Em Busca do Desenvolvimento Perdido

Em Busca do Desenvolvimento Perdido Luiz Carlos Bresser-Pereira




Resenhas -


4 encontrados | exibindo 1 a 4


Rodrigo.Romanus 06/10/2020

Obra esclarecedora
Gostei muito do livro, linguagem simples, sobretudo para o público leigo, desmitifica muitos lugares comuns do debate econômico. É um texto ágil, rápido e de fácil compreensão.
comentários(0)comente



Jeferson 10/10/2022

Ideias super necessárias para se discutir o desenvolvimento econômico e principalmente o caso brasileiro
O livro é de fácil compreensão, mesmo para quem não é da área, mas recomendo saber o básico de macroeconomia, uns conceitos mais incomuns podem ser ignorados sem afetar o entendimento.
A proposta do livro é apresentar a teoria que Bresser Pereira desenvolve há mais de 20 anos, o Novo desenvolvimentismo, que seria um plano de desenvolvimento para países emergentes, com foco no Brasil(que já possuem algum grau de industrialização e vem sofrendo com o processo de desindustrialização). Analisando os últimos 30 anos o autor constata que o Brasil está praticamente estagnado economicamente e a partir disso, encontra no câmbio valorizado, via doença holandesa(conceito que surge nos anos 80) o principal fator para a desindustrialização que o Brasil passa desde os anos 80.
O livro começa com definições e um breve apanhado histórico de instituições como o Estado, Nação, Capitalismo, Socialismo e suas transformações ao longo do tempo.
No capítulo 2 o autor aborda o Novo desenvolvimentismo, faz uma crítica à visão de desenvolvimento neoinstitucionalista de Acemoglu e Robinson e trata mais detalhadamente do Novo desenvolvimentismo, apontando os problemas da poupança externa, doença holandesa, tendência à sobreapreciação cambial recorrente e câmbio e crescimento econômico.
No capítulo 3 há uma análise histórica da chamada Revolução Capitalista, perpassando a Revolução Industrial ao longo da história de vários países, a Crise de 29, a ascensão do keynesianismo e após o pós 2° Guerra a emergência do desenvolvimentismo clássico como estratégia de desenvolvimento para países antes considerados pobres, onde o autor aponta as falhas do modelo clássico e usa o Brasil como exemplo, assim como países do leste asiático como Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura, e uma das críticas ao desenvolvimentismo praticado no Brasil jaz na educação que nunca foi prioritária como nos países citados anteriormente, porém é deixado claro que seu peso não é tão grande como o senso comum nos faz pensar no sentido de termos um país desenvolvido. Outra crítica se dá na Reforma Agrária que não tivemos, e por fim o ponto mais importante seria o desenvolvimento ancorado em moeda estrangeira, onde basicamente sempre tivemos déficit em conta corrente.
Como o autor coloca: "A quase-estagnação liberal desde 1990" é discutida no capítulo 4, onde é criticado fortemente o modelo de tripé macroeconômico e os anos 90, assim como sua continuidade pelos governos petistas que embora tenham melhorado vários indicadores econômicos, continuou praticando algumas das políticas liberais do Consenso de Washington e por fim é discutida a recessão de 2014-2016.
No capítulo 5 são levantados os quatro grandes problemas do Brasil, que seriam: a Ideia de nação, que se perde ao longo das últimas décadas, um projeto para desenvolver o país e deixarmos de fazer parte da periferia econômica do capitalismo. O sistema eleitoral vigente no Brasil em que as coisas não andam em Brasília, tendo como motivo o presidencialismo de coalizão e o sistema proporcional, como resposta é proposto o sistema distrital. O 3° problema apontado pelo autor é a histórica desigualdade social que remonta a escravidão, as elites econômicas são criticadas, e Bresser se utiliza de ideias de Jessé Souza, há também uma análise histórica do indíces de gini, traz dados de IDH e PIB Per Capita e como solução ele propõe uma taxa de juros a "níveis civilizados" e uma reforma tributária progressiva onde os muito ricos, rentistas e financistas sofram uma maior perda relativa. Por fim ele faz uma crítica à histórica taxa de juros elevada praticada pelo BACEN e como o pagamento de juros sobre a dívida afeta o orçamento brasileiro, também critica os spreads bancários e a indexação de títulos públicos, tendo como responsável a hegemonia ideológica do capitalismo financeiro-rentista no Brasil.
No capítulo 6 são discutidas as políticas macroeconômicas, são as Duas Contas: a fiscal e a cambial. Os Cinco Preços Macroeconômicos: juros, câmbio, salários, inflação e taxas de lucro.
No capítulo 7, Bresser traz reformas para que o país vá na direção do desenvolvimento, são elas:
-Novo teto fiscal: o autor critica o atual teto de gastos mas diz ser necessário haver um teto e segundo Bresser:

