo é ler aos poucos, intercalando-o a outro(s) livro(s), isso por dois motivos: é um livro sem plot- são reminiscências desordenadas, que podem ser bem cansativas- e a total imersão nele pode te deixar com uma impressão péssima sobre o mundo e a vida. No geral, recomendo pelas reflexões que nomeiam a obra - sobre ser estrangeira, tanto no sentido literal quanto no figurado - e sobre classes sociais, a violência e o amor, a experiência de crescer mulher. Mas, por outro lado, não me sinto confiante para julgar a representação das pessoas portadoras de deficiência- afinal é um livro autobiográfico, não existe para satisfazer nossas expectativas - muito menos o tratamento das pessoas racializadas. Procurei, em vão, resenhas mais qualificadas especificamente em relação a isso.
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amandaox 13/07/2023

Eu tenho dificuldade com narrativas assim, o fluxo de pensamentos me perde o tempo todo e acabo me desligando bastante da história. Lá pro final acho que fui me acostumando e as reflexões são bem mais interessantes, ainda assim, foi um livro difícil
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Godoyla 06/01/2022

A estrangeira, de Cláudia Durastanti
É um livro muito inteligente, que pensa as situações e os sentimentos de forma muito única. Mas sinto que para senti-lo não sua totalidade, me falta ter vivido algumas das experiências descritas na história. Ainda assim, uma ótima leitura.
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Sarah 06/02/2022

Quanta informação cabe em uma parágrafo?
Terminei de ler A Estrangeira com um certo alívio, principalmente de ter passado pela agitação dos 3 primeiros capítulos onde a árvore genealógica de Claudia é descrita com bastante detalhamento.
No começo eu percebi que o livro era diferente do que esperava, justamente por estar sempre descrevendo os personagens da vida da autora e suas histórias. Eu, muito presunçosa, esperava que ela falasse de si e sua visão sobre os eventos de uma vida de migrante com pais portadores de uma deficiência.
O livro seguiu por esse caminho, bem mais descritivo, onde ela conta sua infância, suas lembranças do ir e vir entre EUA e Itália.
O grande ápice, onde o livro me tocou, se dá a partir do capítulo em que Claudia fala sobre Saúde, não pude deixar de me identificar com muitas colocações no capítulo Trabalho e Dinheiro, foi em sua descrição da vida adulta que me identifiquei mais com a narradora e onde a leitura fluiu melhor.
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Bruna 27/02/2023

Uma torrente de sentimentos, pessoas e lugares
Esse livro é uma experiência. A estrangeira é essa protagonista que tem pais surdos, e que já se vê obrigada a transitar entre dois mundos completamente diferentes para estar em contato com os pais e com o resto do mundo ao seu redor. Achei muito interessante as observações sensíveis que a protagonista faz sobre seus sentimentos não só sobre ter pais deficientes, mas como o mundo lida com isso.

Além de transitar entre essas duas realidades linguísticas, ela também está sempre cruzando fronteiras, já que parte da sua família imigrou da Itália para os EUA. Isso faz com que ela se sinta uma estrangeira em todos os lugares, sinto que ela nunca teve o sentimento de ?fincar raízes? em nenhum lugar. Aquele estereótipo da família super tradicional italiana que faz macarrão caseiro não existe por aqui.

E o que eu mais adorei foi que o livro aborda o tema da surdez dos pais e traz o ponto de vista da personagem sobre isso, além dela mesma abordar a sua história com uma sensibilidade inigualável. É uma verdadeira torrente de pensamentos, de familiares, desconhecidos, sentimentos e lugares. Realmente me lembrou muito a escrita da Ginzburg com uma pegada mais contemporânea.

Me emocionei diversas vezes, tive que marcar tantas páginas porque são incríveis suas observações, pontos de vista e comentários acerca do seu mundo e dos outros. Vale MUITO a leitura! Eu amei.
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Marina 17/07/2022

É abstrato!
Assim como a mãe da autora define algo belo como abstrato, o livro também é belo e abstrato.

A narrativa, através de memórias e relatos, vai desenhando a vida e os pensamentos da personagem. Em diversos momentos nos perdemos em seu vai e vem, mas tá bem nos encontramos em seus sentimentos e reflexões.

É um livro para ser degustado, devagar e sem pressa. E é também, um livro que demora para se concretizar em seu leitor. Um livro abstrato - entenda como quiser.
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DaniM 02/12/2022

A estrangeira
Num ano em que li muito menos do que gostaria, esse livro se destacou como um dos melhores. Fiquei muito confusa no início, porque o fluxo do pensamento da autora ? e´ um romance autobiográfico ? te coloca pra girar em alta velocidade. A cronologia é confusa, passado e presente se misturam e a franqueza dela com relação à sua própria família é incômoda. Mas só no comecinho. É como se vc precisasse desse baque inicial pra ser autorizado a acompanhar a vida de Durastanti e ter o privilégio de usufruir de sua escrita. Uma surpresa esse livro, daquelas não mto frequentes, mas com certeza arrebatadoras.
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Helen 04/01/2023

A Stranger
Com certeza um dos queridos da vida, uma estranha, uma estrangeira no mundo.
quantas vezes mesmo sem ter vivido aquela situação especifica a autora me fez sentir uma nostalgia de sentimento, fomos companheiras pela sua história.
Mas essa história é real?
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