spoiler visualizarmpin 07/03/2019
Provocações sobre o amor
Alain de Botton anda em evidência com seus vídeos do canal do Youtube, School of life, além dos livros derivados do canal. Ou vice-versa, enfim. Mas parece que tudo começou com este livro. Através da ascensão e queda de uma experiência amorosa pessoal, o autor dialoga com filósofos de diversas fases, solta uma provocação aqui e ali, e basicamente conclui que o rigor racional das correntes filosóficas não é o suficiente para buscar parâmetros que se julguem ideais para se amar alguém. Criticado por ser uma espécie de auto-ajuda disfarçada, a obra tem o trunfo de tirar o leitor de sua zona de conforto e nem sempre tenta imputar a ele a única responsabilidade pelos desfechos de seus relacionamentos. Por vezes Alain dialoga com a psicanálise, mas logo volta aos clássicos, e toma a corajosa decisão de derramar todo o sofrimento decorrente do término do relacionamento, para pôr em xeque as crenças que ele próprio possuía. Mais para o final, questiona a impossibilidade de se lidar com o amor como uma questão moral, relativiza a visão ocidental do adultério e demonstra em algumas ocasiões as escolhas e concessões feitas por nós para manter um amor. Alguns neologismos tornam os argumentos dele interessantes, como o terrorismo romântico ou o positivismo emocional. Ele nos lembra que a forma como vemos o amor é fruto do tempo em que vivemos, mas opta por não se aprofundar muito neste viés histórico e se atém mais à filosofia. Mesmo correndo o risco de o texto dele aumentar nosso niilismo em relação ao que sentimos, é uma obra interessante para o leitor colocar em perspectiva o amor que ele julga tão desinteressado em si próprio ou no outro. Afinal, o amor é um problema filosófico como qualquer outro, e o que o torna ainda mais intrigante é como ele subverte, alheio, qualquer racionalização proposta. Uma lógica própria que cabe a cada apaixonado desbravar, como Alain fez, até a sua Chloe o deixar.
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