A casa soturna

A casa soturna Charles Dickens




Resenhas - A Casa Soturna


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Ana Paula Avila 03/09/2020

Dickens sempre me surpreendendo
Este é o meu segundo livro de Dickens e ouso citar aqui uma frase sobre a escrita desse autor: "estilo rico, que nunca se repete e mantém a atualidade de seu legado".
UMA DICA PARA QUEM IRÁ INICIAR A LEITURA:
anote o nome de cada personagem e qual o seu papel dentro da história. Isso fez com que minha leitura se tornasse inesquecível, visto que A Casa Soturna possui muitos personagens e isso acaba por nos confundir em alguns momentos. Uma palavra para descrever este livro: ESPLÊNDIDO.
Marcela Bianchini 31/03/2021minha estante
Charles Dickens não sabe escrever um livro com menos de 15 personagens ?


Ana Paula Avila 28/04/2021minha estante
Com certeza Marcela ???


Mirelly.Lais 02/02/2023minha estante
Gente pelo amor de Deus eu cheguei agora nesse aplicativo e eu não tô sabendo como passa as páginas por favor alguém me ajude


Mirelly.Lais 02/02/2023minha estante
Que eu tento ler um livro e só fica lá uma página eu não tô conseguindo ler minha gente alguém me ajuda por favor me fala aí como passa as páginas




Luiz Souza 25/05/2024

Romance Vitoriano
Esse romance é uma das obras mais importantes de Dickens , com descrições fantásticas , é um livro extenso , com vários personagens , precisa ter uma atenção redobrada para pegar o fio da meada.
O livro é escrito em 1 pessoa do ponto de vista da órfã Ester, que depois ganha um tutor João Jaryndyce um homem valoroso e amoroso.
E também é escrito em 3 pessoa.
O romance de 800 páginas vai mostrar o processo Jaryndyce que está anos embargado no tribunal , o autor quis mostrar nessa parte a deficiência do sistema judiciário da era Vitoriana.
Ele mostra as mazelas sociais através dos seus personagens.

O livro tem personagens para lá de interessantes vai a lista:
Sr Jellyby uma senhora que só vivia mandando cartas para a África deixando casa e os filhos a mercê da própria sorte o marido passivo não reclama de suas atitudes.

Temos Ada prima de João Jaryndyce, ela namora Ricardo um jovem valoroso e honrado mas com o passar dos anos acaba levando a uma depressão devido a não estar gostando de sua atividade profissional.

Temos Krook que tem uma pensão onde ocorre um assassinato o grande plot do livro.

Ainda tem Lady Dedlock uma senhora rica não gostei dela muito esnobe.

Temos Caddy que se casar com um príncipe vira amiga de Ester no meio da história.

Temos Sr Bucket o investigador da história ele vai com Ester atrás de Lady Dedlock que some no mundo, ela descobre que a senhora gra fina é sua mãe.

Tem também Allan Woodcourt ele se casa com Ester e terminam felizes , a jovem mereceu essa benção depois de tantas provações.

O livro é bem escrito , mas foi preciso anotar de cada capítulo lido as coisas mais importantes pois são muito personagens se não tivesse feito isso teria me esquecido de muita coisa.

Ótima leitura.
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Nayany 01/11/2021

Por um momento pensei que a leitura desse livro seria tipo o Caso Jarndyce e Jarndyce, INTERMINÁVEL.

Superados o início maçante e os 50 personagens, fui aconselhada anotar cada um e quais eram suas conexões para ñ se perder na história e isso foi essencial para conectar com a narrativa, que história incrível!

Posso dizer que o livro me fez pensar em várias coisas como prioridades, tempo, sonhos, amigos, família,amor-própio, futuro...

Enfim, foi uma ótima leitura!
Riva 01/11/2021minha estante
Perfeitooooo


Nayany 01/11/2021minha estante
Agora vou acompanhar tuas reações com a história, assim vou matando a saudade dos personagens ??




Higor 02/11/2020

'Estudando com Nabokov': sobre pobres crianças entorpecidas pela dor
Embora seja mais conhecido por livros como "O conto de Natal" e "David Copperfield", sendo este, inclusive, tido como o livro preferido pelo próprio autor, é "A casa soturna" o livro mais completo ou perfeito de Charles Dickens, segundo a crítica tanto da época quanto atual.

