alinenotalien 14/02/2021
Atenção: sinopses podem te enganar (e não de um jeito bom)
The Binding, de Bridget Collins, foi um livro que caiu de paraquedas na minha vida. Eu simplesmente olhei pra capa e falei: que livro lindo. E quando eu parei pra ler a sinopse, meu único pensamento foi: preciso ler esse livro desesperadamente ou irei enlouquecer de curiosidade. Porém, existe aquele velho ditado, muito sábio por sinal, de que não se deve ir com muita sede ao pote.
Na Inglaterra do século XIX, os livros são perigosos. São proibidos. Se você possui uma memória que quer esquecer, porque te causa dor e sofrimento, você precisa apenas encontrar um Binding. Os bindings amarram essas memórias dentro de livros e guardam em cofres, em segurança para que essas memórias não caiam em mãos erradas. E é com essa premissa que Bridget Collins nos leva a conhecer o mundo dos binding e o romance de Emmett Farmer e Lucian Darnay.
O livro é dividido em três partes, duas sendo narradas por Emmett e a última, por Lucian. Na primeira parte, temos uma história muito lenta e com muita descrição, tornando a leitura bem cansativa (quase abandonei o livro por ali mesmo, vamos ser sinceros aqui). Por outro lado, a segunda parte é interessante e finalmente dá aquele up que a história realmente estava precisando.
The Binding entrega mais uma história de romance entre Emmett e Lucian do que uma história mais focada na mitologia binding pela Collins ? que era o mais esperado, depois da sinopse sensacional do livro. O romance entre os personagens é contado durante a segunda parte do livro, narrado por Emmett Farmer, e é muito fofinha. Entendam, o romance entre os personagens não é um incomodo e nem algo ruim na história. Na realidade, é uma das melhores coisas que acontece em The Binding, mas o ponto negativo é justamente uma sinopse que promete uma coisa, mas a autora entrega algo totalmente diferente durante todo o livro.
A maneira como Darnay e Farmer e conhecem e o desenvolvimento do relacionamento entre os dois é algo maravilhoso, ao ponto de dar aquele quentinho no coração. Até o momento em que precisam ?esquecer? um do outro, tornando o livro extremamente doloroso de se ler e eu posso (ou não) ter derramado algumas lágrimas por esses dois, que formam um casal lindo demais.
A terceira parte de The Binding é narrado por Lucian Darnay e, infelizmente, volta a ser lenta e arrastada. E, outro ponto negativo, é que torna-se impossível identificar a voz entre Emmett e Lucian, ou seja, você não sabe quem está contando a história. Se eu não tivesse prestado atenção aos nomes e em detalhes pequenos que diferenciam os dois, eu não saberia identificar que era Lucian narrando a última parte. Isso foi algo que me incomodou muito, pois gosto quando os personagens são facilmente diferenciáveis um do outro, apesar de serem perfeitos um para o outro.
Quanto a questão binding da história, foi uma decepção pra mim. A mitologia criada pela Bridget Collins era simplesmente sensacional, e foi facilmente colocada apenas como um pano de fundo no romance entre Emmett e Lucian. Sabemos o que os binding são, o modo como trabalham e são tratados e vistos pela sociedade, mas tudo é tratado com uma superficialidade que me deixou chocada. Como você pôde, Bridget, deixar uma trama tão original ser ofuscada dessa forma?
De forma alguma The Binding foi uma leitura ruim, mas também não foi aquilo que eu esperei ao ler a sinopse. No fim das contas, foi apenas mais um livro focado no romance de seus personagens, enquanto jogava-se fora uma trama incrível, que poderia, inclusive, ser expandida futuramente.