EXO

EXO Mário Bentes




Resenhas - EXO


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Paulo 28/04/2019

Uma das perguntas mais frequentes que nos fazemos é se estamos sozinhos ou não no universo. Desde que descobrimos o espaço e as diversas galáxias que compõem o universo, imaginamos se não haveriam outras formas de vida habitando algum outro planeta. Desde homenzinhos verdes passando por seres devoradores de carne, já imaginamos inúmeras versões diferentes dos mesmos. Inclusive fantasiamos de diversas formas como o nosso contato com eles se daria. Mário Bentes cria uma dessas histórias, mas coloca diversos pontos interessantes para pensarmos.

A narrativa do autor segue quase que como um relato de pesquisa ou um memorial de pensamentos. O narrador descreve como ele se posiciona a respeito do tema e vai elucubrando a partir da evolução da história. Esta segue três atos distintos: a negação, a dúvida e o contato. No primeiro capítulo, o narrador segue fazendo diversas afirmações de que realmente estaríamos sozinhos no universo. Ele segue provando por A + B que depois de tanto tempo se não encontramos ninguém, é porque somos de fato os únicos seres sapientes existentes. Mas, com o surgimento de alguns dados ele começa a se questionar se isto seria real a partir do segundo capítulo. E aí a maior dúvida passa a ser se estes seres seriam ou não parecidos conosco. Ele vai fazendo diversas teorias sobre como seria a estrutura corporal destes possíveis seres ou se até seríamos capazes de compreendê-los. Na terceira parte vemos a chegada destes seres e como a nossa vida passa a ser modificada por esta súbita presença.

Fica aquele alerta para os leitores buscarem o que o Mário está dizendo nas entrelinhas. Convido até para que vocês façam uma segunda leitura após terminar de forma a repassar aquilo que foi posto na narrativa. Isto porque com a revelação, alguns pontos se tornam mais claros em uma segunda leitura. Eu gostei do encaminhamento da história e de como o autor vai colocando uma dúvida em nossas mentes. A gente sabe que se trata de uma história de contato, mas a narrativa é trabalhada de forma a fazer com que a gente duvide que esse contato vai se dar de fato. A gente só começa a ter uma clareza de que isto vai realmente acontecer lá pela metade do segundo capítulo. É um jogo de vai e vem que mantém o leitor preso à narrativa.

Não há necessariamente personagens aqui. Como se trata de um relato, eu cheguei até a duvidar da confiabilidade do narrador em um determinado momento. Isto porque se trata de uma espécie de narrativa em primeira narrativa (digo espécie porque ela não é narrada a partir de um eu ou um mim). A escrita propriamente dita é muito boa e apesar do emprego de algumas expressões que o Mário criou para a narrativa, no geral, dá para entender muito bem. A história é autoencerrada em si própria, sendo algo mais reflexivo do que uma narração em si.

A questão principal que o Mário coloca em Exo é como os alienígenas enxergam os seres humanos. Costumamos sempre enxergar situações de contato a partir da nossa perspectiva em relação a eles, e quase nunca o contrário. Será que paramos para pensar que somos apenas pequenos grãos de areia em um universo gigantesco? Que por sermos grãos de areia, não sejamos tão interessantes ou avançados ou até sapientes o suficientes para entendermos os mistérios do universo? Chega a ser desconcertante compreender ou realizar algo que pode estar próximo à realidade. Que, talvez, na história de nosso planeta, mesmo daqui a bilhões de anos, alienígenas não se interessarão por nós. E que quando ou se isso acontecer, nossa realidade e nosso papel no universo pode mudar inexoravelmente.

Exo é um excelente exercício de reflexão sobre a vida alienígena no universo. É uma história objetiva que não realiza grandes firulas, mas que consegue tocar o leitor de uma forma curiosa. Fazer-nos pensar é um dos objetivos da ficção científica. Boas histórias são aquelas que ficam marcadas em nossas mentes. E, certamente, essa é uma destas histórias.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Roger 08/10/2021

Uma breve história em Gliese
Com estilo poético esta obra científica faz emergir a emoção mais latente em nós que apreciarmos este estilo, a reflexão filosófica.

A breve história passada no planeta Gliese 581 g revela um protagonista sem nome que te conduz de forma quase passiva a um desfecho inusitado.
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