Curiosamente, é também o livro menos conhecido de Dickens, tanto que permaneceu ignorado aqui no Brasil e ficou sem uma edição por mais de três décadas. Com seu retorno, há muito aguardado para quem quer ler tudo do autor ou acompanha listas literárias, em que "A casa soturna" é sempre figura marcada, vieram junto alguns problemas, o que não é surpreendente, mas que poderiam muito bem ter ficado lá atrás.

Amarrado em três fios condutores, "A casa soturna" inicia (e é priorizado na sinopse) justamente o enredo mais chato: o tema da Alta Corte de Justiça, em que está há anos tentando dar um fim ao praticamente impossível e sem entendimento Jarndyce versus Jarndyce. Em algum momento, um membro dos Jarndyce escreveu um testamento que vem causando discórdia na família há décadas, sem previsão de terminar. John, o atual Jarndyce vivo acredita que tal processo leva as pessoas à loucura, tanto que sequer pisa no tribunal. Tal crítica de Dickens ao sistema judiciário é acertada, pois embora dita como exagerada pelos jurídicos da época, foi importante para a reforma judicial que aconteceu 30 anos depois, em 1870.

O segundo ponto é o de Esther Summerson, uma criança sofrida (apenas uma das tantas ao longo do livro, aparentemente o tema da vida de Dickens em seus livros) com sua madrinha, que escancara sem rodeios ser a criança a culpada pela desgraça da família e que era melhor se não tivesse nascido. Pois bem, tal madrinha falece, não sem antes pedir a John Jarndyce que se tornasse tutor da mesma.

O último núcleo é o de Lady Dedlock, uma mulher igualmente bela e fria, com expressões (ou falta de) que evidenciam sua importância para a sociedade. Outra parte do caso Jarndyce, embora também sem real interesse no seu desfecho, não consegue disfarçar um susto ao ver determinada assinatura no meio da papelada imensa do caso. O advogado da família, Sr. Tulkinghorn, diante de atípica reação, decide investigar por conta o que pode ter atrás de tal assinatura para fazê-la perder a tão conhecida compostura.

Em meio aos três núcleos, giram por volta de 60 personagens, todos com um porquê de estar ali, não meros coadjuvantes. Como o próprio Nabokov fala em seu "Lições de Literatura", até mesmo um personagem aparentemente insignificante, que joga uma moeda ao alto e depois a recolhe, tem sua importância na história. E os 60 personagens, ao viver nesse malabarismo dickensiano, em que cada núcleo tem seu espaço, com suas problemáticas e desenvolvimento acertado, fazem com que o livro não se torne desinteressante ou enfadonho, mas faça o leitor devorar com vigor as quase 800 páginas.

As crianças sofridas do livro, iniciadas pela própria protagonista, Esther, dando continuidade ao pobre Jo, um mendigo e Charley, uma criança órfã, que com 13 anos tem que deixar os irmãos menores trancados em casa para poder trabalhar. Temos ainda Caddy e todo o clã Jellyby, que se preocupa com causas filantrópicas africanas, quando seus próprios filhos andam sujos, sentem fome e roem as pernas das mesas. São apenas alguns exemplos de vítimas da vida e da própria sociedade, que os encara com negligencia ou indiferença.

Publicado como folhetim entre março de 1852 e setembro 1853, tal maneira de se publicar história diz muito sobre a estrutura do livro, e o porquê dele, apesar de seu tamanho um tanto assustador, não causar enfado: a publicação em série era comum pois, ao sair em revistas, era mais barato comprar semanalmente ao invés de um livro pronto e muito mais caro. Logo, para manter o leitor amarrado na história por mais de um ano, é óbvio que deveria haver muitas reviravoltas, ganchos e elementos para deixar o leitor aguardando ansiosamente a próxima semana.

