A ilha de Arturo

A ilha de Arturo Elsa Morante




Resenhas - A Ilha de Arturo


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Carol 08/06/2020

Impressões da Carol
Lido: A ilha de Arturo - Memórias de um garoto {1957}
Autora: Elsa Morante {Itália, 1912-1985}
Tradução: Roberta Barni
Editora: Carambaia
384p.

A ilha de Prócida, pertencente à Nápoles, é todo o universo desse romance que rendeu o Prêmio Strega a Elsa Morante. Não por coincidência, uma das influências literárias de Elena Ferrante e sua tetralogia Napolitana.

Isolados, nesta Ilha, vivem Arturo e sua cadela Immacolatella. Órfão de mãe, morta no parto e filho do errático Wilhelm Gerace, que vive de partidas, Arturo cresce obcecado por esse pai, um herói, em seu código moral de criança solitária e leitora de livros de cavalaria. Prócida para Arturo é um reino, anárquico.

As descrições da ilha são vívidas. O mar, as rochas, as ruas íngremes, as casas dos pescadores. A penitenciária, local de homens proscritos, localizada no topo da ilha, a observar seus acontecimentos.

E, por fim, a Casa dei Giaglioni, onde mora Arturo. A mansão, em ruínas, herdada por seu pai do misógino Romeo, o Amalfitano, chega a ter ares de personagem e é uma das chaves da trama.

A ausência desse pai e sua idealização pelo menino é o fio condutor do romance. Quando Wilhelm retorna à ilha, casado com a jovem Nunziatta, dois anos mais velha que Arturo, o adolescente começa, enfim, a enxergar as rachaduras na imagem que criou do pai, um homem de vida dupla.

Tem-se um romance de opostos. Prócida é uma ilha, ao mesmo tempo, é o mundo de Arturo. A liberdade em que o menino cresce é também sua prisão. Instigado a ser misógino e indiferente aos outros, Arturo tem sentimentos de afeto, os quais não consegue traduzir.? A ilha é um útero, no qual Arturo deseja se manter ligado e, ainda assim, precisa escapar para que amadureça.

"A ilha de Arturo" é um belo romance. Sem tanta reviravolta, vai agradar aos leitores de tramas mais psicológicas, de construção de personagens. Acredito que o livro levanta muitos pontos para debate, especialmente quanto à relação edipiana entre pai-filho e a figura de Wilhelm Gerace.
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Pandora 21/12/2020

Esta narrativa é basicamente sobre solidão. E como a solidão nos torna dependentes do outro pelo simples fato de que ele representa um alento numa vida sem perspectivas.

Primeiro o Amalfitano, que solitário e cego em sua velhice se apega à Wilhelm; e o jovem Wilhelm, que crescera renegado pelo pai, mesmo sem querer reconhecer, se apega ao Amalfitano; Arturo, que se apega à imagem idealizada de Wilhelm para suprir sua solidão; e Nunziata, que se apega à Arturo porque só sabe viver em família.

Arturo vive na ilha de Procida num palacete decadente conhecido como Casa dei Guaglioni, que seu pai herdou de um rico e misógino despachante conhecido como Almafitano e que o tinha como um filho. A mãe de Arturo morrera no parto e o pai, só dezenove anos mais velho que o filho, estava quase sempre ausente, em viagens misteriosas de durações irregulares sobre as quais nunca comentava.

Solitário - já que o pai sempre evitara contato com os moradores da ilha -, o garoto vive sem regras, dando longos passeios que duram o dia todo, lendo e relendo os livros velhos que haviam sido deixados na casa pelo antigo morador e seus visitantes e sonhando com o dia em que poderá desbravar o mundo ao lado do pai.

Ele tem uma idolatria incondicional à figura paterna e a iguala à perfeição. Para ele o pai é uma espécie de deus irretocável, lindo por fora e virtuoso por dentro que plana sobre todos os mortais, em especial sobre os ordinários habitantes da ilha, que despreza.

Um dia, o pai anuncia que irá se casar e traz para casa uma napolitana pouco mais velha que Arturo, doce, submissa e religiosa, que suscita no garoto sentimentos totalmente conflitantes.

Narrativas reflexivas me atraem bastante, bem como romances de formação. As dúvidas, as mudanças de comportamento e os combates internos que acompanham o crescimento de um ser humano são muito interessantes. Neste sentido, o livro de Elsa Morante é muito rico. Por outro lado a ilha - em seus encantos e detalhes, vista por Arturo com tanta poesia - parece ela mesma um personagem vibrante e encantador.

Porém, para mim, apesar de ser um bom livro, bem escrito, às vezes os diálogos são um pouco maçantes, como quando Arturo discorre sobre os seus fantásticos planos de viagem à madrasta ou, mais pro fim, quando ele caminha pela ilha seguindo o pai. Acabou sendo uma leitura irregular da qual gostei, mas que que me entediou algumas vezes.
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jota 21/07/2014

O menino ilhado...
Romance de formação da mesma autora do excelente A História, Elsa Morante (1912-1985), A Ilha de Arturo relata a difícil conquista da maturidade por parte de um menino sensível e solitário, Arturo Gerace, habitante da ilha de Procida, no golfo de Nápoles, na primeira metade do século XX.

