Queria Estar Lendo 23/05/2018
Resenha: Onze Reis
Onze Reis é o primeiro volume da série Principia. Escrita pelo autor Tiago P. Zanetic, é uma obra completa para os apaixonados por fantasia - e por histórias muito bem contadas.
A trama é dividida em três núcleos principais, cada um deles envolvendo uma jornada e uma busca. O continente está prestes a ver outra grande guerra, mas alguns personagens podem fazer a diferença no tabuleiro para impedir que tudo pelo que eles lutam se perca.
Vocês bem sabem que quando eu gosto muito de uma história, a dificuldade de explicá-la é de mais de oito mil (meus resumos de Os Garotos Corvos não me deixam mentir). Onze Reis foi uma leitura completa, com as mais variadas cargas emocionais e espaço para um desenvolvimento rico e eletrizante.
"O mundo vai sangrar, Sttanlik, e tu podes ser a adaga do golpe final ou o torniquete que evita a hemorragia. Tua escolha depende de confiares em mim ou não."
A obra, com suas quase 500 páginas, tem tudo o que uma boa Ficção Fantástica pede. O mundo criado pelo autor é bem construído e a narrativa dá tempo ao tempo para introduzir os leitores nesse novo universo; a ambientação medieval e a magia que encabeçam a história me transportaram para um mundo fascinante - e igualmente assustador, uma vez que a ameaça da guerra está pairando sobre nossos personagens.
Os três núcleos que eu mencionei são a sustentação da trama - seus personagens, os pilares que a mantém firme. O principal deles é composto por Sttanlik, o primeiro personagem que conhecemos; ele tem a presença típica de um protagonista que caiu de paraquedas em toda a bagunça caótica e está pronto para se fortificar e lutar pelo que acredita ser certo. Sttanlik tem muito da jornada do herói e eu, como boa devota desse clichê, gostei das surpresas que a trama trouxe para o protagonista.
"- Vi feiticeiros amaldiçoarem vilarejos inteiros, reis serem coroados e os mesmos perderem a cabeça pelas mãos dos seus próprios carrascos, guerras destruírem famílias e unirem nações. E, inacreditavelmente, presenciei um mundo em paz."
Ele não é um personagem unilateral; como todos os protagonistas da obra, Sttanlik tem seus momentos de dúvida, de medo, de extrema coragem e até grandiosas burrices (que atire a primeira pedra um protagonista de Fantasia que não fez besteira, né nom?). Dá para simpatizar com o cidadão, apesar de ele não ter sido meu favorito.
"- Ter um coração bom é uma faca de dois gumes."
E eu vou falar do meu favorito agora: o companion do Sttanlik é um arqueiro com trejeitos de Han Solo e bastou uns comentários sarcásticos e umas tiradinhas afiadas pra eu estar querendo protegê-lo com a minha vida. Paptur - apelidado de Aljava Sangrenta - é a voz na consciência do Sttanlik, mas a voz sabichona que adora apontar erros e tirar sarro e, apesar de bancar o independente, se importa mais do que todo mundo. Gostei do bromance construído entre os dois, de como suas personalidades opostas se equilibravam e criaram uma amizade inusitada tão importante para o desenvolvimento do livro como um todo.
Uma coisa interessante em Onze Reis é a dimensão dos seus personagens; mesmo nos outros núcleos, com a corajosa Vanza e o destemido Ckroy - onde eles passam por provações tão perigosas quanto as de Sttanlik - as características dos aliados e dos inimigos eram cinzentas; nada de bem e mal, simplesmente, mas nuances de honra e de traição e de fúria que deixam a história muito mais interessante do que já era.
Inclusive, Vanza, que mulher. Que personagem feminina incrível, que voz e que poder e que determinação.
A garota passa por cada situação desesperadora que eu só ficava PELO AMOR DA EVA GREEN DEIXA ELA DESCANSAR UM POUCO, mas lá estava Vanza, encontrando forças para cumprir sua missão, independente dos riscos e dos sacrifícios.
"O combate fez a batalha dos deuses de outrora parecer coisa de criança."
Um personagem que pode ser citado mesmo sem ser, de fato, personagem é o próprio mundo - Relltestra. Acho que como a Terra Média, Nárnia, Ravka e tantos outros lugares fantásticos, o fato de eu ter me encantado com o passado e o presente desse universo tornou a história muito mais emocionante. A história me fez sentir parte daquele lugar, criou empatia com o que estava acontecendo e com o que tinha acontecido - com as ameaças que Relltestra sofria; a possibilidade de um futuro sombrio cair sobre o mundo.
"- Quanto maior a luz, mais densa a sombra que ela produz."
Quando você se importa com os personagens e com o universo e tem tantas batalhas eletrizantes, cenas de ação bem construídas e duelos carregados em adrenalina, é meio impossível não dar uns gritos e se desesperar pelo que pode acontecer; e os melhores livros de Fantasia são construídos assim.
"Se quisermos a paz, é melhor nos prepararmos para a guerra."
Não vou negar que o final me deixou aflita; se tem uma coisa que esse livro entrega é batalha atrás de batalha e eu só queria sair gritando DEATH! (respeita a referência) pra proteger meus personagens mais queridos.
Onze Reis é definitivamente um dos melhores livros de aventura que já li. É Ficção Fantástica no ponto perfeito para os amantes desse gênero, e também aos curiosos querendo se aventurar em uma história que fala sobre coragem, amizade e honra.
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