z..... 06/01/2020
O livro traz abordagens sobre os cristãos dos primeiros séculos, evidenciando o contexto e a vivência que tinham, a partir de registros que deixaram nas catacumbas romanas. A publicação é do século XIX e as reflexões e revelações são inspiradoras para a cristandade.
Nos três primeiros capítulos é destacado o paganismo. Existiam práticas hediondas diversas na época. Além do contexto romano, o autor estendeu a percepção em costumes parecidos pelo mundo e também descritos na Bíblia, chocantes principalmente quando a idolatria era relacionada a sacrifícios humanos. É o que vemos, por exemplo, nos relatos bíblicos sobre Moloque e no costume entre certos povos, de morte da viúva junto com o esposo falecido.
Apesar de não serem citados, lembrei dos livros de Marco Polo e Júlio Verne, que corroboram muito do que foi abordado. Polo registrou coisas como féretro de nobres que ia matando quem encontrasse pelo caminho, e, em relação à Verne, lá no "Volta" tem a história da indiana Auda.
Metaforicamente fiquei com percepção de cenário repetitivo em certas coisas. Está aí a adesão fácil e sequiosa à práticas que só afastam o homem de Deus, enquanto o Evangelho é cada vez mais desconsiderado, caluniado, blasfemado e relegado à obscuridade, como era entre os romanos, mas vivo nos cristãos que se encontravam nas catacumbas, como também é hoje em quem tem essa mensagem semeada e valorizada no coração.
Nos capítulos 4 e 5 o estudo volta-se especificamente ao contexto das catacumbas, a priori cemitérios locais, ecoando, porém, muito da vivência cristã.
O aspecto que me pareceu mais representativo foi a visão de fé atrelada à esperança, a regozijo em Deus, sem se entregar a pessimismo que era instigado de muitas formas. Não era uma fé material, alicerçada em circunstâncias e barganhas como hoje vemos em buscas interesseiras. As lápides dão muito desse testemunho.
Outra coisa curiosa, entre os símbolos representativos da fé não aparecia a valorização de cruzes, como hoje. O que alimentava a disposição da fé forte e constante, não circunstancial, era o apego à mensagem divina, à Palavra de Deus. Precisamos mais disso.
E os capítulos finais dissertam realidade que passou a ser recorrente, sobre a adesão ao paganismo, exatamente quando a base da fé, a Palavra de Deus, passou a ser desvalorizada e colocada abaixo do interesse de líderes corrompidos. Sem ela, muitos costumes e crenças passaram a ter espaço.
Gostei da reflexão sobre o significado de sacerdócio, que exprime direcionamento à comunhão com Deus, através de Jesus. Hoje em muita coisa não há direcionamento à Deus, mas apenas a interesses e manipulações escusas, sem a verdade de Cristo. Isso não é sacerdócio. Sem ele, o paganismo se estendeu e infiltrou na igreja de muitas formas enganosas, em cegueira.
Alguns dos aspectos abordados....
Li a primeira vez em 1990 e a percepção foi diferenciada da releitura atual. Antes fiquei impactado, principalmente, pelos relatos do contexto de época da igreja primitiva. Dessa vez a visão é mais sobre os cristãos. São eles que me impactam com seu testemunho, não o que os afetava. Acredito que esse é o aspecto que o livro deixa um pouco a desejar. Apesar de muita coisa ser dita, a vivência cristã não tem o mesmo nível de detalhamento do que foi exposto sobre o paganismo. Fiquei com essa percepção, num desejo de querer saber mais.
A leitura foi prazerosa como dantes e já recomendei para amigos.