Aléh 04/11/2023
Gostei mais do primeiro.
Assim como em A Missão, Stéfani traz nesta sequência, em desenho, a representação dos prédios do complexo governamental e também a distribuição das salas do interior do palácio do governo.
Com a narrativa alternando entre a visão de Liss e a visão de Júlio, assim como o livro anterior, “O Desafio” segue a história, agora com a Junta Provisória – que inclui Liss, Andrew, o Marechal e outros personagens relevantes – no governo. Mostra as dificuldades e oposições que precisam encarar diariamente. Entre reaparições do grupo terrorista; Júlio tendo crises devido às torturas sofridas, sem saber diferenciar suas memórias reais das falsas memórias; e pessoas – militares e civis – sem experiência aprendendo a lidar com decisões governamentais, ainda precisavam encarar dissidências dentro da própria Junta. Envolve uma fuga, quebra de confiança entre amigos, ameaças ao governo e grandes reviravoltas. O final é algo totalmente inesperado e que me deixou bastante atordoada, curiosa e torcendo para que as coisas melhorem no final da trilogia.
Gostei muito da escolha do nome do livro, assim como o anterior, acredito que foi o melhor que poderia ser, condiz completamente com a história contada.
ATENÇÃO: Spoilers de mortes e/ou situações fortes:
Há o assassinato a sangue frio de duas pessoas importantes para a história, quase morte de outra pessoa importante na história e outras mortes, incluindo acidente de avião.
ATENÇÃO: Demais spoilers a partir daqui:
Acredito que a parte que eu mais gostei deste livro foi o começo, a ameaça que aquela caixa que foi deixada no lobby do palácio representava e o seu desenrolar criaram bastante adrenalina e curiosidade ao ler. Também gostei muito da forma como foi explorada a confusão de Júlio neste começo, a dúvida que o beijo em Margareth o deixou, todo o trabalho com Karina para tentar reverter os efeitos da tortura, o plano que ele criou para libertar a mulher que ele acreditava amar e a forma como ele colocou em prática - a invasão de Júlio ao escritório de Liss e o flagrante de Andrew… Porém, senti falta de uma confusão no momento em que ele estava beijando Liss, na hora de conseguir roubar a chave da cela que estava no quarto dela. Teve a questão física, a atração, mas faltou a reflexão sobre ele talvez sentir algo por ela, tanto que era esse o assunto que eles estavam tendo antes – era meramente técnica de distração, sim, mas com toda confusão mental de Júlio acredito que isto poderia ser melhor trabalhado, mesmo que posteriormente. Gostei muito de Andrew chegando no quarto, tendo um novo flagrante, e todo ressentimento por ele sentir algo por Liss.
Outra coisa que gostei bastante foi a maior participação e nosso conhecimento dos demais personagens integrantes da Junta Militar, porém, senti falta de uma criação mais profunda de alguns destes personagens.
Também senti falta, ao longo do livro – principalmente na parte narrativa -, da demonstração de confusão de Júlio. Durante todo período em que ele estava refugiado com Margareth ele sequer questionou se ela era realmente boa para ele, se aquela era a pessoa que ele realmente gostaria de ter ao seu lado. E, tendo em vista que a tortura não foi encerrada, e que Júlio se mostrava bastante idealista e firme antes da tortura, não achei condizente ele falar que “Isso tudo é passado. Agora, Tazur vive um novo momento…” quando Liss e Andrew o confrontaram sobre tudo que a ex-governante havia mandado ele fazer, a tortura pelo qual ele e Thomas passaram por ordens dela, todo assassinato e miséria a que ela foi responsável.
Senti falta de pequenos detalhes, ao longo do livro, que mantivessem a coerência e mostrassem que o sentimento de Andrew por Liss se mantinha vivo, apesar de terem combinado que as coisas seguiriam como antes. Gostei muito quando eles se apoiaram e trocaram carinhos para suportar o momento difícil no velório dos militares.
Por estes motivos, gostei menos deste livro que do primeiro. Porém, não consigo dar quatro estrelas pra ele, apenas não o tenho como favorito, pelos motivos que descrevo a seguir.
Me encantei com Karina, sua garra e idealismo. Fiquei bastante surpresa quando ela foi desmascarada – literalmente – como participante do grupo anarquista, não havia nada que indicasse qualquer possibilidade disso ao longo do livro, mas achei bastante condizente. Gostei de toda narrativa criada em torno da personagem, a infecção causada pela ingestão de água contaminada por petróleo, a forma como ela ajudou a libertar o pessoal que o Marechal havia mandado prender enquanto estava solitário no poder, cada ação e fala dela.
Falando sobre o Marechal, achei muito bem pensada e escrita a narrativa em torno dele e seu grande desejo pelo poder, a forma como ele conseguiu se colocar como único governante de Tazur, o acidente que ele causou, a “comitiva de boas-vindas”. Apesar de me identificar muito com os pensamentos e ideais de Andrew, achei que o assassinato do Marechal foi o melhor caminho. Seria muito difícil conseguirem destituí-lo do poder em vida, e isso era necessário. Além de ter sofrido com o assassinato de Danilo, o desespero de Júlio e as reações de Liss.
Fiquei muito feliz com o crescimento da personagem de Liss, a forma como ela foi aprendendo a se impor como seu cargo exigia, suas decisões, suas interações. Acredito que foi uma das melhores construções de personagem da trama. Neste livro virei fã dela. Não me desesperei quando ela quase morreu afogada, por acreditar que a história não seguiria sem ela, mas fiquei bastante aflita. E voltei a shippar ela e Andrew. Não aceito mais nenhum outro casal nesta história.