As Boas Coisas da Vida

As Boas Coisas da Vida Rubem Braga




Resenhas - As boas coisas da vida


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Márcio 13/02/2013

Das coisas boas da vida, um destaque a Rubem Braga
O Rubem é um louco.
Viveu em guerras, cidades grandes, com pessoas frívolas e gastando muita grana. Um pintassilgo provavelmente o faria o homem mais alegre do que a internet.
Em As Boas Coisas da Vida, o caríssimo sr. Braga mostra o porquê de ser considerado o único cronista por profissão no Brasil: o livro não é bom.
Isso é o que um grande autor tem de mais espetacular! Rubem permite-se não se importar. E é exatamente o que ele pede ao leitor no livro inteiro.
Inicialmente, eu cobrei muito de Rubem Braga. Já havia lido várias de suas crônicas, principalmente nos queridíssimos Para Gostar de Ler, e ele não decepciona. Quando comecei o livro que resenho agora, fiquei assustado com crônicas sérias, históricas, chuvosas ou nubladas, de um homem duro e talvez já bastante vivido. Confesso que me esforcei para que este não fosse apenas um "livro de banheiro".
E não foi. Um maestro é sempre um maestro.
Vou dizer por que: Rubem não quer cobrança. Escreve crônicas pesadas no início para que seja perdida toda a expectativa que se tem quando ele escreve algo. Ao decepcionar-mo-nos, ele, da forma mais singela, dá um tapinha em nossa testa e diz: "leia com simplicidade, seu porqueirinha!".
Foi isso que eu fiz, Rubem, pena que não li com simplicidade as não tão boas coisas da vida, descritas miseravelmente bem no início do livro. A gente aprende que a vida é boa porque é ruim. Se assim é, eis um bom livro: As Boas Coisas da Vida.
Anthony Almeida 26/01/2021minha estante
Na primeira metade do livro, as crônicas são mesmo nubladas, mas lá do meio para o fim, quando aparecem córregos, pés de romã e laranjas para chupar, o velho Braga volta a cativar o seu fiel leitor. Vale a pena ler sim, é um livro de um cronista cansado, mas, ainda assim, um Rubem Braga.




Anthony Almeida 26/01/2021

As boas coisas do velho Braga
Este Braga que acabo de ler veio de um sebo, passou pelos olhos e marcações do antigo dono, com as orelhas das folhas dobradas em algumas crônicas, e depois pelos olhos e letras duma amiga que o leu, grifou, escreveu notas e depois me presenteou, junto de um feliz aniversário.

Se eu fizesse minha própria lista, como Braga faz na crônica que intitula a obra, ganhar livro de Rubem Braga certamente seria uma das boas coisas da vida, ainda mais desse jeito, cheio de mensagens e rastros de sua trajetória até chegar a mim.

As boas coisas da vida é um livro de 1988, e é o último organizado por Rubem antes de sua morte, em 1990. Aqui vemos, de fato, o velho Braga, na casa dos seus setenta anos, já cansado e nublado. Está diferente do seu vigor de homem cronista de trinta e muitos, quarenta e poucos, quando já se auto intitulava velho, mas topava muitas vivências que o inspiravam a cronicar.

E essas experiências foram fundamentais para sua obra, já que na crônica 'A mulher ideal', ele escreve que "fraca é a minha imaginação; não sei inventar nada, nem o enredo de um conto, nem o entrecho de uma peça; se tivesse imaginação escreveria novelas e não croniquetas de jornal..." e segue que a mulher ideal de seu exercício imaginativo, "saiu um pouco demasiado parecida com uma senhora desta praça".

Rubem exagera sobre sua falta de criatividade, pois muitos textos deste seu último livro são bem bons. Mas, ao não andar tanto pelas ruas e, naturalmente, não topar mais encarar uma guerra como correspondente, que influenciaram seus textos nos bons livros 'A borboleta amarela' e 'Crônicas da guerra na Itália', seu temário passa a ser menos interessante.