A mãe de Arturo morreu ao lhe dar a luz e Vilhelm, o pai aventureiro vive viajando. O menino é criado pelo único empregado da casa, Silvestro. Depois de alguns anos quando Silvestro parte, o adolescente Arturo vive só com sua fiel cachorra e seus livros de aventuras, povoados de heróis diversos.

No entanto, seu grande herói não é um personagem de suas inúmeras leituras (Arturo tem sempre um livro à mão, até mesmo quando se alimenta), mas seu pai, que pouca atenção lhe dá quando está presente e até mesmo é capaz de magoá-lo sempre que se apresenta alguma ocasião.

Mais tarde a cadela morre e Arturo reina sozinho durante muitas temporadas na enorme casa da família. Mas um dia, de volta de uma de suas inúmeras viagens, o pai traz sua jovem e um tanto inculta esposa napolitana para morar ali. Nunziata é apenas dois anos mais velha do que Arturo e os dois a princípio se estranham bastante. Vilhelm jamais havia dito ao filho que pretendia se casar novamente.

A partir da chegada da jovem, a vida de Arturo e sua história pouco a pouco começam a mudar de curso: ele descobre, entre outras coisas, o amor e o sexo. Menos de quinze dias após o casamento o pai sai novamente em viagem. Nunziata e Arturo ficam sozinhos na casa da ilha...

Escrito em 1957, A Ilha de Arturo logo se tornou um sucesso e ganhou o Strega, um dos prêmios literários mais importantes da Itália. Pleno de poesia e idealização, a narrativa de Morante mescla sentimentos variados como amor, ciúme, raiva, ternura e decepção. Um grande livro este, não apenas pelo número de páginas, evidentemente.

Lido entre 12 e 21/07/2014.
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Joana 17/07/2015

Este é um dos mais belos livros escritos sobre a adolescência. É muito diferente, por exemplo, de O Apanhador no Campo de Centeio, o grande clássico do gênero. Mas como o livro de Salinger seguramente é uma obra-prima. Vou ficar com saudades de Arturo, da mesma forma que Holden se tornou inesquecível para todos nós.
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Vicente 16/05/2020

Incrível
Elsa Morante foi uma das inspirações de Elena Ferrante e sua tetralogia Napolitana. Romance de formação agradável que conta a estória de um garoto que vive isolado em uma ilha na companhia do pai. Um certo dia, sua rotina muda completamente com a chegada de uma nova pessoa. Difícil não se encantar com essa obra.
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Helena Guerra Vicente 12/04/2020

Sublime
Um livro sobre, entre outras coisas, sentir-se desprezado por alguém que preferiria estar em outro lugar. No caso mais específico do adolescente Arturo, esse alguém é seu pai, quase sempre ausente. Em sua idolatria cega, Arturo é incapaz de perceber o óbvio. Na minha opinião, livro bom não é necessariamente aquele que traz uma narrativa recheada, mas aquele que te coloca no meio do turbilhão psicológico dos personagens. Senti na pele as frustrações e a sensação de abandono de Arturo (e não é que o livro não traga surpresas reveladoras ou personagens femininas marcantes, mas vou ficar calada pra não dar spoiler...) Se vc é esse tipo de leitor, recomendo fortemente A ilha de Arturo - memórias de um garoto (1957), de Elsa Morante (1912-1985). Trívia para os fãs de Elena Ferrante (pseudônimo que lembra em sonoridade o nome da outra): em entrevista, a autora confessou que Elsa Morante foi e é a sua maior influência literária. Enquanto boa parte da história da série napolitana é ambientada na ilha de Ischia, A ilha de Arturo tem por cenário a ilha vizinha de Prócida, no litoral napolitano.
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Murilove 15/06/2023

L'isola di Arturo è un romanzo di formazione particolare, ambientato sull'isola di Procida attorno 1938, scritto al 1957 da Elsa Morante e vincitore del Premio Strega.

L?opera accompagna il passaggio di Arturo Gerace dalla fanciulezza alla maturità in un processo tra legame e solitudine. Aturo é cresciuto senza la sua madre, morta durante il parto e con suo padre sempre assente per viaggiare.

Solo a Procida è sempre alla ricerca di compagnia, con la crescita trascorsa insieme a diversi traumi che lo rendono ogni volta pìu desilluso dall?amore, dell?essere fraterno poi anche romantico. L?isola è usata come allegoria della transizione verso l?età adulta di Arturo, insieme ai ricordi traumatici che che lo accompagnano.

Quando è arrivato il momento aspettato per tutta la vita, non alla situazione che aveva pianificata, il piroscafo rapresenta queste passaggio per l?ignoto della vita, dove il vero bagaglio è l?apprendimento e i ricordi.
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