Alane.Sthefany 08/10/2023
Grama - Keum Suk Gendry-Kim
Esse HQ me fez chorar três vezes, além de me emocionar, me deixou extremamente revoltada com o que os japoneses fizeram com o povo coreano, muitos enterrados ainda com vida, outros sendo queimados vivos em grupos após jogar líquidos inflamáveis.
Além das condições precárias daqueles que os japoneses deixaram "sobreviver", deixando-os passarem frio e fome, dando apenas sobras e comidas estragadas, ainda eles eram forçados a trabalharem pesado, ao ponto de muitos morrerem durante o serviço; nem mesmo tinham o direito de tomarem banho. Sem mencionar o quão desumano era o modo que tratavam as mulheres coreanas, como escravas sexuais dos soldados, muitas eram tão novas que nem chegaram a menstruarem ou terem o conhecimento do que era uma menstruação, no entanto, eram obrigadas a receberem de 30 a 40 soldados por dia, tratando-as pior que um animal, que até mesmo uma olhada diferente, acabavam sendo espancadas, matando aos poucos a pessoa em vida e a sua vontade de viver:
"É por isso que tantas mulheres se matam depois. Eu também não quis viver. Mas também não conseguia me matar. Por mais que eu quisesse morrer, não fui capaz disso. Se bem que eu já não estava mais viva, mesmo respirando."
Mesmo depois da libertação, após a bomba de Hiroshima e Nagasaki, em que os japoneses se renderam, os donos dessas casas de "mulheres confortos" (eufemismo para escravas sexuais) fugiram e deixaram as meninas presas, e durante dias, sem comer, elas nem ao menos tinham conhecimento do que tinha acontecido e que poderiam sair para fora ao encontro da sua tão sonhada liberdade; foi por acaso que um homem estava passando aos arredores, que avisaram-nas que a guerra tinha acabado e que elas já estavam livres, mas para onde ir, quando já não se sabe ou conhece onde estar, sem dinheiro, comida ou família?!
Elas foram abandonadas e deixadas para morrer à míngua. E por consequência da escassez de comida, todas tiveram que se separarem para sobreviver ou conseguir ao menos uma colher de comida mendigando, já que em grupos não conseguiam nada e logo todas morreriam de fome.
E as últimas palavras antes dessa separação, após passarem várias dificuldades juntas durante os anos de guerra, foram:
"Sobreviva."
"Você também, você precisa sobreviver."
Que despedida e adeus mais triste!
Difícil é depois disso tudo, com o cenário todo destruído, sozinha, sem dignidade alguma, já que muitos ao descobrirem que eram escravas sexuais durante a guerra (mulheres conforto), as tratavam como lixo, sendo que elas foram sequestradas e muitas enganadas prometendo empregos, sendo depois obrigadas/forçadas a serem tratadas como objeto sexual dos soldados, e exploradas por pessoas que recebiam dinheiro a custa delas; e nem mesmo comida boa ou banho elas tinham direito, umas até contraíram doenças sexualmente transmissíveis, e somente aí, eram observadas por médicos, já que nesse estado, elas não poderiam receber mais soldados e os donos dessas casas continuarem faturando dinheiro, de resto, quando a doença não era sexual, não se importavam, pois o importante era os trabalhos sexuais que elas eram obrigadas a prestar.
Algumas chegaram a engravidar e mesmo assim, ter que receber os soldados até o oitavo (8) mês de gestação, e após dar a luz, o filho ser tirado dos braços da mãe, ficando apenas alguns dias recuperando do resguardo, para servir novamente de escrava sexual para os soldados, sentido dores e sangrando muito durante o ato.
Muito revoltante ler esse HQ. E descobrir o quão longe o ser humano pode chegar e quão podre ele pode se tornar, mostrando essa parte obscura da história.
Depois desse HQ, quero muito ler o livro "Herdeiras do Mar", que fala sobre esse contexto histórico, em forma de ficção.
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Quotes ?????
É por isso que tantas mulheres se matam depois. Eu também não quis viver. Mas também não conseguia me matar. Por mais que eu quisesse morrer, não fui capaz disso. Se bem que eu já não estava mais viva, mesmo respirando.
A gente só morre uma vez na vida.
Eu nunca conheci a felicidade. Nunca, desde o momento em que saí da barriga da minha mãe.
Eu tinha tanta inveja das outras famílias, que se reuniam na mesa de jantar e conversavam sorridentes.
Mesmo derrubada pelo vento e pisoteada por muitos, a grama sempre se reergue.