Diálogos Socráticos

Diálogos Socráticos Platão




Resenhas -


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Jess.Carmo 03/08/2022

A morte de Sócrates, esclarecimentos sobre a alma e considerações sobre o amor e a loucura
Em Fedro, Sócrates discute sobre o a amor sensual. Para ele, o amor é um desejo. Muitas vezes, o desejo inato por prazeres não corresponde com a opinião adquirida do que é o melhor. Nesse sentido, é necessário aprender a arte da moderação em relação aos nossos prazeres. Só assim teríamos controle de nós mesmos.

Entretanto, o Eros, por ser divino, não pode ser mau. Sócrates assume o mesmo raciocínio acerca da loucura. A loucura, mesmo que seja um estado que nos tira de nós mesmos, nos transmite dádivas divinas.

Também encontramos em Fredo o início da discussão sobre a imortalidade da alma, que irá se estender por todo o volume. Principalmente em Fédon, diálogo que descreve a morte de Sócrates e como ele convence os amigos de que a morte é boa.

"Todo corpo que recebe movimento de uma fonte externa não possui alma, enquanto o que tem seu movimento dentro de si possui alma" (p. 62). A conclusão disso é que a alma é não gerada e imortal. Ela só assume um corpo terrestre quando perde suas asas, dando a esse corpo vida e movimento. Ou seja, o corpo é mortal, mas a alma não. Ela assume a forma corpo, mas não se encerra nele. É necessário reencontrar essas asas perdida, já que é são elas que darão a possibilidade de nos juntarmos ao que é divino. O caminho para que esse reencontro seja possível é o descortinamento da verdade. Portanto, é apenas a alma do amante da sabedoria, a saber, o filósofo, que terá asas.

É por isso que em Fédon, Sócrates constrói todo um discurso para acalmar seus amigos diante de sua morte iminente e demonstrar que ela é o que melhor poderia lhe acontecer. Para ele, a alma se assemelha ao divino e o corpo ao mortal. Nesse sentido, não deveríamos ficar tão apegados ao que depende dos nossos sentidos.

Também é do diálogo de Fedro que vem a máxima de que o corpo é prisão da alma. Para mim, é uma discussão interessante, já que ela se tornou fundamental para o pensamento foucaultiano.
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Na apologia de Sócrates, monólogo em que Sócrates tenta se defender das acusações que lhe são imputadas pelo Tribunal Ateniense, Sócrates refaz o caminho de Querefonte ao oráculo de Delfos. Querefonte, ao indagar o oráculo se avia outra pessoa mais sábia do que Sócrates, escuta que não ninguém mais sábio que ele. Sabemos que o oráculo, muitas vezes, fala em formas de enigmas e é assim que Sócrates irá receber a mensagem. Do que se trata quando o oráculo afirma que não há ninguém mais sábio que Sócrates? Ele, então, resolve investigar entre os profetas, artesãos e poetas se não existe alguém mais sábio do que ele.

Ao se defrontar com os poetas, o filósofo grego percebe que os expectadores conseguem explicar os poemas melhor do que seu próprio autor. Ou seja, os poetas não compõem seus poemas com base na sabedoria, mas por algum talento natural ou por força de inspiração. Damesma forma, os profetas faziam suas profecias sem o menor entendimento do que estavam enunciando. Os artesãos também seguiam o mesmo caminho. Sua investigação leva à duas conclusões. Primeiro, o oráculo queria dizer que a sabedoria vale muito pouco. Segundo, é preciso saber que não se sabe de tudo. Ele percebeu que o que o diferencia desses poetas, profetas e artesãos, considerados por todos como pessoas sábias, é que ele consegue reconhecer que não tendo o conhecimento apropriado de algo, não pensa que tem. É isso que o torna mais sábio do que todos.

Achei curioso que em nenhum momento Sócrates pronuncia a máxima imputada a ele de que "só sei que nada sei". Apesar de isso estar implícito como sentido no texto, ela em nenhum momento é falada.


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Maikom.Abreu 12/10/2022

Diálogos platônicos
Ler o próprio filosofo é melhor que ler sobre o filósofo e sua filosofia. Ao ler Platão, ao ver os diálogos socráticos, sobretudo a Apologia de Sócrates, me senti em um novo degrau, superior ao ponto onde estava ate entao.
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Bruno 10/10/2023

Importante volume com alguns dos mais relevantes textos platônicos.
Fedon e Fedro apresentam aspectos essenciais da metafísica platônica, enquanto os demais diálogos sao documentos ímpares para compreender a filosofia socrática.
Douglas.Benhur 15/02/2024minha estante
Não ficou claro o motivo da nota




Nathan Oak 08/02/2021

Diálogos, conversas e 'causos'
Escrita densa para quem é acostumado com a prosa fluida dos romances de aventuras contemporâneos, como eu. Diálogos importantes para entendermos as bases do pensamento ocidental, como o Fedro, com suas discussões sobre o amor sensual, e a retórica, com suas manifestações na estrutura dos discursos e linguagem científica da época, expressando a opinião de Platão sobre o tema, claro.

