Oresteia

Oresteia Ésquilo




Resenhas - Oresteia


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Susan 22/11/2021

Retrata o primeiro tribunal da história, formado para julgar o matricídio cometido por Orestes. Além de retratar a visão machista sobre o assassinato de Agamemnon e como é justificado por Apolo, bem como o motivo de reprovação ao crime intrafamiliar exposto pelas Erínias, é muito interessante observar como julgam se um crime pode justificar ou influenciar no cometimento de outro, como funciona a justa culpabilização de cada conduta e seu motivo. As leis e costumes da época moldaram a materialização de justiça ali necessária, os direitos processuais daquele julgamento, a motivação dos votos (além da diferença de peso entre eles), a noção de livre-arbítrio e o uso de artifícios que ainda permanecem no nosso Tribunal do Júri. A intervenção solicitada de Atenas ajudou a findar esse ciclo de vingança e justiça privada e o papel das Erínias tem gigantesco destaque, me lembrando sobre a debate da necessidade de arrependimento pelo crime cometido e a psicologia do delinquente exposta em Crime e Castigo de Dostoievski.
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jonasbrother16 29/01/2023

Depois de uma primeira leitura muito superficial e descuidada, quis revisitar esta obra antes do ano acabar, pois sabia que estava perdendo algo. E de fato estava.

Acontece que eu não me atentei para a escala do problema levantado pela obra. O assassinato de uma filha é vingado com um assassinato de um marido, que por sua vez é vingado com um assassinato de uma mãe, e que mesmo assim a justiça (representada pelas Erínias) ainda fica insatisfeita.

São dois deuses "novos", Apolo e Atena, filhos de Zeus, com a participação de humanos, que se levantam para regular a situação criada por divindades mais antigas -- as Erínias, filhas da Noite, que descende do próprio Caos primordial. Ou seja, é o próprio Sol (Apolo), e a clareza mental (Atena) que conseguem, com o julgamento de juízes qualificados, resolver a situação, e harmonizar o mundo.

Sobre o fato de serem divindades mais "novas", não necessariamente quer dizer que são mais "evoluídas", como manda o nosso darwinismo viciado. As divindades novas não são uma evolução das antigas, pois as mais novas ainda CONVIVEM com as antigas, mas as submetem. Em outras palavras, Apolo e Atena não são a evolução do Caos e da Noite, mas a sua ordenação e harmonização. Caos e Noite ainda existem, mas devem ser dominados. Há aqui um simbolismo profundo em tudo.

Grande obra.
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Arthur 20/03/2023

Oresteia
Na antiguidade clássica existia as bacantes, festival em homenagem ao Deus Dionísio, nesse festival existia um concurso de teatro, em que cada dramaturgo concorria com uma trilogia de tragédias e um drama satírico. Oresteia é a única trilogia que sobreviveu até os dias de hoje, se trata de uma obra em que é relatado a história da família de Agamenon, seu assassinato por sua esposa, a vingança por parte de Orestes e o julgamento realizado após ele ter matado alguém de seu sangue. Uma obra clássica em todos os sentidos e que é sempre uma boa escolha de leitura.
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Mario Miranda 24/03/2020

Oresteia é a única Trilogia da Tragédia Grega que sobreviveu os 2.500 anos que separam a sua aparição até os dias atuais.

Agamemnon é a primeira obra que compõe a Oresteia, única trilogia das Tragédias Gregas que chegou até a atualidade.

Narra o destino de Agamemnon ao retornar após 10 anos de ausência em razão da Guerra de Tróia. Apesar de dar seu nome a Tragédia, o irmão de Menelau pouco aparece na obra, sendo sua esposa, Clitemnestra a real protagonista.

Agamemnon em busca de um contato com divino, imola sua filha Ifigênia, algo não perdoado por sua esposa, que remói a raiva pelo marido Ao longo dos anos. Distintamente as narrativas de Sófocles e Euripides, que focam a motivação de Clitemnestra na influência de seu amante, Egisto, aqui a assassina tem razões próprias para matar o seu marido.

A obra ocorre, temporalmente, entre a Ilíada e Odisseia, uma vez que o Arauto que precede o Rei não sabe sobre o paradeiro de Menelau, e o próprio rei desconhece o destino de Ulisses.

O fim de Agamemnon não é presenciado diretamente pelos espectadores, mas sim narrado pela profetiza Cassandra, personagem a quem Lícofron dedicou sua obra “Alexandra”.
Coéforas, segunda Tragédia da Oresteia, narra o desdobramento do assassinato de Agamemnom por sua esposa, Clitemnestra.

