Lina DC 21/04/2019Muito bom!"Filosofia do cotidiano" é uma obra composta por 25 capítulos que dialogam sobre situações, como o próprio título diz, cotidianas.
Com uma linguagem bem simples e textos inteligentes e até mesmo provocativos, o autor Luiz Felipe Pondé, discorre temas como família, filhos, a busca pelos padrões de beleza e até mesmo sobre política.
"Afinal de contas, por que acordar? O sentimento de rotina vem à sua mente assim que aquela fronteira entre o sono e a vigília se torna mais clara. Em meio às memórias da noite e do dia anteriores, sua alma (seria ela imortal ou apenas um emaranhado de substâncias químicas?) busca a segurança do dia amanhecido. A luz sempre traz repouso para quem sofre de alguma forma de medo." (p. 13)
O autor traz de forma descontraída debates inteligentes, que fazem com que os leitores pensem e discutam sobre cada tema abordado.
"Todos buscam o desapego hoje em dia. As redes sociais estão cheias de frases feitas sobre desapago. Desapego combate o colesterol, ajuda a emagrecer, eleva o espírito - ainda que você pague em 10x no cartão a viagem para o lugar em que você desapegará. Em se tratando das redes sociais, não há lugar pior para se buscar o desapego: as redes são o espaço por excelência do apego compulsivo presente na economia dos likes. O tema do desapego é, sim, um clássico na filosofia e na espiritualidade. E, sim, é uma coisa séria. E sim, faz bem ao cotidiano de uma pessoa buscar formas de desapego. A questão é: desapegar do que e como?" (p. 79)
A Editora Contexto realizou um ótimo trabalho com essa edição. Os textos são apresentados em vários formatos, alterando de acordo com o seu conteúdo e chamando a atenção visual do leitor. Para os fãs de livros reflexivos e filosofia, sem dúvida, essa é a indicação perfeita.
"Vivemos num momento de ativa participação do debate político via mídias sociais. Elas são como assembleias em rede, e toda assembleia é pobre em repertório e vocabulário. Quem já esteve numa sabe. A participação política em mídias sociais intensifica a polarização dos ódios, mas não garante a participação institucional. Pelo contrário, as redes tendem a desqualificar a democracia representativa, privilegiando o populismo. Mas, independentemente das mídias sociais, a participação qualificada na política não parece ser o cotidiano verdadeiro dos eleitores. As pessoas gostam de passar a imagem que estão inseridas na política, mas as pesquisas empíricas parecem apontar para outro quadro." (p. 95)
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