Léo 12/07/2012
Reinaldo Moraes conquistou seu reconhecimento na década de 1980, junto com seus contemporâneos Marcelo Rubens Paiva e Caio Fernando Abreu, por seu livro de estreia, Tanto faz, publicado em 1981 pela Brasiliense, que trazia uma linguagem despojada e sem papas na língua, em um estilo minucioso e perfeccionista influenciado por Machado de Assis e pela Beat Generation de Kerouac, Ginsberg & Cia., numa mistura que merece atenção. Após seu segundo livro, Abacaxi, ficou dezessete anos sem publicar ficção, até que lançou, em 2003, o romance juvenil A órbita dos caracóis. Apesar de migrar para um público mais novo, a pujança de seu texto se manteve mesmo com a atenuação de termos e conceitos mais pesados, impróprios à faixa etária a qual o livro se destina. Mas seu estilo contundente, alegórico, sarcástico e detalhista permaneceu intacto, carregando o DNA que o consagrou como escritor inovador que é. Neste seu terceiro livro, Reinaldo nos apresenta Juliana, uma bela e sofisticada garota paulistana que domina tudo relacionado à informática, e seu namorado, Tato, um bioquímico às voltas com uma misteriosa epidemia de intoxicação alimentar que assola a cidade. De maneira inesperada e misteriosa, os dois se veem diante da morte de um estranho numa ruela do centro de São Paulo, que acaba revelando conexões com caracóis franceses e satélites artificiais de grandes corporações internacionais. O bom humor e as descrições imagéticas dão a tônica deste romance que, apesar de destinado aos jovens, também tem grande capacidade para agradar adultos. Reinaldo constrói sua narrativa como num filme, principalmente nas cenas de ação, que carregam emoção e deixam o leitor preso na cadeira, além dos diálogos, entrecortados por observações agudas que conferem vivacidade à obra. Uma história divertida e empolgante daquelas que é difícil parar de ler, própria para despertar a afinidade de jovens a partir dos 14 anos.