Com o rei já morto, e Egisto - amante da rainha - usurpando o trono, Electra - filha do falecido rei - vai ao seu túmulo suplicar por vingança. Lá depara-se com o retorno do seu irmão exilado - Orestes - que decide vingar a morte do seu pai.

A leitura de Coéforas nos permite um fato único na escaca literatura grega que chegou até nós: todos os três grandes escritores de tragédias gregas - Esquilo, Sófocles e Eurípides - escreveram uma peça para esta mesma cena. Logo, temos uma chance de analisar a história comparativamente.

Dos dois escritores posteriores, é a “Electra” de Sófocles a mais próxima da Tragédia Esquiliana. Em ambos temos uma narrativa com cenas semelhantes, além de um Orestes determinado ao duplo homicídio. Em Euripides temos um personagem incerto do seu futuro, receoso das consequências.

Ao contrário de Sófocles e Euripides, que narram as cenas internas ao Palácio e, consequentemente, o assassinato, de maneira distante, Ésquilo nos transporta diretamente ao epicentro da ação, tornando a Tragédia em si muito mais presente.

Concluindo a Oresteia, Eumenides é a obra que narra o desfecho de Orestes após assassinar a sua própria mãe, vingando o assassinato de seu pai, Agamemnon, por esta. Eumenides é a narrativa do julgamento de Orestes se ele é ou não um assassino passível de punição. Entretanto, não é apenas o Homem a ser aqui julgado: Apolo, responsável pelo oráculo que instigou Orestes a cometer o assassinato, é julgado diante de Atenas e de um Júri que votará pela aceitação ou não da culpabilidade de Homem/Deus.

Apesar de ser a menor das três obras, talvez a menos interessante do ponto de vista do desdobramento da narrativa, Eumenides possui impactos profundos, não apenas por retratar um julgamento (com direito a ampla defesa, contraditório e Júri), porém tratamos aqui de uma divindade a ser julgada: o Homem julgando Deus, em um cenário digno do Filósofo Nietzsche (que bebeu em diversos momentos desta fonte: a Tragédia Grega).
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tiagonbraz 05/04/2021

Oresteia, de Ésquilo
“Para compreender hoje a cultura do mundo ocidental é necessário o conhecimento dos textos que a Grécia e Roma nos legaram.”

A Oresteia foi a única trilogia do teatro grego que sobreviveu até nossos dias - e, talvez por isso, seja o melhor dos livros de autores gregos que li até o momento. É composta por Agamémnon, Coéforas e Euménides, que contam a sangrenta história dos Atridas (descendentes de Atreu). Os fatos ocorrem após a Guerra de Troia, com o regresso de Agamémnon após o triunfo na batalha, que durou 10 anos. Recomenda-se que você tenha pelo menos alguma ideia da história da Guerra de Troia, para a leitura não ficar tão confusa - mesmo assim, vários fatos, nomes e mitos terão de ser pesquisados durante o livro. Esta edição, de Portugal, que possui as 3 obras, é magnífica: relativamente fácil de ler e entender, e com diversas notas de rodapé que são de extremo auxílio.

Algo que certamente aumenta o valor das obras, e que deixou a desejar nas outras que li (por exemplo, Os Persas, As Suplicantes etc.), é que a história é completa: tem início, com a volta de Agamémnon para os braços de Climnestra; meio, com a volta de Orestes (filho do casal); e fim, com o julgamento de Orestes pelo crime cometido.

Temas comuns na literatura grega estão presentes, como a moderação, a prudência e o combate à hybris (“excesso”). Ademais, um princípio sempre seguido é de que “o culpado tem de sofrer”. Os atos das personagens sempre têm consequências; seja ela com a morte ou com sofrimento. Inclusive ações em que, independente da escolha da personagem, ela irá sofrer as consequências; ela deve escolher seguir os comandos dos deuses ou realizar um ato imoral e condenável e sofrer, da mesma forma, os efeitos da decisão.

Interessante é o modo como Ésquilo mostra a criação do primeiro tribunal e a origem da Justiça, com Atena tornando juízes da questão homens, que julgarão o crime de Orestes. Após argumentos fracos de ambas as partes - por exemplo, Apolo tenta convencer o júri que a mãe não gera o filho, apenas o “conserva” dentro do útero após o verdadeiro gerador (o pai) colocá-lo lá -, o júri humano empata (ou termina com um voto a menos contra Orestes; este assunto é controverso), e a votação é decidida com o voto de Atena (que, no Império Romano, era chamada de Minerva) - daí a expressão Voto de Minerva.
Lara 05/04/2021minha estante
resenha perfeita, representa exatamente meu sentimento com esta obra maravilhosa do Ésquilo




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