Resenhas - Instrumental

Rafa 09/10/2021

Corajoso
Um relato poderoso e corajoso sobre a vida de uma vítima do abuso sexual. Ao mesmo tempo em que grita sobre as atrocidades cometidas por pedófilos e os seus efeitos devastadores, James Rhodes consegue traduzir, de forma apaixonada, a magnitude da música clássica.

Pandora 26/06/2017

Quando decidi ler "Instrumental" me disseram 10 vezes: "Jaci, esse livro é pesado.". Realmente, não vou enganar ninguém, o livro não é só sincero, pungente, esperançoso, entusiasmado e emocionante, ele também é pesado. E enquanto escrevo esta resenha escuto "Bach-Busone, Chacona" interpretada pelo James Rhodes e me pego chorando em silêncio sobre o peso dessa história todas as lagrimas que não chorei enquanto lia o livro.

Em "Instrumental" Rhodes nos conta sua história de uma forma muito forte, sem cortar as piores partes dela, sem omitir suas dores, erros, pecados e vícios. Ele abre seu coração sem o minimo pudor e nos conta o lado B de sua história, de sua personalidade de sua forma de lidar com a vida. Nos informa com muita sinceridade sobre a crueldade do estrupo que sofreu durante sua infância e de como isso destruiu profundamente a curto, médio e longo prazo as melhores coisas de sua vida.

Não há espaço para hipocrisia no relato de Rhodes, ele conta tudo, de como ser vitima de um monstro durantes vários anos transformou ele de um menino plenamente feliz em uma criança introspectiva e infeliz e afetou das piores formas possíveis sua vida adulta. Ter sido continuamente estuprado durante vários anos de sua infância foi determinante para torna-lo uma criatura autodestrutiva, volátil, com transtorno pós-traumático, tendência ao suicídio, automutilação e milhares de coisas mais.

"Instrumental" funciona como uma Caixa de Pandora na qual você vai encontrar os demônios do artista, mas não é só isso. Rhodes também nos conta como consegui sobreviver as suas dores, eles nos oferece um relato de amor desesperado, puro e pulsando a música clássica. Se por um lado é destruidor ler sobre seus abusos e as consequências, é lindo ler sobre as opiniões de James sobre a música. A força com a qual ele ama a música clássica nos impulsionar a amar também. Ele nos instrui, nos toca, nos motiva a ouvir Bach, Beethoven, Ravel, Chopin, Morzat, Richmaninoff.

No inicio de cada capitulo de sua história ele nos apresenta uma peça de alguns dos mais celebres instrumentistas da história da humanidade e nos fala do contexto da produção daquela música e a história do autor. Da mesma forma que me sinto intima de meus autores favoritos, ele se sente intimo de seus músicos e falando deles com tanta paixão me fez pela primeira vez na vida me sentir próxima dos grandes músicos e perceber o quanto eles eram humanos, frágeis, genias e tocantes.

James Rhodes diz que Bach salvou a vida dele, ouvindo pela terceira vez consecutiva a Chacona enquanto escrevo essa resenha consigo entender o porquê. De repente compreendo o quanto a música clássica é uma das coisas mais lindas já produzidas por nossa especie e me sinto infinitamente agradecida a esse homem por sua coragem de me mostrar isso de uma forma tão sincera. Não tem como não indicar a leitura desse livro, não tem como não amar.

Obrigada a Rádio Londres por ter me proporcionado essa leitura nessa edição tão linda a qual respeita tanto a beleza do livro. É uma delícia ter uma obra cuja capa dialoga tão lindamente com o texto contido no livro.

site: http://www.doqueeuleio.com.br/2017/06/instrumental-james-rhodes-radio-londres-resenha.html

Elaine | @naneverso 31/08/2020

Melhor livro do ano
Visceral, real, emocionante, inspirador, de fácil identificação. Um livro que apresenta muitos gatilhos para todos aqueles que convivem com transtornos mentais, mas que, ao mesmo tempo, dá um toque de esperança de que talvez viver ainda seja possível.

Para quem quiser ler a resenha completa (e diferente dessa pequena descrição que fiz aqui), basta acessar @naneandherbooks no Instagram.

Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Instrumental, James Rhodes - Nota 7/10
A premissa dessa obra autobiográfica é muito interessante: como a música clássica teria - literalmente - salvado a vida de Rhodes, hoje um pianista muito renomado. Quando o autor era criança, foi vítima de abuso sexual por seu professor de educação física por vários anos. Do uso de drogas, internações em hospitais psiquiátricos e 5 tentativas de suicídio, o autor nos conta como esse episódio afetou - e continua afetando - a sua vida. É um relato extremamente perturbador e verdadeiro! A escrita é simples, como se Rhodes estivesse nos contando sua história. No entanto. apesar do que é prometido pela sinopse, senti um pouco de falta do enfoque sobre a música! O autor passa muito mais tempo discorrendo sobre os traumas decorrentes dos abusos sofridos... Não que isso seja algo negativo, mas acaba divergindo do que é inicialmente prometido ao leitor! Acho que se você iniciar a leitura com essa premissa, o resultado pode ser mais proveitoso! Fiquei esperando ao longo do livro essa abordagem da música, mas acabou não chegando... Além disso, a edição da @radio.londres está muito bem feita. No início de cada capítulo, Rhodes discorre brevemente sobre alguma peça musical clássica, o contexto em que foi criada e a história de seu compositor.

site: https://www.instagram.com/book.ster

Thiago 21/09/2020

A biografia mais franca e sincera que se possa ler
Um livro forte, sem dúvida. Capaz de mexer com qualquer pessoa, não é fácil de ler. A dor é tangível nas palavras. A trajetória é igualmente opressiva. Mas sua jornada de redenção é emocionante. A forma como ele conta as histórias dos gênios da música clássica demonstra como o amor pode salvar.
Nunca vi alguém ser tão sincero e, ao mesmo tempo, tão lúcido ao falar de si mesmo como James Rhodes.
Tocante, edificante, emocionante.

Carol 29/05/2017

Intenso...

"Eu me odeio, sou elétrico demais, com frequência digo o que não deve ser dito, coço minha bunda nas horas menos adequadas (e depois cheiro o dedo), não consigo me olhar no espelho sem querer morrer. Sou um palerma, vaidoso, obsessivo comigo mesmo, superficial, narcisista, manipulador, degenerado, chantagista, chorão, carente, autoindulgente, perverso, frio, autodestrutivo."

James Rhodes vem nos contar a história de sua vida em "Instrumental". Ele foi estuprado aos 6 anos de idade, foi internado em um hospital psiquiátrico, foi viciado em drogas e alcoólatra, tentou se matar 5 vezes, mas vem nos falar como sua vida mudou após conhecer Bach e a música clássica.

O que mais me impressionou nesse livro foi a escrita do autor, uma escrita honesta e que tira sarro de si mesmo, como vocês podem ter percebido no quote que coloquei propositalmente, pois, por incrível que pareça, é uma escrita engraçada e que te faz rir ao decorrer da leitura. Ao mesmo tempo que me impactava com uma história densa, me fazia rir com o humor ácido.

Vocês já podem perceber o quanto esse livro é forte apenas de ver a história que nos é contada por James Rhodes, um história real, uma historia chocante, uma história emocionante e uma história inspiradora.

Só posso agradecer a editora @radiolondreseditores pela oportunidade de conhecer essa obra, uma obra que me tirou da minha zona de conforto literária e que me mostrou que mesmo quando você acha que tudo está perdido, mesmo quando você está perdido, você encontrará razões para se apaixonar pela vida novamente e ver que, sim, ela pode ser tão maravilhosa que valerá a pena ser vivida.

site: www.nossaressacaliteraria.com.br

Renata 12/02/2020

Uau
Esse livro é um tapa na cara do próprio autor e na de quem lê!
Adorei a honestidade com que ele trata de assuntos tão delicados - há que se ter coragem para assumir um passado traumático e os erros cometidos na vida adulta.
Não é uma leitura para todos, mas para quem se identifica, fica uma boa lição de superação.

Sarah 01/06/2020

Sem palavras
No início fiquei meio na dúvida se estava gostando, mas ao decorrer do livro, passei a amar.
Tive falta de ar, simpatizei com ele, quis abraçar, ri...

Rhodes parece ser uma pessoa extremamente interessante, daquelas que vocês quer ser amiga, sabe?

Ler o livro me fez sentir em um café, sentada, conversando com ele. Me senti como uma amiga que ele estava compartilhando as merdas que ele passou na vida, tudo que ele lutou e também as coisas boas que aconteceram.

O toque de cada capítulo ter uma música e playlist no Spotify é um amor a parte.

Gostei muito do livro, apesar de ser forte.

Sandrics 02/09/2020

AVISO: Contém gatilhos para uso de drogas, auto mutilação, suicídio, abuso infantil, entre outros.

James Rhodes, pianista consagrado, nos apresenta neste livro a sua história, em diversas partes quase intragável e em outras, cheia de resiliência.

James foi estuprado (parafraseando o próprio autor, a palavra 'abuso' é muito inofensiva para o terror que ele sentiu) quando tinha cinco anos, por seu então professor de educação física, dentro do ginásio da escola. E assim aconteceu por mais cinco anos, sem a intervenção de nenhuma alma bondosa (como ninguém entendeu porque uma criança brilhante de repente se fechou dentro de si?) até que foi enviado a outro colégio.