"O teto mais simples deve ser duplo: um teto para a despesa corrente e uma meta-teto para o investimento público. em relação a este, entendo que a meta deveria ser 5% do PIB. Quanto ao teto da despesa corrente, que deveria incluir os juros, um bom número seria a média da despesa pública corrente em relação ao PIB em 2011 e 2012, quando a receita e a despesa pública estavam ainda sob controle."
Reforma da Previdência: o livro foi publicado em 2018, onde a reforma da previdência não tinha se concretizado. Como motivo da reforma, são apontados o aumento da expectativa de vida e categorias privilegiadas que possuem aposentadorias que destoam da média nacional.
- Reforma Cambial
- Neutralização da doença holandesa
- Proibição de indexação formal
- Reforma política
- Governança das empresas controladas pelo Estado
- Reforma Gerencial do Estado: aqui o autor defende que os serviços públicos sejam prestados por Organizações Sociais( OSs) para que haja uma melhora no serviço público prestado à população, no entanto na prática esse modelo de terceirização que se diz não lucrativo, acumula lucros aos serviços de saúde prestados no estado de São Paulo. Essa é uma das minhas poucas críticas ao livro.
- Política de exportação de manufaturados
- Política Industrial

Para finalizar trago os principais pontos do novo desenvolvimentismo, com base no artigo "O desenvolvimentismo pode ser culpado pela crise?" da Daniela M. Prates, Barbara Fritz e Luiz Fernando de Paula.
Objetivos:
Transformação produtiva com moderada redistribuição de renda e Re-industrialização.
Metas: Superávit comercial(ancorado na exportação de manufaturados), Produção industrial e Redução moderada do índice de Gini.
Instrumentos: Taxa de câmbio competitiva, Regulação de fluxos de capitais, Limite ao endividamento externo, Política industrial voltada à promoção das exportações, Liberalização comercial moderada, Política salarial(aumento real do salário mínimo vinculado aos ganhos de produtividade), Equilíbrio fiscal de longo prazo com espaço para política fiscal contracíclica e Reforma tributária progressiva.

Para quem quiser se aprofundar, recomendo os artigos do Bresser Pereira sobre o tema.
comentários(0)comente



Theo.Felix 03/02/2021

Essencial para quem ama o Brasil, e não pretende deixa-lo
Creio q este seja o livro mais sucinto e carregado de conteúdo e proposições sobre a economia e a politica econômica do Brasil.

Até o momento, foi o melhor livro sobre economia q li esse ano. E já considero o autor um dos melhores em economia nacional q já tive oportunidade de ler.

Vale a pena até para quem sabe pouca coisa de economia, pois é bem didático.
comentários(0)comente



Mari 30/06/2023

Em busca do desenvolvimento perdido é uma obra síntese muito completa das ideias novo desenvolvimentistas pela ótica do Bresser-Pereira, um dos grandes nomes na economia da atualidade. Li como forma de estudo para a matéria de Desenvolvimento Econômico I da faculdade e valeu muito para entender melhor esse modelo econômico e as ideias do Bresser em si. Sinto que ele é muito sóbrio em vários momentos, ao mesmo tempo que acaba sendo um pouco idealista. Em suma, valeu muito a leitura por ser muito explicativa e fácil de ler, sem contar que são menos de 200 páginas. Em duas sentadas você consegue ler a obra. Recomendo.

"O populismo liberal se expressa na política de crescimento com endividamento externo e na consequente defesa de déficits em conta-corrente crônicos e elevados que apreciam a moeda nacional e aumentam o consumo dos rentistas ao invés do investimento, e na defesa de taxas de juros injustificáveis que, além de apreciar a moeda nacional, representam uma captura do patrimônio público pelos rentistas e financistas." (Posição 147)

"Os governos desenvolvimentistas são tentados tanto pelo populismo fiscal como pelo populismo cambial, e com certa frequência caem nos dois erros. Já os governos liberais incorrem necessariamente no populismo cambial, e, no caso do Brasil, também no populismo fiscal." (Posição 369)

