Math 17/06/2020
Entre likes e timelines
O livro levanta muitas questões, mobilizando reflexões bem direcionadas sobre os temas da atualidade. Suas metáforas e interpretações são potentes, mas nem sempre dá pra levar 100% a sério, pois elas não parecem ser francas quando postas em relação. A vibe de "diagnóstico" do presente, que pairava em "A sociedade do cansaço", tornou-se, em "No enxame", uma ~cansativa lamentação pelo que deixamos de ser. Essa busca Heideggeriana pelos sentidos originários impede que "o novo diagnosticado" possa significar algo além de "mutilações do que era". Esse sentimento (ligado ao originário) de nostalgia impede que o luto (ligado ao poder-ser-outro) renove, resignifique. Não adianta lamentar que [a partir da internet das coisas] "as coisas que anteriormente eram mudas, começam, agora, a falar" (p. 97), por exemplo. Afinal, como assim elas não falavam, cara pálida? Você mesmo afirmou, usando Heidegger, que era através das mãos que "escutávamos" as coisas, em outras palavras (p. 59). As coisas vibram em outras frequência hoje, tudo bem. Vibram em frequências que trazem consequências negativas para a existência. Sim, tudo bem, mas não só isso.
O que era "não somos mais assim", comparando os dois textos ja citados, tornou-se "poxa, que pena que não somos mais assim!!!"
Enquanto um mobilizador de reflexões, "No enxame" é cirúrgico. Enquanto posicionamento, a atualidade aqui beira um "não merece ser vivida".
Desculpa, Byung, eu só tenho essa atualidade. Embora eu odeie facebook, instagram e skoob, encontrarei no digital, seja lá entre likes e timelines, poder de resistência. E tenho dito.
Olinda, pandemia 2020.