Mikaelen.Bezerra 24/04/2024
Bem melhor do que eu esperava.
Quando eu ouvia ou lia comentários sobre esse livro, geralmente eram em sua grande parte reclamando sobre ele ser muiiiiitooo lento e chato. Então eu comecei ele com um pé meio atrás, esperando já ficar muito entediada. Porém foram preciso só algumas páginas para mim perceber que este era um livro com uma abordagem um pouco mais diferente do que eu estava acostumada vindo da Agatha (em alguns aspectos). Essa diferença de abordagem que foi, pelo que eu notei, o principal motivo de as pessoas não terem gostado, no meu caso foi o que mais me encantou no livro.
Em "A Mansão Hollow" a autora aposta em uma escrita não mais lenta, mas sim mais detalhada e aprofundada sobre os principais personagens e suas personalidades. E esse foi o ponto alto do livro para mim. Enquanto eu lia as primeiras páginas, em nenhum momento eu me senti incomodada pela demora do assassinato (é bem demorado mesmo) pois eu realmente estava amando todo aquele foco que a Agatha estava dando para a construção das características psicológicas de cada pessoa, de uma maneira que ela nunca tinha feito (pelo menos não em algum livro dela que eu já tenha lido). Então, eu nunca pensei que diria isso, mas o mistério não foi o que mais me empolgou aqui, por incrível que pareça.
Em alguma das atualizações que eu fiz enquanto lia, eu acho que escrevi que este livro tinha o personagem que eu mais odiei e a que eu mais amei em todos os livro que eu já li dela. E é verdade. Aqui em "A Mansão Hollow" todos os personagens são muito bem desenvolvidos e cativantes, porém tenho destaque para dois que realmente me causaram emoções mais fortes. A Henrietta e o John. MEU DEUS como eu amei odiar o John e amar Henrietta. Esses personagens sozinhos são melhores e mais complexos do que alguns livros que eu já li por aí (inclusive da mesma autora).
O John é um personagem detestável em nível altíssimo, com falas e atitudes extremamente problemáticas, mas que de algum jeito ainda conseguia cativar todos em volta dele, tanto negativa quanto positivamente. E isso me revoltou de um jeito absurdo durante a leitura. Como pode um sujeito tão nojento ter uma aura que deixa qualquer mulher apaixonada e obcecada por ele? Eu acho que eu nunca torci tanto para um personagem ser brutalmente assassinado em um livro da Agatha igual eu torci aqui.
E a Henrietta? Que personagem mais cativante e apaixonante que é a Henrietta. O fato de ela ser uma artista, e o jeito que a autora encontra de nos mostrar como ela realmente É uma ARTISTA que ama o que faz, e usa a arte como modo de se expressar... lindo demais. Além de ser muito inteligente. O único defeito dela foi amar demais alguém que não merecia. De resto ela é perfeita. Definitivamente a melhor personagem sem ser detetive criada pela Agatha.
O mistério é bom, mas nada muito surpreendente ou intrigante. Como eu disse, não foi o que mais chamou minha atenção. As dinâmicas e relações construídas em torno dele foi o que mais gostei. Achei o Poirot um pouquinho deslocado aqui nesta história também, mas talvez seja só impressão minha.
Portanto, a história é muito boa, e eu julgo sim qualquer leitor de Agatha que não dê o devido valor a ela. Essas pessoas não sabem acompanhar uma boa construção de personagens e ambientação. Aqui a autora se propôs a fazer algo um pouco mais diferente e foi sim muito bem sucedida. Então eu recomendo sim que leiam (com paciência).