Rosa254 28/03/2022
A busca por quem nós somos é diária e incansável.
O livro reúne as perguntas feitas pelo ser humano desde que mundo é mundo. Questões feitas por grandes pensadores ao longo da história humana. Pense nas inquietações que enfrentamos diante de uma crise existencial e some à isso o rigor científico do Pedro Calabrez com as provocações do professor Clóvis. Pronto, agora você sabe como é o livro.
Inicialmente, por conta do título, me equivoquei achando ser um livro de autoajuda. Ainda bem que passa longe dessa direção. O que temos aqui são um encontro de explicações filosóficas e científicas (sim, com a divisão de fala entre os dois autores) com linguagem acessível para que todos consigam entrar nesse universo de autoconsciência.
Gostei muito da separação em três partes.
A primeira parte introduz o princípio norteador da nossa experiência e o que nos move: o mundo, os desejos e os prazeres.
A segunda parte desenvolve a filosofia, o que permite uma apresentação do Estoicismo que irá render muita discussão (será que conseguimos mesmo ser desapegados?), além de explorar concentiso como o amadurecimento das emoções, a morte, Deus, finitude da vida. Não dá para falar sobre existência humana sem passar por esses tópicos elementares.
A terceira parte é um convite para os temas chave das nossas dúvidas: o amor, a liberdade, o poder, a felicidade. De novo, foi muito bom finalizar o livro discutindo felicidade. Nunca é tarde para lembrar que se trata de uma construção - e tudo está em suas mãos. Bom... quase tudo.
E finalmente, posso dizer que foi uma leitura agradável. Não senti o tempo passar, apesar de trazer conceitos densos e teorias, o livro consegue ser leve (inclusive pelas situações citadas pelos professores, que a todo momento se aproximam do leitor, se colocando vulnerável e humanizando).
Recomendo para todos que acreditam que a busca por quem nós somos é um feito diário e, portanto, incansável.
Deixo um trecho da Parte 2 "O cosmos e a vida humana" como degustação:
"Passear pelo cérebro é visitar as raízes de quem somos. Jornada importante. Talvez essencial para uma vida plenamente humana. Da próxima vez que deparar com a foto de um cérebro humano, faça a seguinte reflexão: Aquele e cérebro foi uma vida. Como a minha e a sua, repleta de altos e baixos. Houve amor, mas também houve ódio. Momentos alegres, sorrisos e risadas de doer a barriga. Tristezas, angústias, lágrimas e dias que não dava vontade de sair da cama. Preguiça de ir ao trabalho, empolgação com uma notícia boa, saudade do abraço de alguém. Algumas certezas e muitas dúvidas. Curiosidade, reflexões profundas e indagações existenciais. Tudo isso contido em 1,3 quilograma que cabe na palma da sua mão."