"Nos períodos em que o regime de política econômica foi liberal não ocorreu crescimento acelerado, porque o liberalismo econômico não é compatível com um projeto de desenvolvimento; porque, nos países em desenvolvimento, defende taxas de juros elevadas e déficits em conta-corrente que implicam apreciação cambial de longo prazo e inviabilizam o desenvolvimento industrial; porque os ajustamentos que pratica são “ajustamentos internos”, que envolvem apenas ajuste fiscal e pesam fortemente apenas sobre os trabalhadores, ao invés de promoverem também a depreciação cambial e, assim, pesarem também sobre os rentistas— inclusive a classe média rentista. O liberalismo econômico é incapaz de promover o alcançamento, mas isso não impede que uns poucos economistas neoclássicos façam a crítica competente das políticas liberais e proponham políticas econômicas que, afinal, são desenvolvimentistas, porque envolvem limitada, mas efetiva, intervenção do Estado." (Posição 422)

"A macroeconomia novo-desenvolvimentista parte de um princípio contraintuitivo: países de renda média como o Brasil não precisam de capitais externos para se desenvolver. Ainda que lhes faltem capitais e divisas estrangeiras, o déficit em conta-corrente com que pretendem “resolver” essa falta deprime os investimentos e dificulta o desenvolvimento econômico em vez de promovê-lo. O argumento a favor do endividamento externo é o de que déficit em conta-corrente é poupança externa, e que a poupança externa e a poupança interna são iguais à poupança total, que sempre é igual ao investimento." (Posição 563)

"Já a proposta novo-desenvolvimentista é mais completa: realiza o ajuste fiscal, mas, ao mesmo tempo, reduz a taxa de juros de forma determinada e, por meio da política cambial anteriormente referida, deprecia a moeda. O resultado dessa segunda forma desenvolvimentista de ajuste será duplo: um ajuste mais completo tanto da conta fiscal como da conta externa do país, e uma distribuição mais equitativa do custo do ajuste entre trabalhadores e rentistas. No ajuste liberal, caracterizado pela austeridade, os custos do ajuste recaem apenas sobre os assalariados; no ajuste novo-desenvolvimentista, a quota é distribuída entre assalariados e rentistas." (Posição 749)

"Como explicar esse descaso pela educação do povo brasileiro? Eu vejo uma explicação geral para isso: o preconceito social e racial da elite branca ou branqueada contra a massa da população brasileira que é negra ou mestiça; o desprezo com o qual a elite branca olha para seus concidadãos. Esse desprezo está assinalado de maneira clara e incisiva pelo sociólogo Jessé Souza em suas pesquisas e análise da sociedade brasileira (Souza, 2017). As elites brancas de classe alta e de classe média tradicional mal escondem seu desapreço pelo terço mais pobre e excluído da população, pela massa de negros e mestiços que ainda não lograram superar a condição de escravos não obstante a abolição da escravidão de 1888, pelos brasileiros que Jessé chama provocativamente de “ralé” porque assim eles são tratados. O recente interesse das elites brasileiras pela educação fundamental não decorreu da mudança de sua atitude em relação às classes populares, mas decorreu da conquista por elas do sufrágio universal em 1986. Desde então o “povão” tem o poder de eleger o presidente da República, viu em Lula o líder carismático capaz de defendê-lo, surgiu o fenômeno que André Singer chamou de “lulismo”, e a elite percebeu que não pode continuar a ignorá-lo." (Posição 1103)

"O Brasil deixou de crescer satisfatoriamente quando os brasileiros e particularmente suas elites econômicas, políticas e intelectuais perderam sua ideia de nação. Eu sou radicalmente crítico do nacionalismo étnico, mas acredito que o nacionalismo econômico é uma condição para o desenvolvimento e o alcançamento do Brasil." (Posição 1531)

"A palavra câmbio aparece muito raramente nos seus artigos e entrevistas. Como eles são intelectuais orgânicos dos rentistas e financistas, além de não falar em câmbio, eles não falam no saldo em conta-corrente; seu interesse é apenas pelos déficits fiscais que consideram em princípio elevados e exigindo ajuste. São, assim, curiosamente contraditórios. Aceitam déficits em conta-corrente que são sinal de populismo cambial, enquanto rejeitam déficits públicos que são sintoma de populismo fiscal. Deveriam ser contra os dois tipos de déficit, e reconhecer a correspondência entre o saldo em conta-corrente e a taxa de câmbio." (Posição 2122)
comentários(0)comente



4 encontrados | exibindo 1 a 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR