J.F.Pagotto @biblioteca.eterna 06/03/2020Um honesto mistério de investigaçãoMichael Connelly se consagrou como um dos grandes escritores de mistério investigativo na
era atual. Trouxe ao mundo Hieronymus ?Harry? Bosch, um veterano do Vietnã que construiu
uma grande carreira como detetive. Em O Quarto em Chamas vemos a experiencia deste
detetive já término, mas não longe de seu auge.
Bosch trabalha no passado acima de tudo, cuidando da área de arquivos arquivados ele
procura os culpados de crimes de décadas que achavam que estavam livres da lei. Junto com
Soto, uma detetive novata que tem dividas com o passado, eles seguem um tiro acidental que,
dez anos depois, levou um homem a morte e, junto a isso, desenterram a infância da detetive
na esperança de um final para seus pesadelos.
Foi a minha primeira experiencia com o autor, devo dizer que o gênero de mistério
investigativo se tornou muito raro no meu cotidiano. Connelly tem modo operante muito
diferente da maioria dos escritores de thriller, por ser um ex-policial, sua escrita tem um tom
de verossimilhança muito grande. A história é crível, não segue modelos taxados de grandes
descobertas, reviravoltas chocantes e finais absurdos com tiroteios e mortes. Aqui são os
pequenos detalhes que contam, o trabalho honesto de muitos órgãos policiais, tudo
apresentados com calma e detalhismo, em um tom respeitoso. A história se torna parada em
certo ponto, fato que pode levar alguns a desistirem , mas fluiu muito bem e simplesmente foi
difícil não ir além da minha própria meta diária.
No início, o fato de este ser o 17º livro com o personagem Bosch me incomodou bastante. Não
ter certeza se a veia principal podia ser atingida sem ter lido as obras anteriores é uma grande
preocupação. Mas a história é muito independente. Somos apresentados a um detetive
experiente, a beira da aposentadoria, suas experiencias anteriores, seus relacionamentos, sua
família, tudo é passado de maneira simples e encaixa sem necessitar de muitos detalhes na
história. Claro que ficamos animados para novas experiencias com o personagem e com o
autor, mas esse é um dos intuitos por trás da escolha da TAG.
Algo muito interessante é o fundo político-social que a obra ganha. Tendo o cenário de uma
Los Angeles atual, questões sobre diferenças sociais e étnicas são muito abordados. Isso da
peso a leitura, e mostra um caminho contrario a maioria do gênero, pois a LA dos thrillers é
das celebridades, dos ricos, de Hollywood. Mas aqui o autor nos dá detalhes dos subúrbios, do
dia a dia de pessoas comuns que fazem o possível para sobreviver.
Talvez somente o final não me agradou muito. Existe a fidedignidade a realidade, mas é muito aceitável um pouco de drama em cenas finais para, digamos,"fechar com chave de ouro". Mas é apenas um detalhe nesta obra fantástica do Thriller policial