Mulheres de cinzas

Mulheres de cinzas Mia Couto




Resenhas - Mulheres de Cinzas


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Guta 22/11/2016

Resiliência das mulheres de cinza
Já li alguns livros do Mia Couto, porém este foi o mais difícil, por alguma razão demorei muito para me apegar aos personagens, tive que me obrigar a ler, quase abandonei o livro durante a leitura. Mas agora que terminei não vejo a hora de ler o Sombras da água, a continuação da trilogia.
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Selma 01/11/2022

Gostei da história, que mescla fantasia com realidade através da narrativa que vai intercalando os relatos da menina negra Imani com as missivas do sargento Germano de Melo. Uma prosa riquíssima em metáforas, mas que não me prendeu tanto quanto "Terra sonâmbula", que li e gostei muito.
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Christian.Pereira 24/03/2023

É o Mia Couto
O Mia Couto tem uma prosa poética muito linda. É o tipo de escrita e leitura que me inspira. O livro trata das diversas versões de uma história, ou da História (com H maiúsculo). É sobre a diferença de um fato e de como ele é visto e contado por sujeitos diferentes, pelos vencedores e pelos vencidos. É sobre a mulher, é sobre o homem. É sobre a agua e sobre a terra. E parafraseando Couto: é sobre como tratamos no singular coisas que deveriam ser tratadas no plural.
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DIRCE 06/02/2016

Ausências
Mulheres de Cinza, I volume da trilogia As Areias do Imperador, chegou às minhas mãos me acariciando. Um livro de Mia Couto presenteado por minha filha...Tudo de bom e mais um pouco. O encantamento, de forma alguma, para por aí: a textura da capa é deliciosa e a gravura muito sugestiva.
Proust que me desculpe, mas meu projeto de não ler livro algum antes de concluir a leitura da saga do Em busca do tempo perdido foi pelos ares.
Mia Couto confirma, mais uma vez , ser a voz da África. Nessa trilogia ele pretende contar outro lado da história do Imperador Gungunhane que liderou o Estado de Gaza, sul de Moçambique, no final do século XIX, portanto, trata-se um romance fictício com cunho histórico.
As narrativas deste I volume são feitas por meio das cartas do sargento Germano e pela narrativa da adolescente Imani, porém o Estado de Gaza e o imperador ficaram em segundo plano neste livro. Creio que a intenção do Mia, neste primeiro romance , foi mostrar os hábitos, crenças e mitos dos VaChopi , e , de como seres tão contratantes como Imani e o sargento Germano podem ter algo em comum: ambos tinham um sentimento de não pertinência naquele mundo. Imani por ter se “aportuguesado” e o sargento – um degredado – se vê diante de uma missão que lhe era totalmente alheia, ambos, Imani e o sargento, me passaram uma sensação melancólica , e, quem sabe tenha sido ela, a melancolia, a responsável pela atração mútua.
Esse romance é viagem ao passado e de como ele é construído pela visão de um escritor que sempre se utiliza da poesia, mas me pareceu que por algum motivo, não quis abusar desse recurso nesta sua narrativa, tampouco, do neologismo, entretanto, ele conseguiu com muito sucesso nos mostrar que o passado é, indubitavelmente, traçado por meio de sangue e lágrimas.
Antes de finalizar este meu comentário, preciso dizer que os livros do Mia Couto sempre me soam como um gemido doloroso, porém, neste em especial, o que fez doer em mim foi a lembrança do nosso grande amigo Arsenio que nos deixou tão precocemente. Mia Couto era um dos seus escritores preferidos, qual seria a sua opinião sobre este romance? Tive, graças a Nanci, um esclarecimento ao não meu entendimento de um fato constante no romance, mas, para a opinião do Arsenio, tudo o tenho é um enorme vazio.
Ouso dizer que este é um livro no qual as ausências se fizeram presente,entretanto, não poderia, de forma alguma, classificá-lo com menos de 5 estrelas.
Vanessa 06/02/2016minha estante
Ótimo texto!!! Parabéns!!! Fiquei bem interessada! =)


Nanci 06/02/2016minha estante
"o que fez doer em mim foi a lembrança do nosso grande amigo Arsenio que nos deixou tão precocemente." - também me entristece muito,mas a saudade é uma prova de amor.


