Janaina347 31/05/2024
Sobre a maldade...
Tão certo quanto o céu é azul, é a existência do mal em cada ser humano! Sucintamente é isso que a obra de Theodore Dalrymple apresenta em um compilado de 34 ensaios recheados de boas reflexões, acerca do tema. O autor conhece bem do que fala, tendo em seu currículo uma extensa experiência atuando como psiquiatra em presídios, viagens por todos os continentes, inclusive adentrando em países dominados pelo totalitarismo. É o terceiro livro que leio deste autor, as experiências compartilhadas por ele fazem com que eu estacione na realidade humana, aquela sem mentiras, sem enfeites e sinalização de virtudes.
Em todos os ensaios, é interessante notar algo em comum na maioria deles, um negócio chamado ressentimento! A conclusão primordial a qual fui conduzida ao longo da leitura é de que essa é a semente, a porta de entrada, a deixa mais preciosa que o mal aguarda para que se prolifere e, tal como um vírus altamente contagioso, o ressentimento permite ao mal fazer a festa no interior humano: "Poucos prazeres ilícitos são maiores do que aquele de causar dor a outros para lhes dar uma lição ou em vista de um bem maior." É inquietante pensar nisso ao olhar para os outros, pior ainda é exercitar dentro de nós essa avaliação horrorosa de constatar que todos somos sujeitos a sentimento tão baixo, controlador, maquiavélico e ilusório capaz de anular qualquer virtude.
O tema, como o próprio autor ressalta, causa atração e não há respostas satisfatórias para sua origem, na opinião dele. Theodore Dalrymple é ateu, tem uma visão utilitarista da religião interpretando-a como instrumento de ordem social e controle dos nossos instintos animais, nesse ponto, discordo dele pois creio firmemente que o mal perde ao se chocar com a fonte inesgotável de Amor e Bondade que é única: Deus!
Somos decaídos e manchados pelo pecado original, nessa condição estamos muito mais inclinados a se perder na maldade do que viver pela bondade, o mal na sua forma ressentida é tão pérfido que consegue até se disfarçar de bom e justo, deturpando o valor real de uma virtude. Nossa sociedade vive isso o tempo inteiro e fica cada vez mais difícil separar o joio do trigo! Ler, pesquisar, buscar fontes e mais fontes de informações diversificadas e, sobretudo, ir ao encontro de Deus para fortalecer nossas defesas, abrir nossos olhos e capacitar-nos a impedir que o mal sofra mutações em nosso ser e o tome por completo tal como um câncer. Lutar para ser bom, eis a grande guerra individual cuja convocação recebemos todos os dias no abrir dos nossos olhos.