Sócrates fora acusado de crimes contra dos deuses da cidade por seus detratores e preparava-se para sua defesa quando encontra Eutífron, que acabara de acusar seu próprio pai de ter assassinado um servo. Mesmo sendo um ato defensável, o de Eutífron para com seu pai, era tido como um ato de moral questionável. Uma atitude não muito piedosa, nos dizeres de Platão. O diálogo é breve, porém carregado de conceitos e discussões rocambolescas sobre costumes, leis, ética e moral.

A Apologia é o livro mais recomendado para se ter uma introdução da filosofia de Platão, na opinião de alguns especialistas, embora eu tenha começado nesse mundo pela República. A Apologia de Sócrates é um monólogo de Platão, exceto pelas respostas dos interlocutores - e acusadores - de Sócrates quando este estava na corte de Atenas diante do júri para sua defesa contra os crimes dos quais fora acusado. era acusa do de sedução da juventude e de impiedade, aparentemente um dos mais graves crimes da cidade onde vivia, por ser perpetrado contra os deuses do Estado. Sócrates já sabe que seu destino está selado e será acusado, por isso não dispensa esforços em defender suas concepções filosóficas e a conduta que deve guiar um cidadão de Atenas. Ponto curioso é que Sócrates se orientou pelo que chamou de dáimon, uma espécie de consciência ou uma divindade menor entre os deuses e os seres humanos que tutelava os indivíduos, e por isso não teria desrespeitado os deuses da cidade, mas estava desempenhando ações inspiradas por este e pelo oráculo de Delfos. Os seus discípulos mais ricos, como Críton, Apolodoro e o próprio Platão, sugeriram ser financiadores de Sócrates e pagar uma multa como pena alternativa, mas a opção fora descartada. Sócrates defendia que nenhuma pessoa estava acima da lei, mesmo que estas fossem leis injustas, deveriam ser cumpridas.

Esse diálogo se passa no período em que Sócrates está na prisão, depois de seu julgamento, esperando a execução da pena, quando recebe a visita de seu amigo e discípulo Críton. Críton tenta convencer Sócrates de fugir da prisão para um lugar onde não estivesse sob a jurisdição das leis de Atenas. o prisioneiro opôs-se à fuga e ao suborno dos guardas, pois insistia que até a lei mais injusta devia ser respeitada. A conversa entre os dois gira entorno da justiça e sua aplicação na prática e despertava o questionamento: Até que ponto a lei, que tem em vista a justiça, consegue atingi-la na prática? A lei, como ferramenta da justiça, em sua execução prática pode tornar-se instrumento de injustiça, carecendo de discernimento para sua utilização, argumenta Sócrates. Como a lei pode tornar-se um instrumento da injustiça em sua prática? A essa discussão segue-se a crítica de Sócrates aos sofistas, que defendiam pessoas indiciadas que os pagassem para tanto, desprezando a verdade e a justiça levados pelo poder.

Nesse diálogo, Platão descreve as últimas horas de vida de Sócrates antes de ele beber a cicuta. O diálogo não é narrado pelo próprio Sócrates, mas por Fédon, que esteve com Sócrates nos seus últimos momentos na prisão. Fédon conversa Equécrates contando a este como ocorreu o seu último encontro com Sócrates e seus outros amigos e discípulos (Cebes, Símias e Críton, entre outros) quando conversavam sobre o tema da morte iminente de Sócrates. A principal questão do diálogo é sobre a imortalidade da alma e sua migração do mundo material para o Hades, depois da morte do corpo. Com uma demonstração fluida usando de exemplo mitológico, Platão discute sobre a doutrina da metempsicose, onde há o retorno da alma imortal para o mundo dos vivos encarnando em um outro corpo.
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Onassis Nóbrega 11/10/2023

Sócrates de Platão (ou o contrário?)?
Meu primeiro contato em livro com Platão. Antes apenas comentários, aulas, etc. Na verdade nunca tive a cadeira de filosofia na faculdade ou no colégio. Interesse recente, depois da pandemia. E o começo não podia se outro.
Não tenho capacidade de comentar o livro filosoficamente, pois sou uma criança nesta arte.
O livro é composto por 5 diálogos. O primeiro, Fedro, grande dialogo sobre o amor e sobre as qualidades dos discursos, aparentemente está aqui para completar. Embora grande, não compõem, como os outros, os eventos finais de Sócrates. Eutifron, sobre a piedade, quando o mesmo tinha sido denunciado. A Apologia, sua brilhante defesa (praticamente um monólogo, diferente dos demais), Críton, sobre a justiça em que Sócrates rejeita fugir e o espetacular Fedon, onde Sócrates, já no seu último dia de vida, discute sobre a imortalidade da alma.
Edição bem cuidada, embora simples, da Edipro. Papel amarelado de boa gramatura e marca paginas exclusivo. O meu não soltou o miolo, como vi muitos reclamarem. Boa tradução. Excelente introdução, com resumo das obras platônicas e sua cronologia. Notas de rodapé na medida. Para explicar opções da tradução e alguns termos específicos, sem tentar imputar uma opinião sobre a obra.
Recomendo realmente iniciar a obra platônica por este volume. Vou seguir daqui para ?A República ?, da mesma editora.
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