Os Antigos

Os Antigos Paulo Mateus




Resenhas - Os Antigos


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Kamila 15/05/2016

Bom, mas precisa melhorar
A história de "Os Antigos" começa no vilarejo de Vila Rica. Lá, Nornas vive com sua sobrinha Alice. de 11 anos. A vida é tranquila, até que uma criatura esquisita ataca sua primeira vítima, uma criança. O rei da região vai até a vila e conversa com frei Marco, uma pessoa de sua extrema confiança, transmitindo-lhe uma péssima notícia. Enquanto isso, Alice conhece Vitória, uma coleguinha de escola que passará a ser uma grande amiga.

Depois de um novo ataque de várias dessas criaturas, somente Nornas, Alice, Vitória e frei Marco sobrevivem. Os quatro farão uma longa viagem para descobrir como parar esses seres e evitar que façam mais estragos por toda a região.

Eles precisavam chegar em Alquiméra, onde encontrariam um sábio, que contaria a verdadeira história da origem dessas criaturas - demônios - e quando a líder deles atacaria - sete anos. Os quatro primeiros anos se passaram. Alice e Vitória cresceram e se tornaram exímias lutadoras. Nornas e frei Marco continuaram aprimorando suas técnicas de magia.

Vieram novos ataques dos demônios. Algumas vidas humanas foram perdidas, porém, os quatro melhoraram e muito suas técnicas de defesa e ataque. Os três anos restantes se passaram e por fim, a grande líder dos demônios apareceu. E esse encontro de poderes rendeu um final eletrizante, porém, inacreditável.

Fantasia não é meu forte, não é um gênero literário que eu leia com frequência, porém, quando o Paulo me procurou para formalizar a parceria, me surpreendi com a sinopse, tanto que precisei perguntar se ele escrevia como Neil Gaiman. Perguntei porque não tive uma boa experiência de leitura com Neil. Eu li O Oceano no Fim do Caminho (resenha aqui) e, desde então, não queria ler nada parecido. Mas o Paulo disse que seu livro estava mais para o estilo do George R.R. Martin e J.R.R Tolkien, então fechei a parceria de bom grado.

É verdade que demorei um pouco para ler o e-book, por causa da faculdade. Me arrependo. Apesar de ser uma história crua, é muito boa. Porém, ele ainda precisa amadurecer sua escrita. Não perguntei se esse é o primeiro livro dele porque logo menos pretendo entrevistá-lo. Mas pude notar que faltam alguns detalhes para deixar a história tinindo.

Começando pela região: quando eu li na sinopse que se tratava de Vila Rica, achei que fosse a cidade (atual Ouro Preto, MG), porém, quando mergulhamos na história, damos de cara com um vilarejo medieval - pelo menos foi essa leitura que eu tive logo que visualizei os primeiros parágrafos da trama. Nada contra o nome, mas não dá pra saber se a história realmente se passa no Brasil - e seria muito mais legal se ela se passar por aqui mesmo.

Outra coisa que notei foram as justificativas, os motivos para os demônios atacarem a região. Não dá pra contar o motivo porque seria contar O spoiler. Mas posso dizer que o motivo é simplório demais. Eu li e me perguntei: ué, é por isso mesmo????

Uma coisa legal nesse livro é que eu aprendi uma palavra nova. Eu nunca tinha ouvido falar em "acólito", "que significa na Igreja católica, ministro que acompanha e auxilia o celebrante a conduzir os atos litúrgicos". Sério, nem sabia que existia.

Apesar de eu ter lido a versão digital (ainda não há versão física), percebi muitas falhas de revisão. Quando lemos em e-book, não podemos falar muita coisa sobre diagramação e revisão geral, mas percebemos claramente erros de digitação. Eu não sei se a configuração na hora de subir o arquivo na biblioteca da Amazon deu algum problema, mas não é normal não ter hifens em todo o livro. Seria legal ele dar uma olhada com muito carinho nessa parte e subir novamente o arquivo na Amazon.

A capa está bem legal, condizente com a trama. Simples, possui poucas informações, e apesar da caveira, não dá medo, ao contrário, instiga o leitor a encaixar as peças dessa história.

Pode ser que eu tenha deixado de informar algo importante da obra. Como eu disse lá em cima, fantasia não é meu forte, me esforço ao máximo para compreender a história. Paulo, você tem uma ótima história, até incomum para a literatura brasileira atual, mas seria legal se você pudesse dar uma olhada com carinho nesses detalhes que eu citei.

Adorei conhecer a história de Nornas, Alice, Vitória e frei Marco e, mesmo sendo fantasia, mesmo tendo encontrado esses detalhes, foi uma leitura agradável, saí da zona de conforto, devorei esse livro rapidamente. Espero que o Paulo continue escrevendo histórias tão maravilhosas como essa!

resenha completa em:

site: http://resenhaeoutrascoisas.blogspot.com.br/2016/05/resenha-os-antigos.html
comentários(0)comente



Paulo 11/06/2017

Quando nos prontificamos a fazer resenhas, a análise da narrativa é uma parte essencial do trabalho. Entender o funcionamento da escrita, a forma como os personagens se encaixam e a progressão da trama são todos elementos que precisam ser considerados durante uma resenha. Mas, mais do que isso, um blogueiro se compromete com os seus leitores a apresentar suas impressões de uma maneira honesta e sincera. Isso nem sempre é fácil. Às vezes, ser sincero significa que alguém não vai gostar daquilo que será dito. Ou até, no meu caso, eu me sinto triste de ter que fazer uma resenha em que boa parte dela será apontar problemas. Mas, eu penso também que através do que eu postar, posso contribuir de alguma maneira para que o autor possa trabalhar em seus pontos mais frágeis e desenvolver a sua escrita. Não sou presunçoso a ponto de dizer que a minha resenha vai construir os escritores do futuro... Nada disso. Quero ser capaz de dar meus cinco centavos de contribuição. Posto isso, vamos à resenha.

