Juliete Marçal 25/06/2020
"Porque quando há igualdade não há ressentimento."
"Para educar crianças feministas" surgiu a partir de uma carta que a autora escreveu em resposta a amiga que lhe perguntou 'o que deveria fazer para criar uma filha como feminista', essa carta se tornou um manifesto no formato desse livrinho poderoso!
Nesse manifesto, Chimamanda inclui 15 sugestões que ela mesma se diz seguir depois que se tornou mãe. Ela compartilha com sua amiga e claro, com o leitor, seja mulher ou homem, mãe ou pai, orientações que considera fundamentais não só para educar meninas, mas também importantes para a criação de meninas e meninos.
Aqui são debatidos assuntos importantes na nossa sociedade e que surgem durante o crescimento e desenvolvimento de uma criança, durante a infância, a adolescência e que se refletem futuramente na fase adulta e moldam um ser e uma sociedade. Com isso, Chimamanda elenca questões como criação e educação dos filhos, formação igualitária para todas as crianças, feminismo, papéis e igualdade de gênero, racismo, identidade, padrão de beleza, diferenças, casamento, independência financeira e de escolha, liberdade, etc.
"Ensine a ela que papéis de gênero são totalmente absurdos. Nunca lhe diga para fazer ou deixar de fazer alguma coisa 'porque você é menina'. 'Porque você é menina' nunca é razão para nada. Jamais."
Muitas vezes dizemos ou reproduzimos falas sem nos dar conta da sua gravidade, afinal, na maioria das vezes ou nunca paramos para analisar essas atitudes e não percebemos que além de prejudiciais elas interferem na luta de igualdade em um mundo tão desigual. E essas orientações da autora abre a mente do leitor para a realidade de diversas situações que são tão próximas. Uma das questões que ela destaca diz respeito a importância de nunca dizer a uma criança o que ela deve ou não deve, pode ou não pode fazer, pelo simples fato de ser MENINA. É importante dar escolhas para meninas e para meninos, para que eles se tornem quem eles quiserem ser, desenvolvendo todas as capacidades que têm. E para que isso aconteça de uma forma completa, é necessário que nos libertemos das amarras sociais e também do que nos foi ensinado e enraizado nas nossas mentes e do modo de viver desde a criação, estabelecidos por uma sociedade desde sempre estruturada por hábitos patriarcais e misóginos.
"Os estereótipos de gênero são tão profundamente encutidos em nós que é comum os seguirmos mesmo quando são contra nossos verdadeiros desejos, nossas necessidades, nossa felicidade."
Acho difícil ler esse livro e não questionar que nós precisamos rever as nossas posições, - seja como mulher, homem, mãe, pai, tio, tia, como sociedade em geral -, para ajudar a construir um mundo mais justo e equânime em relação às questões de igualdade de gênero. São palavras que nos fazem aprender e refletir. Sugestões completas, educativas e muito bem organizadas e explicadas.
"Se não empregarmos a camisa de força do gênero nas crianças pequenas, daremos a elas espaço para alcançar todo o seu potencial."
^^