Eduarda Graciano do Nascimento 29/08/2021 Davi começa a trabalhar como estagiário na mesma empresa em que Joana está. Por conta de um pequeno mal-entendido, eles não se dão nada bem. O que ambos não sabem, é que se correspondem há meses pelo instagram e um está caidinho pelo outro.
É uma comédia romântica, então, sobre a história, talvez não tenha muito o que eu dizer, né? Não menosprezando o gênero, claro; quem me conhece sabe que as palavras “comédia” e “romântica” juntas, são uma das maneiras mais fáceis de me comprar. Foi assim quando bati o olho nessa capa fofa e na sinopse de Reticências. Mas o que me levou a este livro? A busca por autoras brasileiras negras. Tenho estabelecido como meta pessoal ler (e indicar) mais livros escritos por brasileiras negras. Fiquei tão, mas tão feliz de encontrar a talentosa Solaine Chioro!
Obviamente o tema racismo é muito abordado, mas sem tomar conta da leitura toda - a meu ver, a obra já se afirma como ação antirracista tendo protagonistas e autora negros. Creio que faria refletir muitos dos negacionistas fãs de romcom, que dariam as mãos a protagonistas que vivem jornadas românticas que eles já conhecem, mas que têm uma bagagem diferente da maioria dos casais principais de comédias românticas.
Sem dúvidas um livro que teve inspiração em Mens@gem Para Você (Nora Ephron, 1998) tinha poucas chances de não me conquistar, mas Solaine Chioro entrega tudo e muito mais! Já estou mais do que pronta pra indicar e presentear várias pessoas com esse livro delicioso, que, além de tudo, é curto, não “enche linguiça” e traz referências das mais variadas, desde relacionadas à cultura negra até a filmes cult do cinema francês.
A autora, que tem 28 anos e é natural de Santos, transformou um romance leve e clichê (novamente, não é uma crítica) em um show de representatividade. Li o livro todo ontem e acho que já não conseguiria listar aqui tudo o que entra nesse aspecto. Temos protagonistas negros e gordos. Temos personagens LGBTQI+. Temos uma personagem indígena. Temos uma personagem paraplégica. Solaine conseguiu nos dar uma história já batida totalmente renovada. É justamente a questão, não é? A história é batida pra quem? Pra personagens brancos, heteronormativos e não-deficientes. Pelas palavras de Solaine (que escreve muito bem, diga-se de passagem), essa trama se torna nova, fresca e deliciosamente esperançosa.
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https://donaguardia.tumblr.com/post/660890376372109313/retic%C3%AAncias-solaine-chioro