E antes de mais nada, peço desculpas ao Paulo Mateus se ele não concordar com alguma coisa que eu tenho postado aqui. Só o fato de você ter conseguido terminar um romance é mais do que muitos de nós seríamos sequer capazes de fazer. E sei que para escrever um romance é preciso muito trabalho.

Nessa resenha eu gostaria de tocar em três pontos principais, mas, antes de falar do que não ficou bom, queria destacar o que me agradou. O autor saiu do clichê da jornada do herói. Esse estilo de escrita cansa de vez em quando. Ao invés disso, o autor optou por seguir outro padrão narrativo: a estrutura em três atos. Esse é um formato frequentemente usado no cinema e que separa a história em início/apresentação, desenvolvimento/problematização e clímax/conclusão. Isso é um ponto muito positivo porque significa que o autor buscou experimentar algum outro método que o diferenciasse daquilo que já estava no mercado. Eu só achei que houve um desequilíbrio entre os três atos. O primeiro ato foi muito bem desenvolvido enquanto que o segundo me pareceu um pouco mais corrido. O terceiro destacou bem o clímax da história e sua conclusão. O segundo ato poderia ter sido apresentado como flashbacks no terceiro ou o autor poderia até ter utilizado uma narrativa de trás para frente com os personagens se preparando para o ataque dos demônios e se recordando de suas experiências até ali. A narrativa possui uma abordagem bem direta em que os personagens saem de um ponto A e seguem até um ponto B. Não existem desvios ao longo da narrativa. Dependendo do leitor, isso pode ser algo bom ou ruim. A mim não me incomodou, sendo que a história representou bem uma aventura direta.

Algumas etapas da publicação de um livro são fundamentais para o produto final. Revisão e copidesque parecem ser etapas supervalorizadas, mas a verdade é que elas contribuem para a boa compreensão de uma história. Pular estas etapas é muito prejudicial à narrativa. Torna a leitura truncada e o leitor trava a cada pequeno erro que aparece na escrita. Typos (ou pequenos erros) são comuns e podem ser ignorados quando em pequeno número. Nossa mente acaba preenchendo as lacunas das typos. Mas, este não foi o caso aqui. A quantidade de erros de português e typos foi muito acima do aceitável. Eu sinceramente pensei em abandonar a leitura por volta de 60% de leitura tamanho era o problema. Eu que normalmente passo direto por esse tipo de erros, estava muito incomodado. Os Antigos precisa de uma revisão e de um copidesque urgente. Sou capaz de perceber a qualidade por trás destes problemas, e o autor soube construir uma ambientação que gera o interesse. Mas, por conta do nível de problemas de escrita e da quantidade de erros de português, para mim é uma coruja. Por melhor que o autor seja e por melhor que ele construa o seu mundo, a história precisa estar redondinha.

Segundo, falta iminência na história. Em nenhum momento o autor conseguiu me vender a gravidade do perigo enfrentado pelos personagens. Os demônios não me pareceram ameaçadores porque só vemos o ataque deles em dois momentos na história: durante a destruição de Vila Rica e no final da história. Eles acabam permanecendo como um perigo mais etéreo do que real. Quando chegou a batalha final, eu não estava realmente investido naquilo. E foi o melhor momento da narrativa (salvo os dois últimos capítulos). O autor conseguiu descrever bem as cenas de batalha e elas até davam uma boa emoção, entretanto se não estávamos tão amedrontados desde o começo como achar que a Mariposa era realmente um inimigo tão temível? A história era simplesmente uma batalha de bem contra o mal e o leitor acaba montando a peças uma a uma já que não há um grau de imprevisibilidade. Não digo que o autor tem que empregar um plot twist, mas uma surpresa ou duas podem agradar o leitor e mantê-lo na história.

Por último os personagens não são bem trabalhados. O único que tem a sua história mais delineada é o frei Marco. Na minha opinião este é o personagem que o autor conseguiu expor mais. A relação entre Alice e Nornas não ficou bem clara e quando acontece aquilo no final, o impacto não é tão grande. Isso porque não estávamos interessados na relação entre os dois. A criação de um pano de fundo é essencial principalmente se o autor pretende criar uma espécie de grupo ou sociedade (a la Sociedade do Anel). Quando a jornada do grupo de Frodo se inicia, o leitor já estava ciente e interessado em vários personagens dos quais conhecíamos algumas de suas características. Mesmo que Tolkien tenha mantido alguns segredinhos guardados, já nos importávamos com os personagens. Vitória é a personagem mais aleatória do grupo. A situação que acontece com ela na cidade no segundo ato serviu para o que? Torná-la mais forte? Não entendi... aquele momento daria um ótimo plot de não aceitação das duas meninas na cidade, poderia criar um conflito do qual elas precisariam resolver para serem aceitas entre os magos da cidade. Sei lá; daria tanta coisa bacana ali que eu acabei decepcionado com algumas escolhas feitas.

Enfim, acho o autor talentoso e enxerguei algumas virtudes em sua escritas. Os problemas de escrita acabaram agravando os problemas de narrativa que já estavam presentes ali. Mas, eu quero voltar a pegar outros trabalhos do autor quando ele puder trabalhar um pouco mais na sua habilidade de escrita. Vale frisar que a opção dele em não seguir a jornada do herói é uma quebra muito importante em um clichê que já se tornou chato. Só isso já é louvável.

site: www.ficcoeshumanas.com
comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2