spoiler visualizariietts 18/08/2022
"calma, rapaz".
Cheguei ao ponto construtivo destas considerações. João Brandão, que às vezes
é modelo de sabedoria relativa (a absoluta consiste em deixar a fantasia agir), contou-me
que todo ano recebe um catão nestes
termos: "calma, rapaz".
"E quem é que te manda este cartão?",
perguntei-lhe. "Eu mesmo. Entro na fila,
compro o selo, boto na caixa. Porque se eu não
fizer isto, ninguém o fará por mim. Ao receber
a mensagem, considero-a mandada por amigo
vigilante e discreto, e faço fé na recomendação,
que eu não saberia me impor diante do
espelho." Pausa e continuação: "Tem me
ajudado muito. Você já reparou que ninguém
deseja calma a ninguém, na época de desejar
coisas? Deseja-se prosperidade, paz, amor, isso
e aquilo ('tudo de bom pra você'), mas todos
se esquecem de desejar calma para saborear
esse tudo de bom, se por milagre ele acontecer,
e principalmente o nada de bom, que às vezes,
acontece em lugar dele. Como você está vendo,
não chega a ser um voto que eu dirijo a mim
próprio, pelo correio. É uma vacina".
Vacinemo-nos, amigos.