Essa biografia também é uma declaração ao poder de cura da música. Após todos esses abusos, a mente de James criou inúmeras barreiras: tiques nervosos, TOC, Síndrome de Tourette, vícios, pensamentos obsessivos, automutilação até chegar às tentativas de suicídio. Mas quando ouvia sinfonias clássicas, a mente conseguia divagar sem precisar de nenhum dos artifícios listados acima, então foi a isso que James se dedicou.

Entre clínicas abusivas, medicamentos, terapias, drogas, abandono, ansiedade, relacionamentos que não se desenvolviam de maneira saudável; o autor narra seu relacionamento com a música, como surgiu e como evoluiu, narrando também um pouco da vida de compositores famosos (também com vidas longe de perfeitas, fantasmas, vícios e doenças), nos mostrando o quanto a arte é importante em nossas vidas e como não devemos esperar pela “hora certa” para nos dedicar-mos a ela.

O autor nos conta sobre toda sua trajetória com uma linguagem típica dos ingleses, um humor sádico que muitas vezes me fez pensar “estou ganhando um passe direto ao inferno por rir de um acontecimento tão horrível”. Talvez seja uma tentativa de alívio cômico para uma história dolorosa? Nós fazemos isso, não fazemos? É uma leitura fluída apesar da temática pesada.

Convido vocês a conhecerem a autobiografia do James mas aviso que contém conteúdo sensível.

Você encontra mais informações no site da Rádio Londres. E utilizando o cupom CULTURINHAS você ganha descontooo!

site: https://www.instagram.com/culturinhas/?hl=pt

Vida Literária 02/09/2020

Um Ser Humano Em Cacos
Tenho que confessar que esse livro é bem difícil de se ler por que ele tem muitos gatilhos. Logo pela sinopse nós já sabemos que na infância, o James foi abusado pelo seu professor por muitos anos.

E com isso James teve não só a sua infância usurpada, mas quase a vida inteira. Os danos físicos e mentais causados pelos sucessivos abusos deixaram sequelas irreversíveis e indeléveis. A criança outrora ativa, alegre e talentosa passou a se arrastar e se tornar reclusa.

A cabeça do menino se estilhaçou. E todo o decorrer do livro é James tentando reunir seus cacos, em vão, sem sucesso. E na esteira disso vem a terapia, as diversas síndromes e internações em asilos psiquiátricos. Tudo isso, porque teve sua vontade de viver roubada. E é então que entra em ação a música. Responsável, segundo o próprio autor, de salvar a sua vida.

Ela está em todo o livro, do início ao fim. A música é o fio que conecta todos os âmbitos da vida de James, a família, os amigos, o amor e os negócios. Em meio a todo caos e quando a vida parecia não valer mais a pena, e nós vamos acompanhar cenas muito duras de mutilação e tentativas de suicídio, a música foi o combustível para o recomeço.

O livro possui quase 300 páginas e seus capítulos são divididos por faixas que trazem movimentos de peças musicais. Além disso, é disponibilizada uma playlist pública para você ouvi-las.

Eu super recomendo que você faça a leitura alternada entre escutar o movimento e ler o capítulo. Mesmo que você não seja um grande entendedor de música clássica, a experiência é muito interessante de perceber como a cadência dos movimentos se encaixam com a narrativa.

Bom, acho que é isso, gostei demais da leitura. Eu só faria duas ressalvas: Não leia esse livro pensando que é sobre música, que foi um erro que eu cometi. A música está nas entranhas do livro, mas a história é sobre o James Rhodes. Além disso, o texto do James Rhodes é muito adjetivado e isso cansa um pouco depois da décima vez que ele vai falar de algo e precisa dar 5 características daquilo.

site: http://vidaliteraria.net/instrumental/

spidrgwxn 20/11/2022

obrigada, James.
"O que, com excessiva frequência, deixa de ser relatado, examinado e reconhecido é o legado que fica com a vítima."

