Fernanda631 05/07/2023
Sushi
Sushi foi escrito por Marian Keyes e com data de publicação em 2000.
Sushi é a história de três mulheres, vivendo em uma mesma cidade e que estão em busca da felicidade. E como esse sentimento pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. O livro é bem extenso, e com três protagonistas, muitos personagens e várias histórias paralelas. A personalidade de cada um é bem marcada, mas a confusão de tramas e nome confunde um pouquinho.
Lisa Edwards, a durona e sofisticada editora de revistas, acha que sua vida acabou, quando descobre que seu novo emprego “fabuloso” não passa de uma ordem de deportação para a Irlanda, com a missão de lançar a revista Garota.
Lisa é uma workaholic, não tem palavra que a defina melhor, e como boa workaholic que é, perdeu a melhor pessoa de sua vida – Oliver, seu (ex)marido – por trabalhar demais. Quando ao invés de ser promovida para uma famosa revista de New York ela é mandada a Dublin – Irlanda – para começar a revista Garota do zero ela surta. Sempre venenosa, ela sai de Londres sem amigos e sem marido, se sentindo fracassada e infeliz.
Sempre deslumbrante e charmosa, ela descobre que a vida é muito mais do que poder e beleza. Confesso que minha antipatia com ela foi instantânea, mas no decorrer do livro foi impossível não me sensibilizar com ela e torcer para que as coisas se arrumem com Oliver.
, que está alcançando cargos cada vez mais importantes – e estressante - no mercado. Uma coisa que aprendemos com ela é... será que vale tudo para chegar ao sucesso?!
Ashling Kennedy, a editora assistente da Garota, também tem seus problemas. É a Rainha da Ansiedade, e não é de hoje que sente que algo não está cem por cento na sua vida. E não só porque o que lhe sobra são bolsas, falta em cintura e namorado – mas porque, no fundo, no fundo, falta algo mais, como aquele pontinho minúsculo que fica na tela quando a gente desliga a TV à noite.
Ashling é uma típica irlandesa, cheia de “coisas da sorte” e superstições – que no transcorrer do livro você descobre que são mais do que simples superstições. Ela é o elo de todos os núcleos do livro, é o braço direito de Lisa dentro da edição da Garota e a melhor amiga e Clodagh. No início eu gostei muito dela, toda a sua confusão com os rapazes e a sua estranha relação a família, que depois minha relação com ela é de indecisão, parcialmente gostei e parcialmente desgostei. A personagem dela trás uma mensagem importante, sobre uma doença que afeta muitas pessoas atualmente sem que elas nem saibam – e que obviamente eu não contarei para vocês -; e a superação dela depois de um momento difícil, o final digno e até emocionante que ela teve, podem tocar muitas pessoas.
Conhecida como “Princesa”, a vida sempre deu a Clodagh tudo que queria (e por que haveria de ser diferente, quando se é a garota mais bonita da turma?). Ao lado de seu príncipe e dois filhinhos encantadores, ela vive um conto de fadas doméstico em seu castelo. Mas então, nos últimos tempos anda sentindo vontade de ter uma vida mais animada, e sua atual vida é desanimadora e parada.
Clodagh tem uma ótima vida. Um marido maravilhoso, dois filhos danados lindos, uma boa casa, e sem novidade como é esperado, ela se sentia infeliz com a vida que levava... Narcisista, egocêntrica, egoísta, ela só reconheceu a sorte que tinha, quando estava na pior. E a mensagem dela é essa: valorize aquilo que é seu! A virada que Dylan – seu marido - dá por causa das atitudes dela é bem típico dos homens; confesso que esperava bem mais dele. Eu cheguei a pensar que ela poderia começar a trabalhar na Garota para agitar um pouco a vida de Lisa e Ashling, mas não aconteceu, e me pego pensando que as coisas teriam um rumo bem diferente se tivesse acontecido.
Agora alguns coadjuvantes, o que eu mais gostei foi o Boo. Ele é legal, e é tão triste a realidade dele, torci por ele a todo instante, mas é triste pensar que na vida real ninguém na situação dele teria a oportunidade que ele teve.
“Sushi” é um livro sobre a busca da felicidade. E ensina que, quando você deixa as coisas ferverem sob a superfície por tempo demais, cedo ou tarde elas acabam transbordando. Perspicaz, engraçado e humano.
As três estão em busca de equilíbrio e suas histórias se esbarram em vários pontos do caminho até que esse objetivo possa ser (ou não) alcançado. A leitura é leve e bem-humorada, marcas registradas de Keyes, mas tem boas doses de drama.