spoiler visualizarlari 05/06/2022
As brumas de Avalon
Todo mundo conhece a história do rei Artur. Eu mesma conhecia apenas o básico: sabia sobre a espada, a Távola Redonda e conhecia Morgana.
Mas Morgana era sempre falada como uma feiticeira maligna. E eu, que nunca fui a fundo pra descobrir mais sobre a história, acabei acreditando nisso também.
Mas é sempre assim, uma mulher é sempre vista como uma bruxa má. "E no que diz respeito a feitiçarias... bem, há padres e pessoas ignorantes, que estão sempre prontos para gritar feitiçaria se uma mulher é um pouco mais esperta que eles!"
O livro começa contando a história de Morgana desde criança. Passa pela narração de diversas mulheres: Igraine, Viviane, Morgause, Gwenhwyfar e a própria Morgana. É uma história contada através do olhar dessas mulheres, mas mais do que isso é a jornada espiritual de uma mulher em específico.
A discussão sobre religião é sempre visível ao decorrer do livro. É um embate entre o cristianismo e o paganismo. A personagem que mais me encheu a paciência em relação a religião foi a Gwenhwyfar. Ela se dizia uma cristã devota, criticava e detestava a religião de Morgana, a todo momento afirmava que sua religião era a única, e que os que não seguissem ela iriam para o inferno. Acontece que Gwenhwyfar era uma grande hipócrita: odiava a Deusa e as sacerdotisas de Avalon, mas pediu a Morgana que fizesse uma "feitiçaria" para seu propósito; criticava Morgause e Morgana por terem amantes, mas ela mesma se deitava com Lancelote quando estava casada com Artur. Gwenhwyfar trouxe a tona todo o ódio que eu nunca soube que poderia sentir por uma personagem. Ela era simplesmente detestável, hipócrita, estúpida e fraca. Odiei ela desde o primeiro momento que apareceu. Lancelote foi um idiota por se apaixonar por ela e por cometer tantos erros por ela... Nunca gostei muito de Lancelote e nas partes finais do livro passei a detesta-lo. Mas no final ele era só mais um homem adorado e conhecido por todos que por dentro era fraco e triste.
E no final Gwenhwyfar só era uma mulher fraca e triste também. Ainda que eu a odiasse, em alguns momentos pude entender suas razões, mesmo discordando com elas.
Morgana se tornou uma das minhas personagens preferidas. Ela definitivamente não é perfeita, inclusive houveram muitos momentos em que a odiei, mas a jornada dela é muito bem construída e até mesmo inspiradora. Ela é incrível.
Esse livro é incrível. Foi uma leitura muito, muito prazerosa. Nesses últimos dias engatei na leitura e simplesmente não consegui parar de ler. Eram tantos acontecimentos que eu não achei que fosse ter fim. Recomendo demais.
Mesmo tendo Gwenhwyfar incluída, foi ótimo ter esse contato com a história arturiana através da visão feminina. Acho que se eu tivesse lido um livro sobre a trajetória do rei Artur contado por homens eu morreria de tédio.