Se Dickens foi bem-sucedido (muito, diga-se de passagem) em criar uma história com três núcleos principais, fora os personagens secundários e suas mazelas da sociedade da época, gerando assim mais de 60 personagens, sem fazer com que a história se perdesse ou ficasse muito inchada, mas dando uma importância e desfecho a cada um deles, o mesmo não se pode dizer do cuidado da edição brasileira.

Como dito acima, há 32 anos fora das prateleiras, o livro voltou com a farsa justificativa de "contar com a clássica edição de Oscar Mendes". Balela. Trata-se basicamente de um produto com embalagem nova e muito bonita, mas com seu conteúdo envelhecido. A tradução, de 1986, possui problemas grotescos, desde palavras há muito estão em desuso (o principal culpado pelo livro ser engessado e perder a agilidade original) tendo até tradução literal de nomes de personagens. Esther aqui é Ester; Harold é Haroldo. John é João e por aí vai, algo que não é mais feito em traduções. Fora a própria personagem Hortense, uma empregada francesa que, segundo comentários, tem seus diálogos apresentados como quebrados e difíceis de entender por não saber falar inglês, em sua tradução foram totalmente perdidos, e o leitor sequer vai ter essa característica da personagem, esquecendo-se de que se trata de uma francesa.

A prova de tantos problemas em "A casa soturna" é que os trechos do livro em "Lições de Literatura", traduzidos em 2015 por Jorio Dauster, têm um frescor e agilidade muito maior para a história, quando cotejado com a edição da Nova Fronteira, sem deixar, como tinha de ser, o livro com sua devida aparência, linguajar e trejeitos que representassem devidamente o século XIX. O livro deveria – e merecia – ter um tratamento melhor e um retorno triunfal.

Com uma edição problemática depois de tanto tempo esgotado, "A casa soturna" preenche o espaço que precisava ser devidamente ocupada e mostra a eficiência de Dickens, com dezenas de personagens, reviravoltas mirabolantes e histórias que o leitor não quer largar até acabar.

"Lendo Lições de Literatura" é um projeto baseado no livro "Lições de Literatura", de Vladimir Nabokov, em que suas aulas da década de 1940 sobre os Grandes Mestres da Europa foram transcritas e compiladas. Para saber mais sobre a lista e conhecer os demais livros, acesse:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
skuser02844 31/08/2023minha estante
Fenomenal! Realmente é um crime um livro desses não ter uma edição melhor por aqui


Higor 01/09/2023minha estante
Boatos de que dona Penguin vai nos presentear em breve com uma nova edição desta belezura, o que vai me fazer relê-la.


skuser02844 02/09/2023minha estante
Tomara que os boatos sejam reais, também vou querer reler




Riva 04/11/2021

Um dos melhores romances sociais de todos os tempos
Não tenho palavras pra descrever o quão incrível é esse livro, a história abraça o leitor de uma maneira indescritível, cada personagem vira praticamente seu amigo ou inimigo pessoal kkkkk, se você que está lendo essa resenha pretende ler esse livro, por favor, anote cada nome de cada personagem e leia com a maior calma do mundo, pode demorar, afinal a história é enorme e a escrita é bem rebuscada, mas vale super a pena.

Chega de elogios, afinal, a disciplina tem que ser mantida.
Nayany 04/11/2021minha estante
Disciplina tem que mantida! ????
Amei


Nicole 06/11/2021minha estante
?




Henggo 14/05/2023

Cansativo demais
Achei muito cansativo. Não chega a ser maçante, porém, a narrativa, na minha opinião fecal, se alonga demais, como galhos de uma árvore que ultrapassam os limites de um terreno. Ao invés de mostrar as ações, Dickens optou por contar. Isso não seria um problema se esse contar não significasse páginas e páginas de descrições minuciosas. Perceba: a crítica social, a construção da Casa Soturna como uma metáfora das relações entre os personagens, a questão do ridículo do processo judicial, tudo faz sentido e está ali. Há belos momentos de reflexão. Mas o invólucro desses elementos é tão pesado, foi tão cansativo para mim, que em certos momentos eu até esquecia do fio condutor da trama. "A Casa Soturna" é, sem dúvida, um clássico literário. Entretanto, haja paciência para nadar por estes parágrafos. Fiz natação durante 10 anos e sei bem como é ficar cansado após um treino. E digo: ler este livro foi muito mais cansativo do que dez voltas em uma piscina olímpica. Algumas pessoas dizem que você "precisa anotar os nomes dos personagens" para poder entender. Cara, sério, se o leitor precisa fazer isso para entender um livro, tem alguma coisa em excesso nessa obra.
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Ellen Fontana 26/06/2021

