Dhiego Morais 12/07/2020Motivos para lerFalar de quadrinhos aqui no blog já está ficando bastante comum, não é mesmo? E se for da editora Pipoca & Nanquim, então? Pois muito que bem! Isso é fantástico!
Como já deve ter dado pra notar, a dica da vez consiste em uma das melhores leituras do ano, sem sombra de dúvidas: O Preço da Desonra: Kubidai Hikiukenin, de um dos mangaka mais respeitados de todos os tempos, Hiroshi Hirata.
1. HISTÓRIA DE SAMURAI DE QUALIDADE INIGUALÁVEL
Lembro até hoje como eu vim parar nesse mar imensurável que é o das histórias em quadrinhos: a união entre ter visto um vídeo no Youtube a respeito de Lobo Solitário e a vontade inesperada de querer ler mangá. Em pouquíssimo tempo eu já estava mergulhando nas histórias desse mangá e de outros do gênero, como o incrível Vagabond, de Inoue.
Quando a editora Pipoca & Nanquim anunciou O Preço da Desonra, eu não pude resistir e reservei a compra do que eu não seria capaz de prever: um dos melhores mangá que já li na vida – não é brincadeira, não, e nem estou supervalorizando a obra. Tudo o que o autor, Hiroshi Hirata se propõe a fazer nesse calhamaço em volume único é realizado com maestria. Uma leitura que não te permite imergir delicadamente, mas que te engole por inteiro. P-E-T-A-R-D-O. Só digo isso.
2. SOBRE O CONTEÚDO
O Preço da Desonra ou Kubidai Hikiukenin é um mangá ambientado na época do xogunato, quando a honra dos samurais no campo de batalha passou a ser definida pelo valor de uma bolsa de dinheiro. Até então, morrer a serviço da espada era a maior honra conhecida, uma prova do respeito ao bushidô – o código seguido pelos guerreiros espadachins. Para manter a cabeça bastava assinar uma promissória com o próprio sangue, já que ninguém em sã consciência iria para a batalha ostentando tanto peso em ouro. A promissória era a garantia que o derrotado dava ao oponente de que se comprometia a literalmente pagar por sua vida.
Em pouco tempo soldados passaram a ver nessa situação uma grande oportunidade de enriquecer às custas da desgraça do inimigo (e o outro, bem, a chance de realmente continuar vivinho e saltitante pelos campos do Japão). Séculos no passado... já deu pra assimilar o problema dessa artimanha samurai? Como garantir que a promissória seria paga?
De modo a suprir essa demanda surgiram os Tomadores de Promissórias, guerreiros no caminho do bushidô que se especializaram em coletar as dívidas daqueles que a firmaram no furor da batalha. Kubidai Hikiukenin contará sete histórias que mesclam o momento político do Japão ao ápice dos profissionais Tomadores.
3. ARTE, PURA ARTE
A arte de Hiroshi Hirata é de encher os olhos. Concebido nos primeiros anos da década de 1970, porém, o mangá não passa ares de datado, muito pelo contrário. Como se não bastasse a habilidade nata em roteirizar suas histórias, o autor desenha primorosamente bem, versando dos tons de branco e preto como poucos conseguem fazer.
4. SUCESSO EDITORIAL
Não poderia ser por menos. Hirata é um fenômeno editorial do jidaigeki – gênero referente aos dramas históricos – no Japão, considerado inclusive uma lenda viva. Além de tudo isso, é dito como um dos maiores calígrafos do país asiático, responsável pela criação da caligrafia do título de Akira, de Katsuhiro Otomo.
No Brasil, Hirata faz sua estreia na Pipoca & Nanquim de maneira meteórica: atualmente, O Preço da Desonra lidera a lista de maiores pré-vendas da editora, com quase três mil unidades vendidas antes de seu lançamento, fato que garante novas publicações do autor em terras brasileiras.
Se ainda não leu este mangá, sugiro correr! É favorito na certa!
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https://skullgeek.com.br/resenhas/motivos-para-ler-o-preco-da-desonra-kubidai-hikiukenin-de-hiroshi-hirata/