Rafaela 19/01/2017Índice Médio de Felicidade, uma história aconcheganteAntes de explicar resumidamente a história, gostaria de enfatizar o quão gostosa é a leitura da obra. De início, um pouco confusa pelo fato da editora ter escolhido deixar os termos portugueses no meio do texto, confesso. Porém, conforme a história vai se desdobrando, você nem percebe mais que está lendo "gajo" ou "puto" ao invés de "garoto". E isso é um dos tantos pontos interessantes que a obra traz, pois é explícito, ali, que o português de Portugal é bem diferente do português do Brasil – mas isso a gente meio que já sabia, certo?
Índice Médio de Felicidade conta a história de Daniel, um homem na faixa de seus 30 anos, casado, pai de dois filhos e desempregado. Por conta da forte crise econômica que assola o seu país, Daniel se vê em uma realidade que jamais tinha imaginado – ou, melhor, planejado, já que, em certo momento, descobrimos que ele possui um Plano para toda a sua vida (sim, com P maiúsculo mesmo, já que o Plano é um cadernão onde ele escreve basicamente como toda a sua vida deve ser). Mesmo diante da situação em que se encontra (a mulher com os filhos do outro lado do país, um amigo, Xavier, enclausurado dentro de casa há mais de 12 anos e o outro, Almodôvar, preso há vários meses por conta de um assalto que a crise o fez cometer), ele permanece otimista sobre a vida. Inclusive, antes dessa onda de azar o assolar, ele, junto dos dois amigos, cria um site onde o principal objetivo é fazer com que as pessoas tenham uma plataforma a fim de se ajudarem.
Um ponto bacana para enfatizar aqui é o fato dos personagens serem muito parecidos com as pessoas da vida real. Exemplo clássico é quando nos questionamos sobre como será o futuro de nossas crianças diante de tal situação aterrorizante que estamos vivendo. Para isso, exemplifico rapidamente com as três existentes no livro:
1. Vasco: filho de Almodôvar que, sem o pai, se vê perdido na imensidão que é a vida e acaba tendo contato com pessoas erradas e indo para um caminho totalmente contrário do que dizem ser o correto.
2. Flor: filha de Daniel, se refugia da realidade em meio às palavras, sejam elas em jornais ou livros de ficção.
3. Mateus: também filho de Daniel e, como sua irmã, se refugia da realidade em jogos eletrônicos, ao invés de palavras.
O livro todo é baseado, praticamente, no tal do índice médio de felicidade, que de fato existe e é usado para classificar os países conforme a média de felicidade de seus habitantes. Quem nos apresenta isso é o Xavier e, desde o momento em que o termo aparece, a história toda se volta a ele. De início, os índices dos personagens eram meio pessimistas – segundo a visão de Daniel, o otimista (e talvez o único) -, mas, conforme a leitura, esse índice se eleva a partir de um plot sensacional que o autor nos presenteia já no fim da história.
Índice Médio de Felicidade é, como eu disse lá no início, uma obra primorosa e que deve o seu devido reconhecimento. Primeiro porque retrata a realidade humana de uma maneira natural e sincera e, segundo, porque ela nos traz diversos ensinamentos sobre como a vida deve ser encarada – até mesmo diante dos momentos difíceis e que parecem não ter fim.
Em uma escala de 5 estrelas, David Machado conseguiu facilmente as 5 com essa história. Recomendo – e muito – a leitura! :)
>> Resenha feita originalmente para o site Regra dos Terços.
site:
https://regradostercos.com.br/2017/01/18/regra-resenha-indice-medio-de-felicidade-de-david-machado/