Grandioso
No começo foi difícil me conectar com a história, ainda mais com as longas descrições e com a fala de personagens extremamente prolixos. Mas a história vai crescendo capitulo a capitulo e no final se torna grandioso.
Começa com a apresentação de personagens, dinâmicas familiares e lugares e quando vemos estamos envoltos em uma trama de intrigas e investigações.
Vale muito a leitura.
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Peter.Molina 13/11/2023

Nas garras do judiciário
Esta é considerado uma das maiores obras de Dickens. Livro extenso, gira em torno do processo Jarndyce que se arrasta há vários anos na justiça, e todos ao seu redor. Apresenta 2 narradores,um que conta a história de fora,e o outro na jovem Esther, sem família, e que vai morar com seu tutor. A trama é complexa, tem vários personagens, é preciso prestar atenção para não esquecer pois cada um tem seu papel construído. Acontece até um crime na história, e temos a atuação de um detetive que investiga o caso. O livro demora um pouco para deslanchar,mas depois a narrativa prende demais,emociona em várias passagens, além de construir uma crítica social da época. A tradução, apesar de contar com 4 revisores, tem várias palavras muito arcaicas, sendo necessário o uso de dicionário para entendermos melhor a trama.
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Leila 23/08/2023

Alerta de texto apaixonado!
Olha eu aqui de novo falando aos borbotões, rs Dessa vez para expressar meu amor eterno à esse autor queridinho de my life que é o Charles Dickens. O livro da vez é A casa soturna, um tijolinho de 800 páginas que mescla romance, suspense e mistério com as habituais críticas sociais de sua época e muito muito amor envolvido. Dickens sempre traz personagens incríveis, fortes e cativantes (mesmo que nenhum tenha superado em meu coração David Copperfield) Ester Summerson é uma figurinha apaixonante e ímpar. Na verdade não só ela, temos outros personagens inesquecíveis dentro da obra. Ahhh parênteses para dizer que nesse livro o Dickens caprichou na quantidade de personagens e a gente tem horas que até periga esquecer quem é quem de tanta gente que aparece pelas culatras.

O plot central gira em torno de um tal processo infindável, Jarndice & Jarndice onde existem arrolados trocentos herdeiros e trocentos litigantes (se os termos estão errados, me perdoem os da área de direito), é um negócio tão complicado e que está sendo julgado há tantos anos que muitos já foram À ruina por conta das custas e o tal processo nunca desenrola e é o caos eterno. Aos poucos vamos conhecendo alguns desses ditos herdeiros e conhecendo um pouco de suas historias, mais especificamente de Ada e Ricardo, dois jovens que passam a morar com o primo João Jarndice. A partir desse fato, Ester é convidada a ser governanta deles e é a narradora de nossa historia.

Bom, para compor 800 páginas temos muitas subtramas envolvendo alguns mistérios e assassinatos, mortes infortunas e esse é meio que o diferencial desse livro em relação à outras obras do autor que li até então, ele tem essa pegada de suspense e mistério (mas já falei isso e estou sendo repetitiva), o leitor tem que ir pegando as pistas e tentar juntá-las para ir compondo e desvendando os fatos (confesso que me perdi em alguns momentos, rs), porém o livro é delicioso de ler e não dá vontade de parar até chegar ao seu final. Isso meus amigos é Dickens sendo Dickens, maravilhoso como só ele consegue ser.

Mas nem tudo são flores meus amados, essa edição apesar de esteticamente falando ser legal, contém uma tradução que deixa muito a desejar e chega a ser irritante,para exemplificar vou falar uma das coisas que me deu gastura, tipo ao invés de usar o termo animado ou animada, usaram "animoso" (ninguém merece). Infelizmente é a única que temos no mercado e se quisermos ler a obra, tem que ser nela ou no original (algo que não domino).

