Thamys 27/01/2023
Sim, os gigantes caminharam sobre a Terra
Não é novidade pra ninguém que Mick Wall é meu biógrafo favorito. A pesquisa intensa, a reunião de entrevistas que o próprio fez são alguns dos fatores que faz com que eu leia avidamente seus livros publicados.
E não foi diferente com a biografia do Led Zeppelin. Um calhamaço de mais de 500 páginas, devo dizer que a história da banda é reunida em quase 480 (as restantes se dividem em agradecimentos, bibliografia e índice remissivo). Enfim...
A capa é de um primor com o nome da banda em sua famosa fonte brilhando em tons azulados em um forte metálico, já é um prefácio da história da última banda que podemos chamar de “dinossauros do rock”. O Led Zeppelin teve uma carreira de rápida ascensão, assim como rápida queda. Foram dez anos em que a banda britânica deixou a sua marca na história do rock. Avô do Heavy Metal, do Progressivo, do experimental em vários outros estilos.
Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham ao lançar o primeiro disco em 1969, faziam História. E provavelmente, o célebre guitarrista fazia ideia disso — até porque ele queria isso. Canções como Immigrant Song, Stairway to Heaven, Black Dog, Communication Breakdown e muitas outras, inspiraram futuras gerações — mesmo que elas relutassem em admitir. Voltando para o livro…
Um dos pontos que certamente se destacam nessa biografia, é que em cada capítulo, Mick convida o leitor a mergulhar em todo o caos, magia e fascínio que o Led foi ao simplesmente inserir pontos de vista em itálico e usar o termo “você”. É como se por um breve período, você possa ser um dos 4 integrantes e até pessoas importantes para a história da banda, como o já falecido empresário, Peter Grant. Este é um grande diferencial que o autor coloca até em relação as outras biografias que ele mesmo escreveu.
Às vezes, repetindo alguns fatos, uma ou duas vezes, é incrível que não fica tedioso. Na verdade, a história da banda é tudo, menos entediante. Desprezados pela mídia especializada, processados por plágio por outros instrumentistas (e muitas vezes, com razão), arrastando multidões, a gente é transportado para o início dos anos 60, onde o jovem Jimmy Page começa a ficar frustrado em ser apenas um músico de estúdio. A sua realização, o Led Zeppelin, só ganha forma no final da mesma década.
Mick se aprofunda bastante na história da banda, até em momentos que podem parecer alheios, como o grande interesse que Jimmy Page tem com o ocultismo. Grande admirador de Aleister Crowley, é claro que essa parte religiosa respingaria (ou transbordaria) no Led Zeppelin. Stairway to Heaven até hoje, é uma música com grandes debates sobre o seu real significado. Os símbolos que viraram ícones da banda e representam cada integrante em seu quarto álbum, reforçam mais a influência. Confesso que, de início, estranhei um capítulo dedicado unicamente a falar sobre a biografia de Crowley. Porém, não há como imaginar a figura de Jimmy Page, o líder da banda sem as influências de um dos maiores líderes ocultistas.
Além desse ponto místico, é claro que Mick Wall também não nos poupa sobre um item que se tornaria problema — e provavelmente, foi o ponto chave para o fim da banda: as drogas. Grandes protagonistas dos anos 60 e 70, claro que o Led Zeppelin não passaria imune. As drogas também tomam conta da narrativa, sendo um ator responsável pela queda após a ascensão meteórica que a banda obteve. Confesso que teve momentos, onde estava tão mergulhada na leitura, que é impossível não lamentar qual seria o destino da banda se eles tivessem ido para a rehab, por exemplo. Será que a banda se manteria na ativa até hoje? Bonham, o bruto baterista, mas pai generoso, teria um destino diferente? São perguntas retóricas, mas que é impossível não fazê-las. Ainda mais quando você percebe como as circunstâncias ficaram bastante ruins até que é decretado o fim da banda.
Honestamente, ainda há muita coisa a falar sobre o Led Zeppelin, mas não quero que essa resenha fique (mais) gigantesca. Led Zeppelin - Quando os gigantes ainda caminhavam sobre a Terra não é a minha biografia favorita de Mick Wall, pelo mais incrível que pareça, por alguns pontos como o capítulo dedicado ao ocultismo - eu entendo, ele existir, mas será que era necessário ter um capítulo inteiro? Talvez não. Mas ainda assim, é uma excelente forma de conhecer a história dessa banda que está eternizada na História da Música. Se a banda não existisse, provavelmente outros ritmos como Heavy Metal nunca teriam existido, talvez? Eu recomendo para quem é fã de rock, claro. Mas quem aprecia música, vale a pena dar uma lida.