spoiler visualizarPrefácio às Claras 19/12/2021
"A guerra, porém, não só destroça corpos ceifados pelas metralhadoras e pelas explosões. Também aniquila a sensatez, mata as almas."
Edita Adlerova, Dita para os íntimos, é uma menina de 14 anos que, assim como milhões de inocentes, foi enviada junto com sua família para Auschwitz, e arriscou sua vida ao aceitar o cargo de bibliotecária do bloco 31 onde seria responsável por manter em segurança os oitos livros que compunham a biblioteca da escola criada por Fredy Hirsh, cujo objetivo era manter uma certa normalidade na vida das crianças.
O livro menciona os horrores vividos pelos prisioneiros e o sofrimento de serem abusados, mortos e negligenciados por conta de uma segregação de raça e gênero que nunca deveria ter existido. Auschwitz se tornou uma biblioteca de vidas, repleta de histórias com linhas tristes e folhas marcadas. Assim como os livros, esses inocentes foram perseguidos por pura ignorância. E, ainda que seja uma história forte e difícil de ser digerida, o autor conseguiu usar a importância da literatura e as sensações que ela nos causa para criar momentos de ternura e beleza em meio a uma realidade de dor, sofrimento e terror.
Dita foi uma menina corajosa, forte e de uma maturidade que talvez em situações normais não seria típica da sua idade. Os momentos com seus pais e sua amiga Margit foram responsáveis por me lembrar que ela, assim como tantos outros, foram crianças privadas de sua inocência. A menção de autores reais como H.G. Wells e Franz Kafka e obras clássicas como o “Conde de Monte Cristo”, nos traz a realidade que o livro, embora um romance, foi baseado em uma história real e faz de “A Bibliotecária de Auschwitz” uma homenagem do autor a tantas vidas perdidas e a tantas pessoas que assim como Dita, conseguiram sobreviver ao que sem sombra de dúvidas, foi a maior mancha da história.
“Dita quer escapar da odiosa realidade desse campo que matou seu pai, e sabe que um livro é um alçapão que leva a um sótão secreto. É um mundo à parte, no qual podemos nos refugiar.” P. 186
“Ao longo da história, todos os ditadores, tiranos e repressores, fossem arianos, negros, orientais, árabes, eslavos ou de qualquer outro tom de pele, defenderam a revolução popular, os privilégios das classes nobres, os mandamentos de Deus ou a disciplina sumária dos militares. Qualquer que fosse sua ideologia, todos tiveram algo em comum: sempre perseguiram os livros com verdadeira sanha. São muito perigosos, fazem pensar.” P. 13