Nivia.Oliveira 27/08/2022
Uma leitura imparcial podemos interpretar assim: um bando de jovens estadunidenses, drogados, viajando sem destino pelos EUA, onde nada de extraordinário acontece. Se aprofundamos no contexto histórico, o livro fica interessante.
Jack Kerouac representa o movimento beat: artistas e escritores dos guetos de NYC dos anos 50 que queriam expressar-se livremente inspirados em Jazz, drogas, álcool, sexo. Eram contra a América “careta”.
Em On the Road percebemos claramente as características do gênero:
- Intensidade: Cassady, o amigo-irmão de Jack é intenso em tudo: pega mulheres e homens, fuma tudo, faz loucuras na estrada.
- Escrita compulsiva: O manuscrito de On the Road foi entregue em rolo, 36 metros de papel, para lembrar uma estrada, diferente do livro “quadrado”.
Ele escreveu em três semanas, velozmente, sem parar... não havia parágrafos, nem pontuação.
Isso para representar a contracultura do pós-guerra: agora temos que suar e sermos rápidos. Não dá pra aprender um ofício e executá-lo bem como antes. Queremos ser livres e não censurados.
– Fluxo caótico: Jack conta sua história sem ordem, misturando momentos atuais com passados de sua infância, de seus amigos e de pessoas aleatórias que encontra no caminho. O personagem principal é a estrada.
– Linguagem informal: Eles utilizam o hip talk: palavrões e gírias novaiorquinas em conversas de bar. Falar o que quiser e como quiser. Liberdade individual é defender o próprio modo de vida.
- Empatia à miscigenação: Jack se relaciona com mexicanos, com descendentes de índios, forasteiros, japoneses, negros, cowboys, mulheres... fazendo-nos pensar na importância das trocas culturais para o desenvolvimento dos EUA. Enquanto o país mantinha disputa ideológica de manter o poder global. Pessoas hospitaleiras que viviam afastadas daquela sociedade moderna do Leste, vagando por oportunidades, mas que viviam. Era possível sair do “padrão americano” de ser.
Assim, Jack pega a estrada em busca de algo, que ele nem sabe o que é. Não há atrativos turísticos relevantes por onde passa e sim pessoas diferentes que eles estão sempre dispostos a se relacionar. Ele encontra uma América diferente daquela que ele conhecia. Talvez, sem saber, estava em busca de si mesmo, que após a morte do pai, passou a achar a vida sem sentido. Talvez querendo mostrar uma país sem espiritualidade.
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