Queria Estar Lendo 11/02/2022
Resenha: A anatomia de um coração
A anatomia de um coração é um livro YA da autora Jenn Bennet, publicado pela editora Plataforma 21, que pode ser apreciado como uma obra de romance com toques de arte e pinceladas de anatomia.
Beatrix, ou Bex como prefere ser chamada, é uma adolescente com talentos artísticos e uma fascinação pela anatomia humana. Dona de uma estética toda em tons de preto e escala de cinza, que vai desde seus desenhos feitos a lápis até as suas roupas.
Bex sonha que um dia suas ilustrações possam ser usadas por alunos de medicina para estudarem o corpo humano, ter sua arte contribuindo para salvar vidas. Mas para isso primeiro ela precisa ganhar o concurso que acabou de se inscrever, porque precisa do prêmio para conseguir ingressar na faculdade.
É em uma visita ao hospital da cidade, na tentativa de conseguir autorização para desenhar os cadáveres usados pelos estudantes de medicina, que Bex conhece Jack. O garoto alto e com ar misterioso e um estilo totalmente rockabilly¹ logo desperta sua atenção. Principalmente quando, em um descuido, ele deixa cair uma lata de spray dourado.
Acontece que recentemente têm aparecido por toda a cidade grafites em dourado de palavras aleatórias, ninguém sabe o que elas significam ou quem é o autor. A polícia está de olho, querendo pegar o tal meliante. Mas nem isso é o suficiente para impedir Bex de ficar intrigada por ele.
Como em vários outros romances YA, principalmente nos escritos antes de 2016, rola um certo princípio de isntalove² em A anatomia de um coração também. Não diria que é totalmente o caso, pois temos na verdade muito mais um fascínio e interesse mútuo entre os dois do que uma paixão avassaladora ou declarações de amor.
A arte e a estética são partes importantes da história, sendo grandes responsáveis por esta atração inicial entre os personagens. É a partir delas que o romance começa a se desenvolver, quase que em um jogo de gato e rato com Bex e Jack buscando descobrir e conhecer mais detalhes sobre a vida um do outro.
O romance entre os dois é muito fofo e gostoso de acompanhar, sendo bem fiel a idade dos personagens, apesar de ter um ar de algo escrito para conquistar corações e deixar o leitor com um sorrisinho bobo no rosto.
Um dos pontos que mais gostei na leitura foi a condução saudável do romance. Sim eles se encantam rápido um pelo outro e sim temos um pouco daquela inconsequência adolescente onde o primeiro é amor é tudo o que importa, mas ao mesmo tempo tudo isso é apresentado de uma forma coesa e em uma relação bonita de se acompanhar.
A anatomia de um coração se desenvolve sobre três grandes frentes: arte, com Bex participando do concurso e Jack grafitando escondido pela cidade; família, Bex tem problemas mal resolvidos com o pai que abandonou a família alguns anos atrás e também precisa melhorar sua relação com a mãe, e Jack que tem um pai distante e frio e um drama familiar que precisa de atenção; e por fim o romance entre os dois e a forma como seus universos colidem e a partir disso ambos começam a se ajudar a crescer como casal e como pessoas.
Jenn Bennet é uma autora incrível de romance contemporâneo, que sabe dosar perfeitamente as descobertas e encantamento de um novo amor. Tudo isso envolto em uma narrativa leve, divertida e com personalidade.
Outro ponto positivo e que precisa ser devidamente reconhecido é a arte incrível da capa. Carlos Siqueira fez um trabalho lindo e que conversa diretamente com a história sendo contada. De todas as publicações do livro, incluindo a original, a Plataforma21 é a que tem a capa mais bonita e coesa, estão de parabéns.
A anatomia de um coração é uma história tão bonita quanto sua estética, indicada para todes que curtem um romance fofo e que estejam dispostos a se encantar por dois adolescentes apaixonados pela arte e um pelo outro.
¹ rockabilly é um sub-gênero do rock dos anos 50, com uma estética que inclui jaquetas de couro, jeans apertados, camisas brancas e topetes altos. Algumas referências são Elvis Presley, Johnny Cash e James Dean
² instalove é o termo utilizado quando personagens se apaixonam instantaneamente, sem um desenvolvimento inicial
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