DIRCE 07/02/2016minha estante
É, Nanci: a lista das pessoas que marcaram minha vida de forma positiva e que deixaram saudades está aumentando.Uns, esperados, mas outros...




ElisaCazorla 08/01/2016

Iniciação à Mia Couto.
Para quem nunca leu Mia Couto, esse livro seria um bom começo. Devo dizer que já li todos os outros romances do autor e não posso evitar a comparação.
Eu sou uma admiradora de Mia Couto e todos os seus livros são um presente para mim. Quando esse livro foi anunciado esperei ansiosamente. Não me decepcionei, o livro é muito bom, mas saio dele com a sensação de que faltou algo. Talvez a alternância entre cartas do homem português branco e a narrativa da menina africana negra tenha feito desse livro algo menos poético e talvez mais 'palatável' para alcançar um público maior de leitores.
A emoção desse não foi tão intensa como nos outros, mas é emocionante. A construção desse não foi tão impressionante como a dos outros, mas foi impecavelmente construído. Inclusive a alternância entre a narrativa da negra e do branco é interessante e bela. A escolha de expor os dois pontos de vista é a maior virtude deste livro. Essa decisão enriqueceu o livro e fez dele um livro mais simples sem ser simplório!
Não encontrei muitos neologismos como nos outros e, talvez, tenha sido essa decisão que deixou o livro mais fácil ou menos exigente do que os outros. Isso não é um ponto negativo, mas foi o que me deixou um pouco triste. Senti falta neste livro da força pungente que me assombrou tanto nos outros livros dele.
Talvez seja uma obra que teve que atender à certas exigências para alcançar um novo público, mais amplo talvez. Por isso acho que se o leitor está procurando conhecer este autor, este livro é um excelente início à sua obra e ao seu estilo excepcionais.
Não me decepcionei. O livro é maravilhoso. Mas, infelizmente para mim, é menos poético. Aguardo o próximo livro desta trilogia com a mesma ansiedade e com a certeza de que será um deleite.
Tiago675 22/10/2016minha estante
Fiquei mais interessado, agora! É um romance histórico!




Mary Manzolli 11/07/2021

Imersão na cultura africana
Mulheres de Cinzas é o primeiro romance histórico, da trilogia "As areias do Imperador", obra em que Mia Couto nos leva à Moçambique, durante a colonização portuguesa, para nos contar a história do império de Gaza, o segundo maior império africano liderado por um nativo, cujo último monarca foi Ngungunyane, e sua luta contra os avanços da dominação portuguesa, que lá chegando se impuseram como donos de terras habitadas desde sempre pelo povo nativo.
A história é contada através dos olhares da jovem Imani, nativa da tribo dos VaChopi, uma das poucas tribos que se opôs ao imperador, apoiando, assim, a colonização portuguesa, e do sargento português Germano de Melo, mandado ao vilarejo para lutar contra o imperador Ngungunyane.
É uma imersão na cultura, tradições e crenças de um povo e também é sobre resistência em não permitir que as histórias dos verdadeiros donos daquelas terras fossem apagadas pela invasão do homem branco, sem perder o lirismo, a poesia e a leveza.
Mia Couto mistura história, folclores e feitiçarias ao mesmo tempo em que narra todos os horrores da guerra, de modo que nos choca e nos apazígua a alma simultaneamente e nos leva à reflexão de que não obstante os corpos possam ser escravizados, o espírito sempre será livre.
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Literatania 17/10/2021

