Mila F. @delivroemlivro_ 14/02/2020
Interessantíssimo!
O livro, de cara, me chamou atenção por dar voz a uma personagem feminina, aparentemente vulnerável por não ter poderes mágicos como os de seus parentes Titãs e Olimpianos.
No volume, vamos acompanhar a narrativa em primeira pessoa, onde a própria Circe conta a sua história desde seu nascimento. Filha do deus Hélio (Sol) um dos titãs mais poderosos, ela deveria ter nascido com algum poder, mas isso não ocorre.
De modo que a personagem vive sendo subjugada e humilhada pelos outros titãs, no entanto, mas Circe, com sua aparente ingenuidade acaba sendo também curiosa e observadora dos comportamentos dos deuses e suas confabulações por poder e sede de vingança.
Quando já adulta Circe se apaixona por um humano e para torná-lo um deus, acaba descobrindo que mesmo sem poderes mágicos consegue usar de ferramentas (ervas, etc.) para conseguir transformar coisas e pessoas, manipular pessoas, matar, enfeitiçar.
Desafiando a todos, Circe transforma o humano em um deus, entretanto, quando o segredo é descoberto, Zeus, temeroso dos poderes alcançados por ela, acaba punindo-a e exilando-a em uma ilha para sempre.
Mesmo exilada nessa ilha, Circe continua a se tornar mais e mais poderosa, além disso, muitos outros deuses passam a visitar a ilha de Circe, para confabular com ela, para pedir ajuda. É nesse exílio também que a personagem conhece Odisseu e acabam dividindo muitas experiências, além de terem um relacionamento.
Ler Circe foi uma experiência inusitada para mim, pois não tenho muito conhecimento sobre a mitologia grega, mas passei a conhecer muito mais após esta leitura, sem contar que consegui me inserir dentro da história de tal forma que os sentimentos vividos por seus personagens eram sentidos por mim.
Admirei muito a forma como a autora, Madeline Miller, representou Circe, no principio insegura, obediente, temerosa e com o passar do tempo se tornando crítica, poderosa e uma observadora do comportamento humano e das consequências de cada ação.
Circe também tem uma forma interessante de mostrar que os deuses por mais poderosos que fossem tinham medo do poder uns dos outros ou mesmo que aparecessem alguém mais poderosos que eles, essa busca incessante por poder e vingança os tornavam intransigentes e infelizes.
Achei fascinante todas as reflexões trazidas por Circe e, mesmo tendo alguns adendos, em relação a algumas partes mais lentas e um tanto quanto cansativas durante a leitura, a leitura foi incrível e, definitivamente, despertou me interesse para ler A Canção de Aquiles. Madeline Miller se mostrou uma escritora fenomenal.
site: www.delivroemlivro.com.br