Rafael 17/10/2022
Bastidores da vida
De acordo com a mitologia grega, as ninfas são a personificação da fertilidade da natureza, sendo as musas, entidades a quem eram atribuídas a capacidade de inspirar a criação artística, uma de suas manifestações.
Para alguém como Numa, um deputado visto por todos como inexpressivo e cuja opinião era totalmente vinculada à vontade de Cogominho, líder de seu partido político, qualquer ato que destoasse da sua passividade natural seria um grande acontecimento, trabalho próprio de uma ninfa!
Na Câmara, um discurso surpreendente proferido por Numa evidenciaria essa relação, sobretudo pelos esforços prévios de revisão do texto atribuídos a Edgarda, sua esposa e admiração maior.
Mas como na Bruzundanga, terra de confusões, nada é o que aparenta ser.
Em "Numa e a Ninfa", escrito por Lima Barreto no semanário A.B.C. (15 de março a 26 de julho de 1915), com humor e bastante ironia, o leitor é transportado para os bastidores políticos da Primeira República, campo fértil para mandonismos, conluios, sonhos e mentiras.
CURIOSIDADE: minha experiência de leitura foi com a edição limitada da Carambaia, que conta com ilustrações organizadas em sequência. Quando o volume é folheado rapidamente, gera-se o efeito legal e ilusório de movimento ("flip book").