Mulheres de Cinzas. 1° das Areias do Imperador.
Sempre em suas entrevistas, Mia Couto diz que o ato de escrever é um processo de revisitação do passado. Foi assim com Camões, Saramago, Euclides da Cunha e outros grandes escritores da literatura em língua portuguesa.
Neste incrível romance, ?Mulheres de Cinzas?, primeiro livro da triologia ?As areias do Imperador? temos um retrato do infeliz período histórico da colonização de Moçambique (século XIX), os conflitos entre os portugueses colonizadores, e as etnias contra o império africano de Gungunhane.
É através da voz e do olhar da africana Imani, a narradora, cuja identidade é constantemente questionada por ter sido educada por uma missão portuguesa, que veremos uma África, que embora tente resistir, cederá lugar a uma nova identidade africana, caracterizada pela mistura de crenças, culturas, e a desmistificação dos valores tradicionais africanos . Ela sintetiza a cultura africana, os conflitos étnicos e religiosos. Imani é a metáfora da África ingênua e ao mesmo tempo guerreira, mas que se deixa seduzir pelos olhos azuis do europeu Germano, personagem este, que divide a narrativa com Imani.
A voz narrativa de Germano é o olhar do exilado em terras africanas que oscila entre o amor que sente por Imani e o preconceito, e incredulidade devido às diferenças culturais entre eles. Por meio de imagens grandiosas, o romance antecipa o declínio do império português e a vitória do africano sobre sua terra, e a permanência de sua identidade híbrida. A fabulação em linguagem poética do romance não se prende a História em si, mas deixa aberto as várias possibilidades de leitura sobre a impermanência identitária tanto dos africanos como dos portugueses em Moçambique. É simplesmente belíssimo! Vamos ao romance 2.
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Thaís Brito 04/03/2024

Primeiro contato
Conhecendo só agora a obra de Mia Couto. Gostei bastante e fiquei intrigada com a trama, mostrando os conflitos da dominação portuguesa em Moçambique. Curiosa pelos títulos que continuam essa história.
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Squad Literário 14/04/2018

Não tem como melhorar!
"À minha frente alinhavam-se os condenados: todos adolescentes, crianças. Nenhum deles tinha sido julgado, ninguém os escutara em português ou língua nativa. Os que iam morrer não tinham voz."
Não é a primeira vez que trago um livro do Mia Couto - e também está longe de ser a última. Mulheres de Cinza, publicado em 2015 pela @companhiadasletras, é o primeiro livro na trilogia As Areias do Imperador, um romance histórico que narra a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane, o último líder do Estado de Gaza - segundo maior império no continente comandado por um africano.
No entanto, Embora o contexto de Mulheres de Cinza seja o da guerra que assola Moçambique no final do século XIX, um dos temas mais recorrentes na obra é a questão de como as mulheres resistem à uma batalha não apenas com armas e soldados, mas como também sobrevivem a guerra que é ser mulher em um mundo cercado por tradições patriarcais. Para as mulheres ? não apenas da obra, mas, também, de todo o contexto que esta se insere ?, na guerra, ?[passam] a ser violadas por quem não [conhecem]?. É com essa sensibilidade que a personagem Imani, uma garota africana de 15 anos, narra a história com toda sua ingenuidade e inteligência. Intercalado à narrativa dela, somos apresentados também ao ponto de vista do sargento português Germano através de cartas que ele envia a seu conselheiro, enviado a aldeia da moça para protegê-los do avançar do imperador.
O interessante aqui é diferença desses dois mundos que se encontram, envolvem-se, descobrem-se, apaixonam-se e enfrentam inimigos em comum: a guerra e as tradições. Mas é Imani quem mais encanta na narrativa: diz-se vazia, seca como uma casca de árvore, almejando o desejo de tornar-se mulher; contudo, mal sabe ela que já o é por resistir, por enfrentar e nunca se submeter a um mundo que a ameaça, mas nunca a vence.
Embalada por uma prosa poética, sensível, Mulheres de Cinza intercala a história e o romance, os horrores e os amores (que restam) no colonialismo de Moçambique.