Enfim, é isso. A casa soturna é mais um livraço do meu amado Charles Dickens e eu recomendo fortemente à vocÊs, não se assustem com o tamanho dele, porque eu garanto melhor ler 800págs de um clássico maravilhoso e fluido do que ler 300págs de um livro porcaria, e tenho dito! Fui.
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Suphie 11/04/2021

Justiça? Tarda e falha.
Eis um livro que quando cheguei no final queria voltar para o começo e ler tudo de novo. Por varias razões, como por ter deixado passar algumas coisas importantes, por ser demasiado denso e digno de total atenção (que tenho a sensação de não ter dado em certos momentos), por ser riquíssimo em detalhes; completamente apreciável... Os detalhes que Dickens tem com suas narrativas é algo que me encanta profundamente, os ambientes e personagens descritos por ele são envolventes. A Casa Soturna é uma leitura agradável de situações desagradáveis. Definitivamente se tornou um dos meus queridinhos, levo cada personagem icônico no meu coração, sem falar no primeiro paragrafo desse livro, simplesmente me vi absorta na descrição de ambiente que me fez mergulhar em Londres sec XIX.
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Bruno.Dellatorre 09/04/2020

Clássico maravilhoso! Um dos melhores livros que já li.
Uma obra muito bem escrita, singular, repleta de acontecimentos instigantes, um enredo intrincado, maravilhosamente bom de se acompanhar. Impossível não se afeiçoar aos personagens ou não chorar por eles. Todos nos marcam e ficam dentro de nosso coração. Espetacular. O livro enriquece nosso vocabulário, nossa mente (com reflexões) e nossa alma. Sem palavras. O final é perfeito... bem como o restante do livro.
Vou estar constantemente revendo e relembrando passagens desse livro, que me guia...
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skuser02844 29/05/2023

Um novelão, que merece uma melhor tradução
"Os advogados misturaram tudo em tamanha confusão, que os méritos originais da causa há muito desapareceram da face da terra. Trata-se de um testamento, e dos legados de um testamento... ou era disso que se tratava antigamente. Agora nada mais resta senão custas. Estamos sempre aparecendo e desaparecendo, prestando juramento, sendo interrogados, cruzando e descruzando petições, discutindo, selando, movimentando, encaminhando, relatando e dando voltas em torno do lorde Chanceler e de todos os seus satélites, e todos por igual valsando em torno das custas, até ficarmos reduzidos ao pó da morte. Essa é a grande questão. Tudo mais, em virtude de certos meios extraordinários, se esvaneceu. Sim, era a respeito de um testamento, quando ainda era a respeito de alguma coisa. Certo Jarndyce, numa maldita hora, conseguiu fazer grande fortuna e fez também um grande testamento. No discutir-se como os legados do tal testamento deveriam ser administrados, a fortuna deixada pelo testamento foi-se dissipando; os legatários constituídos pelo testamento estão reduzidos a tão miserável condição que estariam suficientemente punidos se tivessem cometido o enorme crime de receber uma herança, e o próprio testamento se tornou letra morta. De um extremo a outro da deplorável causa, todos precisam ter cópias sobre cópias de tudo que se tem acumulado em torno dela, capazes de encher uma carroça de autos(ou deve pagá-las sem possuí-las, o que é usual, pois ninguém as quer); e tem de entrar e sair de tanta coisa, em meio de tão infernal contradança de custas, honorários, asneiras e corrupção, como nunca foi sonhada nas mais horrendas visões do Sabá das Bruxas. A Justiça faz perguntas à Lei; em troca, a Lei faz perguntas à Justiça; e a Lei acha que não se pode fazer isso, a Justiça acha que não se pode fazer aquilo; qualquer delas só sabe dizer que não se pode fazer nada sem o solicitador tal informar, e o advogado tal comparecer representando A, e o solicitador tal informar, e o advogado tal comparecer em nome de B, e assim por diante, pelo alfabeto inteiro, como na história da Torta de Maçãs. E dessa forma, durante anos e anos, durante vidas e vidas, tudo continua, constantemente começando e recomeçando, sem que coisa alguma tenha fim. E não podemos sair do processo de forma nenhuma, porque nos fizeram parte dele, e temos de ser parte dele, que gostemos, quer não."



