letscia 16/02/2024
24 (2024) morria e ressuscitava como uma estrela.
"(...) chegar lá no cume não é fácil: tu cansas-te de ouvir a trilha dos pássaros; tu cansas-te de olhar atrás e não ver ninguém; cansas-te de ouvir os teus próprios passos; cansas-te de escutar a voz que vem do fundo de ti."
O livro 'Cemitério dos Pássaros' tem uma premissa interessante. É a primeira vez que leio algo do autor, mas já achei a escrita do Adelino Timóteo fascinante. No entanto, o desenvolvimento da trama foi um tanto confuso, com muitos acontecimentos simultâneos, o que me incomodou um pouco.
As metáforas, quando bem empregadas, permitem diferentes leituras, o que enriquece a história. Cemitério dos Pássaros possui essa característica, o que me levou a pensar em certos momentos se o que eu entendi era o que o autor estava tentando transmitir (espero que sim, apesar de também gostar da ideia de ter uma versão somente minha).
Dazanana é um homem que traz o seu legado através de um cemitério, mas que também enfrenta conflitos ao encarar seu passado, que seria, "um pano com nódoa". A volta de Dom Antônio sugere - e digo isso de acordo com a minha leitura - mais uma 'presença' indesejada na ancestralidade do que um retorno físico, como se fosse um fantasma do passado com o qual Papagaio precisa lidar.
Durante a leitura, refleti bastante sobre a visão de vida e morte que a obra apresenta. A sensação é de que a morte não é um estágio final, mas sim um elemento em constante evolução, não concluído. A morte, então, nunca pode ser plena. O livro é bom, embora um pouco confuso, confesso.