Ranger Preta ?
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Desireé (@UpLiterario) 21/07/2018

Poesia e beleza em meio ao caos e a destruição. (@UpLiterario)
Imani é uma jovem de 15 anos diferente de todas as demais de sua tribo. Primeiro, porque ela é a única que ainda não possui um filho, segundo porque a criação em meio aos portugueses lhe permitiu ter conhecimentos que nenhuma delas jamais sonhou em possuir. Sabendo ler e escrever em português, Imana e sua família buscam manter a aldeia a salvo do terrível destino que assola toda Moçambique. Mas ninguém será capaz de fugir do seu próprio destino.
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Mia Couto traz uma obra belíssima e um começo de trilogia sem igual. Intercalando a voz de Imani com as cartas do sargento português Germano de Melo, temos uma mistura de poesia e aspereza, beleza e brutalidade, sonhos e angústias, todos os bons elementos para uma narrativa impressionante. Entre presente e passado, conhecemos a saga da família de Imani e os motivos que levaram o sargento à África, enquanto os mistérios e a beleza da cultura e da religião local levam o leitor a se imaginar ali, em meio aos terrenos áridos e tortuosos de Moçambique.
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"Alguns de nós, humanos, temos esse mesmo destino: falecidos por dentro, e apenas mantidos pela parecença com os vivos que já fomos."
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É quase mágico vivenciar esses dois olhares e perceber como uma mesma ocasião pode ser vista e interpretada de jeitos tão distintos. Mais impressionante ainda é que mesmo sob o toque forte e intenso da cultura africana e o véu brilhante e cegante da adolescência, Imani pode ter uma percepção muito mais cética e lúcida sobre os acontecimentos presentes, do que qualquer português ou adulto por ali.
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"O pior do passado é o que ainda está por vir."
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Leitura mais do que recomendada, é obrigatória! Melhor livro do ano e uma das melhores leituras da vida.
Mas a melhor parte é que Mulheres de Cinzas é apenas começo de uma grande história.

site: www.instagram.com/upliterario
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Sabryelle Torres 09/09/2018

É uma história que traz como pano de fundo o contexto histórico-cultural da Africa no final do século XIX, dessa forma acompanhamos a luta entre portugueses e africanos pela região de Gaza. Há no decorrer do enredo a visão de dois personagens totalmente distintos como o Sargento e a protagonista Imani, é muito interessante ver como ambos colocam os mesmos fatos dentro de contextos diferentes. É um livro construído a partir de muitas metáforas, que ampliam a interpretação dos fatos, e mostram a profundidade cultural de cada um. Em alguns momentos me lembrou Iracema de José Alencar.
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Juh 02/02/2022

Perfeito
A trilogia mais poética que já li! Livros extremamente líricos e de uma beleza e sensibilidade inexplicáveis. Verter cada gole da prosa de Mia Couto, a partir da narrativa de Imani e de Germano, é uma experiência transformadora. Vale a pena cada página!

" - Os livros nunca estão escritos. Quando os lemos, escrevemo-los.
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Aquele livro podia não ser sagrado. Mas fazia as pessoas sagradas." (Sombras da água).
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Babele 29/12/2015

Breve comentário
"(...) Vou lá dentro buscar a bíblia...
Correu transloucadamente para o quarto quase pisando a galinha, e ainda escutei o surdo ruído do seu corpo desabando no chão. O sargento tinha tropeçado numa cabra que vagueava dentro de casa (...) Foi então que percebeu que, da boca do caprino, emergia uma pasta esbranquiçada. Á força, Germano abriu as maxilas do ruminante para depois exibir, na concha das mãos, os restos amassados de um livro.
- É a bíblia - lamentou ele. - A puta da cabra comeu a bíblia (...)"
Sem palavras para descrever tamanha beleza, que Mia pintou este livro... Essa foi uma das poucas (ou talvez a única) parte que me fez rir, pois o restante ora me fizera transbordar em lágrimas, ora em surpresas e o tempo todo em infinito encanto. Quantas lições podem ser retiradas desse livro, precisei me conter para não marcar as páginas por inteira, com meu marca texto.. Espero que os próximos volumes não se demorem, não vejo a hora de devora-los!
"Acho que nunca mais me chegará o sono"
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Juno 29/09/2020

Ótimo livro, recomendo. Mia couto sempre escrevendo coisas maravilhosas.
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