Opinião:
Pelo "pequeno" trecho que destaquei acima você pode ter uma ideia do intrincado plano de fundo dessa história. Apesar do livro ser muito mais do que o eterno processo judicial Jarndyce e Jarndyce todas as personagens estão, de alguma forma, envolvidas e tendo suas vidas afetadas pelo tal processo, e são muitas personagens, uma quantidade ridícula de personagens, eu não contei nem fiz lista, mas indico ( a parte de fazer lista) mas já vi gente dizendo que passa de cem personagens, e eu acredito.
Enfim, começamos vendo um pouquinho, muito pouco mesmo, sobre o tal do processo antes de sermos apresentados a nossa protagonista, uma garotinha chamada Ester, órfã criada pela sua madrinha uma mulher... amarga... e que nada tem a ver com o tal do processo, pelo menos é nisso que vamos acreditar por boa parte do livro. Com a morte da dita madrinha depois de falar com todo o carinho para Ester que ela e sua mãe são a desgraça uma da outra Ester é levada para receber educação e depois passa o tempo na casa de uma mulher que conhecemos com sra. Jelleby, essa mulher vive em função de escrever cartas, fazer petições e uma burocracia sem fim para, segundo ela, ajudar a África, mas não faz nada de concreto, inclusive fica tão presa nessa neura, teoricamente humanitária, que nada mais importa, nem sua infeliz família nem as crianças das quais, supostamente cuida, nem a sua casa que é um verdadeiro chiqueiro mantido em pé por infinitas gambiarras.
Para a sorte de Ester ela não fica muito tempo morando nessa... er... casa, apesar de voltar lá em outros momentos no futuro, ela é levada para conhecer seu tutor, o cara que por alguma razão desconhecida a tirou da casa onde morava e a deu educação e sustendo, João Jarndyce. Acho que é um bom momento para reclamar das escolhas do tradutor, além de ter feito o bom humor do autor quase desaparecer por completo da obra essa ideia de traduzir os nomes das personagens causa muita estranheza, ainda mais com os sobrenomes peculiares que eles possuem.
João Jarndyce é o único Jarndyce que vamos conhecer no livro, ele então denomina Ester como a dama de companhia de uma prima sua que também está sob seus cuidados, Ada, além dela um outro primo também vai morar na casa de João Jarndyce, a tal Casa Soturna do título, inclusive, esse chama-se Ricardo, e logo ele e Ada se apaixonam. Ester fica muito amiga de Ada e por ser extremamente responsável logo vira uma espécie de governanta da casa também.
A Casa Soturna também é com frequência por um cara extremamente irresponsável, tratado como uma criança em corpo de adulto por João Jarndyce que vive atolado em dívidas que outros precisam pagar porque ele nunca aprendeu a lidar com dinheiro, e nunca fez questão, esse cara acaba tendo certa influência por Ricardo, que não demonstra muito interesse em trabalhar pois, na cabeça dele, o eterno processo que está se arrastando e ficando mais complicado por gerações vai magicamente se resolver e ele será um homem rico que não precisará trabalhar.
Tudo isso vemos através da narração da própria Ester, ainda temos um outro narrador em terceira pessoa, que não é um narrador personagem, mas vai passear por todos os outros vários núcleos de personagens e deixar pistas de como todas essas histórias, uma mais bizarra e intrincada que a outra vão se cruzar e amarrar todas as pontas.
Uma outra personagem que vale a pena falar, além de Lady Deadlock, que é importante pra caramba mas vá ler o livro pra saber dela, é uma senhorinha que vai todos os dias ao tribunal para acompanhar o eterno processo, ela é hilária (ou foi feita pra ser, já que a tradução mascara toda e qualquer comédia) e tem diversas gaiolas com pássaros em casa que comprou para libertá-los quando o processo finalmente for concluído, mas o que acontece é que os pássaros morrem de velhice e ela precisa comprar novos, já que o processo é eterno.
Se fosse pra definir o livro com apenas uma palavra eu diria desafiador, ele não é uma leitura rápida, li ele em pouco mais de dois meses, mas já tinha lido cerca de metade dele ao longo de anos, mas precisei retornar ao início. Muito disso atribuo a tradução, com certeza se tivéssemos uma nova tradução esse seria um livro muito mais divertido e tranquilo de se ler. Apesar de que é consenso de que este não é um livro tão engraçado como os demais do autor, mas ele tem seus momentos.
A mensagem principal do livro, quem sou eu pra definir, né? Mas eu diria que é mais ou menos o que vemos em O Deserto dos Tártaros, ficar com a vida estagnada esperando algo que, talvez e muito provavelmente nunca chegue... mas o livro vai muito além disso, cada um dos zilhões de personagens tem seus próprios dramas com suas próprias resoluções. É um novelão delicioso, desafiador, longo, lento, mas maravilhoso. Não recomendo como uma porta de entrada na obra do autor, mas se você já conhece ele, muito provavelmente você já adora, então vai pra essa leitura sem medo de ser feliz, sem pressa e degustando. Acho que é um dos livros que mais me orgulho de poder dizer que li.