conheci o James quando ele fez uma entrevista com o Bial na TV e desde então, fiquei fascinada com a história dele. também sou obcecada por música clássica e já passei por abusos quando criança, então queria muito compartilhar das experiências dele através de sua autobiografia.
comprei o livro dele em 2020 e demorei 2 anos pra ler, pois sabia que só poderia ler uma obra como essa, que poderia causar inúmeros gatilhos e sentimentos ruins, quando estivesse muito bem, preparada e em paz comigo mesma.
o relato de James é visceral, e não porque ele é 'gráfico' ao falar sobre o que sofreu, mas sim porque ele conta o que aconteceu depois; todas as sequelas e mazelas que foram desencadeadas na vida dele por conta disso. a grande maioria das pessoas não entende de maneira nenhuma que o fato, o acontecimento em si de um abuso, é a menor parte de tudo; a pior parte é o depois, de ter que conviver com aquilo, de ter tudo seu retirado e, conforme vai crescendo, você vai descobrindo cada vez mais como aquilo te destruiu em todos os aspectos e setores da sua vida. as pessoas não estão preparadas para ouvir uma vítima de verdade (e nem se importam, pois pensam que o pior já aconteceu, mas o pior de tudo ainda vai estar por vir), e por isso esse livro não é para todos e é cruel porque explica exatamente como cada um se sente.
me identifiquei todas as páginas e em todos os detalhes, nunca imaginei que a experiência de uma vítima é universal para quase todas. foi libertador ver que outra pessoa que passou por isso sentiu exatamente as mesmas coisas que eu, na hipervigilância, no medo, no nojo, na culpa. eu nunca pensei que iria me identificar tanto com alguém.
e ao mesmo tempo é gratificante entender que uma pessoa não pode ser resumida a isso, todos nós somos mais que um trauma, temos gostos e paixões. a música clássica pra mim é uma delas, e também é a paixão de James, que é possível sentir seu amor e seu tesão naquilo somente de ler sobre sua experiência tocando piano. é eletrizante.
minha primeira experiência com música clássica foi quando tinha 9 anos e assisti um concerto de graça por causa de um programa social que levava crianças carentes para ter acesso a música, e foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. pude reviver aquele momento através das páginas de Instrumental, e ver a minha vida através de outros olhos.
só tenho a agradecer por James ter escrito este livro dando sua alma e vida, e espero ter um dia o privilégio de assisti-lo ao vivo, já que virou meu pianista favorito. obrigada, James.

Arthur 30/06/2018

Instrumental: a paixão pela música clássica e o seu poder salvador perante a dor e a destruição
O livro é uma autobiografia do autor, um pianista concertista britânico que sofreu abuso sexual quando criança e encontrou na música clássica forças para continuar vivendo.

Com uma linguagem franca e direta, Rhodes conta sobre os traumas e as consequências do abuso sexual que sofreu desde os 6 anos de idade, quando o professor de educação física se aproveitava de sua ingenuidade e passou a estuprá-lo após todas as aulas durante anos. Sem entrar em detalhes do ocorrido ou descrever as cenas, o autor demonstra que não está a fim de se vitimizar, muito menos dramatizar a crueldade, mas expor o quanto um fato como esse pode destruir a vida de uma pessoa.

Devido ao estupro, ele desenvolveu uma série de problemas emocionais e psicológicos (como TOCs, transtorno dissociativo de personalidade, Síndrome de Tourette, entre outros). Abandonou a faculdade, mergulhou no consumo de álcool e outras drogas, praticou automutilação, cogitou se matar, foi internado em clínicas psiquiátricas, divorciou-se, abandonou a carreira de pianista... mas, graças ao seu amor pela música clássica e à paciência e generosidade de algumas pessoas, resistiu ao círculo de autodestruição no qual havia se inserido, mantendo-se vivo e se reconstruindo.

James Rhodes afirma que Bach salvou sua vida. Ao longo do livro, podemos perceber a paixão que ele sente (e sempre sentiu por música clássica), paixão essa que o move a querer disseminá-la, democratizá-la, retirá-la da redoma à qual apenas a elite intelectual e grã-fina tem acesso. Assim como foi salvo por notas que transmitem sentimentos tão profundos que não podem ser descritos em palavras, ele almeja que muitos outros possam entrar em contato e sentir o mesmo. Seu livro, mais do que memórias de dor e sofrimento, corresponde a um relato apaixonado pela música clássica e acerca do seu poder transformador.

Com uma linguagem profundamente sincera e despojada, o autor passa a sensação de estar em uma conversa diante de você. Seu tom ácido, crítico, sarcástico e extremamente direto apresenta não apenas um relato, mas consegue aproximar o leitor, convencê-lo, apaixoná-lo, instigá-lo a conhecer a música clássica.

Cada capítulo possui como título uma peça musical, sendo introduzido por detalhes acerca da vida do compositor dessa peça e/ou da composição da própria peça. Ademais, Rhodes criou um site no qual disponibiliza o acesso a todas as trilhas apresentadas no início dos capítulos a fim de estimular a aproximação do leitor à música clássica. Não é à toa que a primeira frase do livro é: "Música clássica me dá tesão". Impossível não se sentir envolvido e interessado visto tamanha paixão.

Deisy Sales 30/07/2019

Um relato corajoso e honesto de uma pessoa que passou por uma situação horrível na infância o que teve reflexo por toda sua vida,mas encontrou uma espécie de redenção na música,proporcionando um novo sentido a sua vida!
Recomendo demais!!!