Tícia 07/03/2018
Sabe uma pessoa linguaruda?
Que começa a golfar comentário impertinente antes do tempo?
Pois é.
Tá pra nascer uma criatura que chafurda tanto na impaciência literária quanto eu. Se a história começa devagar, se o troço demora a desenvolver, lá estou esguichando rabugice. Ou abandonando o livro alegremente.
Até Wait for it.
Eu nunca tinha lido nada da Mariana Zapata, e decidi pegar esse livro no aleatório. Não demorou muito e algumas coleguinhas gente boa vieram me avisar sobre o estilo da autora, provavelmente por saber que sou xexelenta, uma flor que não se cheire nem por caralho.
Bem, quem me conhece - e conhece Mariana Zapata - sabe que, pelo fluxo natural da vida, não ia dar liga, já que o estilo literário dela é devagar/parando, com metros de detalhes ou reflexão do narrador a cada página.
Coisas que raramente tolero num romance, a não ser que o autor seja muito foda.
Sendo assim, me considerei avisada e prometi abstrair. Sem gracinhas.
Comecei a leitura e, claro, mesmo já sabendo da coisa toda, uma leve má vontade, um leve faniquito começou a criar vida. Mas sufoquei-o até a morte e contra todas as previsões, prossegui a leitura.
Adivinha quem gostou tanto de Wait for it que nem tá acreditando em si mesma?
É uma história muito verdadeira, com pessoas e problemas reais. Não fala de mocinha com beleza transcendental sem uma porra de defeito ou mesmo de mocinho riquíssimo, com pinto e autoestima além da compreensão humana. Não tem esses enredos mirabolantes, com situações que-porra-é-essa.
Tem nada disso.
Os personagens aqui possuem defeitos, inseguranças, problemas que a gente enfrenta nessa vida de merda. E, por isso, é fácil se conectar, criar empatia. E eu totalmente adoro isso. Totalmente amei a história.
Claro que tive de relevar as muitas reflexões da mocinha enquanto narrava - o que quebrava a ação de maneira frustrante, mas é tudo tão bonito, a mocinha é tão gente boa, o mocinho é tão perfeito, que nóis larga pra lá.
Aliás, puta que pariu pro Dallas. Mais um cara fictício que me faz olhar pra realidade com animosidade e profundo ressentimento porque não se encontra homão da porra como ele por aí.
Ou encontra e eu tô dando mole.
:/
E os filhos/sobrinhos da Diana? Nem vou falar nada. Vou deixar pra você, caro leitor, constatar toda a fofura dos dois.
Enfim, gostei de mais da conta.
E deixo aqui um comunicado: da próxima vez que eu começar com avacalhação e escangalhar um livro logo nos primeiros capítulos - quando as coisas mal começaram -, ou quando eu abandonar o bixim sem dar uma chance pra ver se a história desenrola, geral vai me dar porrada.
Se recomendo?
Pra caralho é suficiente?
;)