Suas narrativas são construídas principalmente sobre lembranças de infância e de amigos que ganham perfis, alguns póstumos. Comentários sobre livros folheados também são o corpo de alguns textos. Para não dizer que ele não é mais um caminhante, sua experiência entre a Praça da República e os trens urbanos, lotados de passageiros querendo ir para casa no fim do dia, rendem uma boa sequência de crônicas que mostram bem o estado de espírito do velho Braga. Ele acha melhor não reclamar do alvoroço, ainda que seja ranzinza com o calor. A solução contra a algazarra e a quentura é chupar uma laranja, já descascada, vendida por um sujeito com um carrinho.

Chupar laranja, aliás, deveria ser uma das boas coisas da vida de Rubem Braga, e apareceria em sua crônica-título, se sua lista fosse um pouco maior. E é chupando laranjas e recordando pés de fruta, córregos, riachos, cachoeiros e mares, enfim, as coisas da natureza, que ele nos deixa contentes, da maneira mais simples, com essa obra que não foi feita para contar prosa, mas para mostrar que a felicidade, coisa boa de viver, muitas vezes, é uma suave falta de assunto entre dois cochilos, de preferência numa rede.
Julia Mendes 31/07/2022minha estante
Adorei!




Sangelo.Silveira 02/04/2023

Sempre ouvi falar muito de Rubem Braga e peguei esse livro com expectativas muito altas.

Sendo considerado o mestre da crônica brasileira confesso que me decepcionei um pouco, o livro é bom algumas crônicas são bem interessantes.

Eu já li Crônica, não é meu primeiro contato com o gênero. O que me incomodou foi a forma que ele escreveu algumas crônicas, do nada no meio da história colocava outro assunto, outra história introduzia e dizia que isso era bom em outra crônica que depois contaria.

Talvez se eu não estivesse com tanta expectativa, ou pode ter sido apenas esse livro mesmo que os temas não me cativaram eu teria curtido mais. Fica a indicação para que vocês tirem suas conclusões.

Eu vou em busca de outro livro dele para ver o que acho.
comentários(0)comente



Henrique Fendrich 09/09/2019

Crônica do Braga é das boas coisas da vida
Seguramente deve-se incluir crônica de Rubem Braga entre as boas coisas da vida. Mesmo aquelas feitas na velhice, com menor vigor e mais afeitas às reminiscências. Em “As boas coisas da vida”, último livro lançado em vida do cronista, Braga se recorda de cidades, pessoas e episódios da sua vida, ao mesmo tempo em que mantém um olhar atento à seção de óbitos dos jornais. Sua melancolia continua ditando o tom, temperada por um humor requintado e especialmente sereno. Sobretudo, Braga não tem vergonha de dizer que são bonitas as coisas que efetivamente o são.

O cronista sabe que o mundo está cheio de horríveis problemas, e ele mesmo tem alguns bem chatos, mas decide não pensar neles e apenas viver um momento de felicidade na fresca manhã. E não há grandes motivos para o seu bem estar, apenas uma laranja para chupar, a lembrança de que há comida quente para comer, os amigos que reconhece ao longe conversando, a alegria de saber que os amigos vão bem e que suas mulheres esperam crianças. É com essas armas que enfrenta uma cidade francamente hostil, em que pululam mulheres feias e homens desagradáveis, como se houvessem combinado de sair às ruas em massa.

Nesta época Braga já estava desiludido politicamente e preferia dedicar a maior parte dos seus textos à natureza. É com esse amor que reconstrói o mapa de sua Cachoeiro pela árvores que havia em cada propriedade. São também os livros sobre a natureza que lhe interessam e viram motivação para suas crônicas (uma obra sobre baleias, as viagens de Amyr Klink, um manual do caçador). Mesmo quando o cronista cede à metalinguagem, é tornando à natureza que ele escapa.

Há ainda neste livro alguns textos poucos comuns à produção braguiana, como um ensaio sobre Rita Lee e algumas reconstruções históricas sem as características típicas da crônica. O puxa-puxa temático indicado por Bandeira, no entanto, continua presente e há casos em que não se identifica o eixo que conduz a variação na mesma crônica.

Mas ainda é o Braga e continua fazendo bem à vida a sua leitura.

site: http://rubem.wordpress.com
Anthony Almeida 26/01/2021minha estante
A boa manhã é uma das boas coisas da vida desse livro, né?




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