site: http://hiattos.blogspot.com/2023/05/opiniao-casa-soturna-charles-dickens-512.html
Aylane Nunes 29/05/2023minha estante
Tem spoiler nessa resenha ?


skuser02844 29/05/2023minha estante
Não, tem alguns acontecimentos, mas todos do início do livro




spoiler visualizar
Day 02/11/2021minha estante
Ótima resenha. Mas meu deus como tem personagem nesse livro que não é bem desenvolvido. Que final horrível. Esse livro tem o melhor começo de livro que eu já vi na vida e o pior final de todos.




Gláucia 15/09/2014

A Casa Soturna - Charles Dickens
A trama gira em torno de Jarndyce & Jarndyce, um processo judicial que já dura por algumas gerações sem que consiga evoluir. Os litigantes iniciais já faleceram e ninguém mais sabe ao certo pelo que estão brigando, tendo já se transformado em lenda e piada.
Os personagens vão sendo apresentados à medida que tem algum envolvimento com o famigerado processo e a história tem dois focos narrativos: ora é narrado em terceira pessoa, ora em primeira por Esther Summerson, uma órfã que após a maioridade vai morar e administrar a Casa Soturna de John Jarndyce, seu tutor.
Escrito em fascículos, é um romance bem linear, do tipo que se encerra como uma novela onde vão sendo revelados, apenas ao final, o destino de cada personagem. E que personagens! Taí o que me atrai nesse autor, sua capacidade de criar tipos marcantes, quase caricatos. E com aquele tipo de senso de humor utilizado para fazer crítica social. Sem querer nos pegamos rindo de seus tipos e situações e pensando: não era para eu estar rindo disso.
Sentimentalismo na dose certa, sem cair no exagero ou na pieguice. Em resumo, uma pérola esgotada há muito tempo que tive o prazer de encontrar na biblioteca. Agora assistirei a série da BBC, Bleak House. E torcer para que as editoras olhem com atenção esses grandes autores esquecidos.

site: https://www.youtube.com/watch?v=_RK5w4GohIk
vick 20/01/2017minha estante
Vou começar à Lelo , estou apriensiva , a minha versão do livro e a mais antiga de capa dura .


Gláucia 20/01/2017minha estante
Está completa? Essa sua edição é dovidida em dois volumes?


vick 24/01/2017minha estante
Acho q é sim , pois é bem grande




Reginaldo Pereira 30/01/2022

Encantamento! Sublime encantamento!
O livro acabou e, com lágrimas nos olhos, posso dizer - já com imensa tristeza e saudade - que foi uma extraordinária experiência!
Tantos personagens pairando ao redor de um intrincado processo judicial, cada um com suas características, qualidades, caráters e trejeitos, constroem um bela, divertida, triste e emocionante história.
Dickens, mais uma vez, permite ao leitor se deleitar com uma enchurrada de sentimentos, aqueles mesmos que caracterizam a nossa humanidade e nos fazem perceber do que todos somos feitos!
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