Inveja e Gratidão

Inveja e Gratidão Melanie Klein




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Cesinha 28/03/2024

Travessia da fantasia em termos kleinianos
Em termos bastante gerais, mas úteis para condução de uma psicanálise, o final de um tratamento (em termos kleinianos) seria a travessia da posição esquizoparanoide para posição depressiva. Interessante o uso da palavra 'posição', que passa uma ideia de fluidez possível, um posicionamento que pode ser manejado pela própria pessoa ao longo da vida. Claro que depressão aqui não é a doença psiquiátrica, mas uma certa receptividade interna ao mundo externo que pode ser agressivo conosco mas que temos agora instrumentos para responder a essa hostilidade.

posição esquizoparanoide: Klein considera que desde o nascimento já há um ego/eu suficiente para experimentar a ansiedade, usar mecanismos de defesa e formar relações de objeto primitivas na fantasia e na realidade porém imaturo. Quando confrontado com a ansiedade produzida pela pulsão de morte, o ego deflete, parte em projeção (expelindo a angústia), e outra em agressividade (atacando o objeto angustiante, como o seio materno). Neste confronto do ego imaturo com a realidade hostil uma resposta possível do bebê é idealizar um objeto que o preserva, o 'seio bom' para sobreviver ao objeto que o quer destruir, o 'seio mau'. As fantasia do ego ideal podem ser expressas nas experiências gratificantes recebidas da mãe real enquanto as fantasias de perseguição são expressas nas experiências de privação e sofrimento atribuídos pelo bebê aos
objetos persecutórios. A passagem para a posição depressiva ocorre quando há predominância das experiências satisfatórias.

posição depressiva: em 'boas condições' (suficientemente boas, diria Winnicott), o 'seio bom' e impulsos libidinais são mais fortes do que o 'seio mau' persecutório. Sentindo que seu
ego está mais forte ele se sentirá menos temeroso de seus impulsos maus e terá menos
necessidade de projetá-los. A projeção e a divisão diminuem e o impulso para integração
do ego e do objeto se tornam preponderantes e permitem ao bebê reconhecer a mãe com intermediações fantasiosas menos ansiogênicas, porém ainda assim ambivalentes. Acontece que antes não havia ambivalência e contradição, apenas idealização no 'bom' ou 'mau' absolutos. O bebê começa a perceber que ama e odeia a mesma pessoa e que ele também é apenas um com ambos os sentimentos.A experiência da depressão faz com que o bebe deseje reparar esse objeto, restaurar e recuperar os objetos amados perdidos. Acredita que seus ataques destruíram o objeto e que seu amor pode desfazer os efeitos de sua agressividade. A posição depressiva nunca é plenamente elaborada, a vida adulta sempre contém as experiências da infância, as ansiedades relativas a ambivalência e culpa, bem como as situações de perda.
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